CONCEPÇÕES DISCENTES SOBRE IMUNOLOGIA E SISTEMA IMUNE HUMANO
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2016v21n3p1Palavras-chave:
Ensino de Imunologia, Concepções de alunos, Homeostase.Resumo
As concepções dos educandos acerca de um tema, sob a perspectiva cognitivista de aprendizagem, exercem influência sobre os processos de construção do conhecimento realizados pelo aprendiz. Assim, o conhecimento e a reflexão sobre as concepções discentes são pontos importantes para a condução dos processos de ensino e de aprendizagem. Portanto, com base nesses pressupostos, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise das concepções dos alunos acerca do tema Imunologia e do tópico sistema imune humano (SIH) e suas relações com o ensino e a aprendizagem do tema no contexto de um curso técnico de nível médio de Enfermagem. Para tanto, realizamos uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados por meio de atividades diagnósticas, entrevistas, observações e gravações de áudio. As análises dos dados foram realizadas com base no método interpretativo hermenêutico, em consonância com a abordagem qualitativa. Mediante as análises foi verificada a atribuição majoritária de ações bélicas ao SIH, como ataque e defesa destinados à proteção do organismo contra a invasão de patógenos e/ou corpos estranhos. Foi identificada a crença de que os microrganismos são inimigos e precisam ser vencidos por linfócitos, anticorpos e fagócitos. A presença da metáfora bélica nas respostas e nas falas dos alunos foi relacionada à compreensão dos fenômenos imunológicos ligados exclusivamente à manutenção da saúde como condição de isenção de corpos estranhos no organismo humano. Foi verificado um limitado conhecimento da fisiologia do sistema imunológico na dinâmica de interações do organismo consigo mesmo e com componentes do ambiente em que este se encontra inserido. Apenas um dos 71 alunos participantes da pesquisa mencionou, indiretamente, a relação do SIH com o conceito homeostase, ou seja, como um sistema que atua na manutenção da estrutura (conservação da organização) do organismo por meio do equilíbrio metabólico dinâmico. Com base nos resultados da investigação, sugerimos a necessidade da valorização do ensino de Imunologia com abordagem biológica, sistêmica, homeostática e não metafórica. Justificamos esta indicação em razão da relevância desse conhecimento para compreensão da saúde e das relações estabelecidas entre o organismo e o ambiente, além da compreensão global do organismo e do conjunto de interações internas e externas que atuam na manutenção da vida. Ademais, ressaltamos a sua importância para a tomada de decisão adequada à manutenção da saúde e do bem-estar físico, social e mental. Por fim, preconizamos a necessidade de realização de um ensino que considere as concepções dos educandos e a influência dessas no processo de aprendizagem.Referências
Abbas, A. K., Litchtman, A. H., & Pillai, S. (2011). Imunologia Celular e Molecular. Rio de Janeiro: Revinter.
Andrade, B. L., Zylbersztajn, A., & Ferrari, N. (2002). As Analogias e metáforas no ensino de Ciências à luz da epistemologia de Gaston Bachelard. Ensaio, 2(2), 1-11.
Andrade, V. A., Araújo-Jorge, T. C., & Coutinho-Silva, R. (2014). O sistema imune no organismo humano segundo os livros didáticos da Educação Básica Brasileira. LAJSE, 1, 2, 22026-1 - 22026-14.
Audesirk, T., Audesirk, G., & Byers, B. E. (2003). Biología 2 – Anatomía y fisiología. México: Pearson Educacíon.
Ausubel, D. P., Novak, J. D., & Hanesian, H. (1980). Educational Psychology: a Cognitive View. New York: Holt, Rinehart and Winston.
Ausubel, D. P. (2003). Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva. Lisboa: Plátano Edições Técnicas.
Bateson, G. (1987). Steps to an Ecology of Mind. London: Jason Aronson Inc.
Brasil, Secretaria de Educação Básica. (2006). Orientações curriculares para o ensino Médio – Volume 2: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC.
Brasil, Ministério da Educação. (2008a). Educação profissional e tecnológica: legislação básica – Técnico de nível Médio. Brasília: MEC/ SETEC.
Brasil, SEMETC - Secretaria de Educação Média e Tecnológica. (2008b). PCN + Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC.
