CONCEPÇÕES EQUIVOCADAS SOBRE EVOLUÇÃO BIOLÓGICA: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE GRADUANDOS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E PÓS-GRADUANDOS

Autores

  • Leonardo Augusto Luvison Araújo Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação. Avenida da Universidade Butantã 05508040 - São Paulo, SP - Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2020v25n2p332

Palavras-chave:

Ensino de evolução, Evolução biológica, Concepções equivocadas, Ensino superior

Resumo

Os desafios ao ensino de evolução são amplamente discutidos na literatura acadêmica. Quatro décadas de pesquisa revelaram uma prevalência surpreendentemente alta de concepções equivocadas sobre evolução em estudantes de diferentes níveis de ensino. Considerando a relevância deste tema, este trabalho pretende comparar a presença de concepções equivocadas sobre evolução entre estudantes brasileiros de ciências biológicas no início da graduação, avançados no curso e na pós-graduação. Um questionário de pesquisa com afirmações que expressam concepções equivocadas sobre evolução foi desenvolvido e validado, sendo aplicado em duas edições de um curso de extensão frequentado por alunos da área biológica de diferentes Universidades públicas e privadas. Obteve-se 46 respostas de graduandos em ciências biológicas no início do curso, 42 respostas de estudantes avançados na graduação e 34 respostas de pós-graduandos, totalizando 122 questionários preenchidos. A análise comparativa indicou uma redução média nas concepções equivocadas de acordo com o avanço na formação acadêmica dos estudantes. Diferenças significativas entre os graduandos de ciências biológicas e pós-graduandos foram encontradas em alguns itens, com os estudantes de pós-graduação apresentando uma frequência menor de concepções equivocadas sobre seleção natural e adaptação. No entanto, mesmo nestas questões, ainda há uma alta porcentagem de concordância em todos os grupos. Em conjunto, os dados analisados indicam a necessidade de uma atenção especial às concepções equivocadas relacionadas com seleção natural, adaptação e leitura de filogenias na formação de professores, biólogos e mesmo de pós-graduandos da área biológica.

Biografia do Autor

Leonardo Augusto Luvison Araújo, Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação. Avenida da Universidade Butantã 05508040 - São Paulo, SP - Brasil

Pesquisador de pós-doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

Referências

Alters, B. J., & Nelson, C. E. (2002). Teaching evolution in higher education. Evolution, 56(10), 1891-1901. https://doi.org/10.1111/j.0014-3820.2002.tb00115.x

Amorim, D. S. (2002). Fundamentos de Sistemática Filogenética. Ribeirão Preto, SP: Holos.

Balbinotti, M. A. (2005). Para se avaliar o que se espera: reflexões acerca da validade dos testes psicológicos. Aletheia, 21, 43-52.

Baum, D. A., Smith, S. D., & Donovan, S. S. (2005). The tree-thinking challenge. Science, 310(5750), 979-980. https://doi.org/10.1126/science.1117727

Bishop, B. A., & Anderson, C. W. (1990). Student conceptions of natural selection and its role in evolution. Journal of research in science teaching, 27(5), 415-427. https://doi.org/10.1002/tea.3660270503

Buckberry, S., & Silva, K. B. (2012). Evolution: improving the understanding of undergraduate biology students with an active pedagogical approach. Evolution: Education and Outreach, 5(2), 266-273. https://doi.org/10.1007/s12052-012-0416-z

Caponi, G. (2005). O darwinismo e seu outro, a teoria transformacional da evolução. Scientiae Studia, 3(2), 233-242. https://doi.org/10.1590/S1678-31662005000200004

Clough, E., & Wood-Robinson, C. (1985). How secondary students interpret instances of biological adaptation. Journal of Biological Education, 19(2), 125-130.

Freeman, S., & Herron, J. C. (2009). Análise evolutiva. Porto Alegre, RS: Artmed.

Futuyma, D. J. (1992). Biologia evolutiva. (2a ed.). Ribeirão Preto, SP: SBG.

Gil-Pérez, D., Montoro, I. F., Alís, J. C., Cachapuz, A., & Praia, J. (2001). Para uma imagem não deformada do trabalho científico. Ciência & Educação (Bauru), 7(2), 125-153. Recuperada de https://www.scielo.br/pdf/ciedu/v7n2/01.pdf

Godfrey-Smith, P. (2001). Three kinds of adaptationism. In S. H. Orzack, & E. Sober (Eds.), Adaptationism and Optimality (pp. 335-357). Cambridge University Press.

Gregory, T. R. (2008). Understanding evolutionary trees. Evolution: Education and Outreach, 1(2), 121-137. https://doi.org/10.1007/s12052-008-0035-x

Gregory, T. R. (2009). Understanding natural selection: essential concepts and common misconceptions. Evolution: Education and outreach, 2(2), 156-175. https://doi.org/10.1007/s12052-009-0128-1

Gregory, T. R., & Ellis, C. A. (2009). Conceptions of evolution among science graduate students. BioScience, 59(9), 792-799. https://doi.org/10.1525/bio.2009.59.9.10

Hernández-Nieto, R. A. (2002). Contributions to Statistical Analysis. Mérida, Venezuela: Universidad de Los Andes.

Mayr, E. (2004). What makes biology unique? Considerations on the autonomy of a scientific discipline. Cambridge University Press.

Meir, E., Perry, J., Herron, J. C., & Kingsolver, J. (2007). College students' misconceptions about evolutionary trees. The American Biology Teacher, 69(7), 71-76. https://doi.org/10.1662/0002-7685(2007)69[71:CSMAET]2.0.CO;2

Nehm, R. H., & Schonfeld, I. S. (2008). Measuring knowledge of natural selection: A comparison of the CINS, an open?response instrument, and an oral interview. Journal of Research in Science Teaching, 45(10), 1131-1160. https://doi.org/10.1002/tea.20251

Nunnally, J. (1978). Psychometric methods. New York, United States of America: McGraw Hill.

Oleques, L. C., Bartholomei, M. L. S., & Boer, N. (2011). Evolução biológica: percepções de professores de biologia. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, 10(2), 243-263. Recuperada de http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen10/ART2_VOL10_N2.pdf

Oliveira, G., & Bizzo, N. (2015). Evolução biológica e os estudantes brasileiros: conhecimento e aceitação. Investigações em Ensino de Ciências, 20(2), 161-185. http://dx.doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2016v20n2p161

Paesi, R. A. (2018). Evolução humana nos livros didáticos de Biologia: o antropocentrismo em questão. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, 17(1), 143-166. Recuperada de http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen17/REEC_17_1_7_ex1176.pdf

Pazza, R., Penteado, P. R., & Kavalco, K. F. (2010). Misconceptions about evolution in Brazilian freshmen students. Evolution: Education and Outreach, 3(1), 107-113. https://doi.org/10.1007/s12052-009-0187-3

Rubio, D. M., Berg-Weger, M., Tebb, S. S., Lee, E. S., & Rauch, S. (2003). Objectifying content validity: Conducting a content validity study in social work research. Social work research, 27(2), 94-104. https://doi.org/10.1093/swr/27.2.94

Shanahan, T. (2000). Evolutionary progress? BioScience, 50(5), 451-459. https://doi.org/10.1641/0006-3568(2000)050[0451:EP]2.0.CO;2

Sinatra, G. M., Brem, S. K., & Evans, E. M. (2008). Changing minds? Implications of conceptual change for teaching and learning about biological evolution. Evolution: Education and outreach, 1(2), 189-195. https://doi.org/10.1007/s12052-008-0037-8

Stearns, S. C. (1989). Trade-offs in life-history evolution. Functional ecology, 3(3), 259-268. Recuperada de https://www.jstor.org/stable/2389364

Tidon, R., & Lewontin, R. C. (2004). Teaching evolutionary biology. Genetics and molecular biology, 27(1), 124-131. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-47572004000100021

Ziadie, M. A., & Andrews, T. C. (2018). Moving evolution education forward: a systematic analysis of literature to identify gaps in collective knowledge for teaching. CBE—Life Sciences Education, 17(1), ar11. https://doi.org/10.1187/cbe.17-08-0190

Downloads

Publicado

2020-08-31

Como Citar

Araújo, L. A. L. (2020). CONCEPÇÕES EQUIVOCADAS SOBRE EVOLUÇÃO BIOLÓGICA: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE GRADUANDOS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E PÓS-GRADUANDOS. Investigações Em Ensino De Ciências, 25(2), 332–346. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2020v25n2p332

Edição

Seção

Artigos