Botelho, J. F. Epigênese. (2011). Vaz, N. M., Mpodozis, J. Botelho J. F., & Ramos, G. Onde está o organismo? (pp. 61-84). Florianópolis: Editora UFSC.
Canto, F. B., & Barreto, C. M. B. (2006). O teatro de bonecos como estratégia didática para o ensino do sistema imunológico. In X Encontro “Perspectivas do ensino de Biologia”; 1º Encontro Regional de ensino de Biologia (MT/MS/SP). Caderno de programa e resumos. São Paulo: FE/UNICAMP.
Capra, F., & Luisi, P. L. (2014). A visão sistêmica da vida. São Paulo: Cultrix.
Chassot, A. (2006). Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí: Editora UNIJUÍ.
Coico, R., & Sunshine, G. (2010). Imunologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Curtis, H., & Barnes, N. S. (2015). Biología. España: Editorial Médica Panamericana.
Daniel-Ribeiro, C. T., & Martins, Y. C. (2009). Uma (não tão) breve história da imunologia cognitiva: mecanismos de geração e manutenção da diversidade do repertório imune. Neurociências, 5, 189-211.
Dias, G., Franceschini, S. C. C., Reis, J. R., Reis, R. S., Siqueira-Batista, R., & Cotta, R. M. M. (2007). A vida nos olhos, o coração nas mãos: concepções e representações femininas do processo saúde – doença. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 14(3), 779-800.
Driver, R., Asoko, H., Leach, J., Mortimer, E., & Scott, P. (1999). Construindo conhecimento científico em sala de aula. Química Nova da Escola, 9, 31-40.
Ferraz, D. F., & Terrazan, E. A. (2003). Uso espontâneo de analogias por professores de biologia e o uso sistematizado de analogias: Que relação?. Ciência e Educação, 9, 213-227.
Forte, W. C. N. (2011). Imunologia do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed.
Gerhard, A. C., & Rocha Filho, J. B. (2012). A fragmentação dos saberes na educação científica escolar na percepção de professores de uma escola de Ensino Médio. Investigações em Ensino de Ciências, 17(1), 125-145.
Krasilchik, M. (2012). Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
Levinson, W. (2010). Microbiologia médica e imunologia. Porto Alegre: Artmed.
Malafaia, G., Bárbara, V. F., & Rodrigues, A. S. L. (2010). Análise das concepções e opiniões de discentes sobre o ensino da Biologia. Revista Eletrônica de Educação, 4(2),165-182.
Martins, I., Gouvêa, G., & Vilanova, R. (2012). O livro didático de Ciências: contextos de exigência, critérios de seleção, práticas de leitura e uso em sala de aula. Rio de Janeiro: [s.n].
Maturana, H., & Varela, F. (1980). Autopoiesis and cognition: the realization of the living. Dordrecht: Reidel.
Mayr, E. (1998). O Desenvolvimento do Pensamento Biológico: diversidade, evolução e herança. Brasília: UnB.
Moreira, H., & Caleffe, L. G. (2006). Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador. Rio de Janeiro: DP&A.
Moreira, M. A. (2011). Aprendizagem Significativa: a teoria e textos complementares. São Paulo: Editora Livraria da Física.
Mpodozis, J. (2011a). A equação fundamental da Biologia. In Vaz, N. M., Mpodozis, J. Botelho J. F., & Ramos, G. Onde está o organismo? (pp. 25-44). Florianópolis: Editora UFSC.
Mpodozis, J. (2011). Ontogênese. In Vaz, N. M., Mpodozis, J. Botelho J. F., & Ramos, G. Onde está o organismo? (pp. 45-60). Florianópolis: Editora UFSC.
Murphy, K., Travers, P., & Walport, M. (2010). Imunologia de Janeway. Porto Alegre: Artmed.
Novak, J. D. (1970). The improvement of Biology Teaching. New York: The Bobbs-Merrill Company.
Novak, J.D., & Gowin, D. B. (1984). Aprender a aprender. Lisboa: Plátano Edições Técnicas.
Odum, E. P. (1988). Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Parham, P. (2001). O Sistema Imune. Porto Alegre: Artmed Editora.
Parslow, T. G., Stites, D. P., Terr, A. I., & Imboden, J. B. (2004). Imunologia médica. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan.
Ramos, G. C. (2011a). As perguntas antes das respostas. In Vaz, N. M., Mpodozis, J. Botelho J. F., & Ramos, G. Onde está o organismo? (pp. 17-22). Florianópolis: Editora UFSC.
Ramos, G. C. (2011b). Inflamação como um fenômeno do desenvolvimento animal. In Vaz, N. M., Mpodozis, J. Botelho J. F., & Ramos, G. Onde está o organismo? (pp. 125-142). Florianópolis: Editora UFSC.
Ramos, G. C. (2011c). O nó górdio entre a Biologia e a Imunologia. In Vaz, N. M., Mpodozis, J. Botelho J. F., & Ramos, G. Onde está o organismo? (pp. 107-124). Florianópolis: Editora UFSC.
Rose, F., & Geha, R. (2002). Estudos de casos em Imunologia. Porto Alegre: Artmed.
Siqueira-Batista, R., Gomes, A. P., Albuquerque, V. S., Madalon-Fraga, R. Aleksandrowicz, A. M. C., & Geller, M. (2009). Ensino de imunologia na educação médica: lições de Akira Kurosawa. Rev. Bras. Educ. Med., 33, 186-190.
Siqueira-Batista, R., & Gomes, A. P. (2010). Antimicrobianos: guia prático 2010-2011. Rio de Janeiro: Editora Rubio.
Souza, F. H. T., Souza, E. L. Falcão, G. M. Medeiros, L. N. Hirsch-Monteiro, C., & Mascarenhas, S. R. (2007). Impactando as aulas de imunologia: apresentando o sistema imunológico com aulas práticas. In Anais do X Encontro de iniciação à docência - UFPB-PRG. Recuperado de http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/iniciacao/documentos/anais/4.EDUCACAO/4CCSDFPMT01.pdf
Vaz, N. M. (1999). O ensino e a saúde: um olhar biológico. Cad. Saúde Pública, 15(2),169-176.
Vaz, N. M.(2008). Imunologia: uma harmonia de ilusões. Neurociências, 4, 196-204.
Vaz, N. M. (2011a). Uma breve história da Imunologia.. In Vaz, N. M., Mpodozis, J. Botelho J. F., & Ramos, G. Onde está o organismo? (pp. 143-160). Florianópolis: Editora UFSC.
Vaz, N. M. (2011b). História nos linfócitos - Uma fisiologia conservadora para o sistema imunológico. In Vaz, N. M., Mpodozis, J. Botelho J. F., & Ramos, G. Onde está o organismo? (pp. 161-179). Florianópolis: Editora UFSC.
Vaz, N. M. (2011c). Imunopatologia por desconexão.. In Vaz, N. M., Mpodozis, J. Botelho J. F., & Ramos, G. (2011). Onde está o organismo? (pp. 181-193). Florianópolis: Editora UFSC.
Vaz, N. M., & Carvalho, C. R. (2009). Imunologia, intencionalidade e acaso. Informática na Educação: teoria & prática, 12, 195-200.
Vaz, N. M., & Faria, A. M. F. (1998). Guia incompleto de Imunobiologia. Belo Horizonte: Coopmed Editora.
Vaz, N. M., Mpodozis, J., Botelho J. F., & Ramos, G. (2011). Onde está o organismo?. Florianópolis: Editora UFSC.
Vaz, N. M., & Pordeus, V. (2005). Visiting Immunology. Arq. Bras. Cardiol., 85, 350-361.
WHO. (2016). World Health Organization definition of health. Recuperado de http://www.who.int/about/definition/en/print.html
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A IENCI é uma revista de acesso aberto (Open Access), sem que haja a necessidade de pagamentos de taxas, seja para submissão ou processamento dos artigos. A revista adota a definição da Budapest Open Access Initiative (BOAI), ou seja, os usuários possuem o direito de ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, buscar e fazer links diretos para os textos completos dos artigos nela publicados.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do trabalho e, ao enviar o artigo para a revista, está garantindo que tem a permissão de todos para fazê-lo. Da mesma forma, assegura que o artigo não viola direitos autorais e que não há plágio no trabalho. A revista não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.
Todos os artigos são publicados com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Os autores mantém os direitos autorais sobre suas produções, devendo ser contatados diretamente se houver interesse em uso comercial dos trabalhos.