MANIFESTAÇÕES DE PENSAMENTO METACOGNITIVO EM ESTUDANTES DE ENGENHARIA: ANÁLISE DE UMA INTERVENÇÃO DIDÁTICA NO ENSINO DE FÍSICA
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2021v26n3p69Palavras-chave:
Metacognição, Ensino de física, Atividades experimentais, Recursos tecnológicos, EngenhariaResumo
Na atualidade, a educação enfrenta o desafio de ensinar os estudantes a buscar o conhecimento, desenvolvendo mecanismos que favoreçam a aprendizagem e a autonomia do estudante. Nesse sentido, entende-se que estratégias didáticas que promovam o pensamento metacognitivo podem promover melhorias nos processos de ensino e aprendizagem. O objetivo deste trabalho é analisar como um roteiro guia de atividades propiciou momentos de manifestações de pensamento metacognitivo destes estudantes de engenharia. Para isso, foi desenvolvida uma proposta didática em sala de aula, onde em grupos, os estudantes trabalharam para solucionar as situações problemas apresentadas no roteiro guia, utilizando recursos experimentais e tecnológicos. Para a coleta de dados, foi realizado registro de áudio e em diário de campo pelas pesquisadoras, além do questionário metacognitivo aplicado ao final da atividade. A análise dos dados, embasada no referencial teórico utilizado para elaboração da intervenção pedagógica, foi realizada observando-se as seguintes ações: a condução da atividade, o que incluiu a forma como a atividade foi apresentada (roteiro-guia), a organização dos grupos, a disponibilidade dos recursos, e as ações dos estudantes diante da atividade. Nos resultados pode-se observar que a atividade em grupo propiciou trocas que contribuíram para o pensamento metacognitivo; os materiais disponibilizados permitiram observação e construção por parte dos estudantes acerca dos conceitos explorados; os estímulos apresentados ao longo da atividade pela professora auxiliaram na construção e avaliação das estratégias utilizadas pelos grupos. Ao final da atividade, os estudantes demonstraram identificar quais foram aspectos que facilitaram ou dificultaram o processo de aprendizagem, sendo esses indicativos de tomada de consciência metacognitiva. Ressalta-se que ainda existem poucos estudos que observam propostas didáticas, sendo um importante campo de estudo.Referências
Borges, G. L. A. (2012). Conteúdos para o ensino de Ciências e Saúde: critérios para seleção e ordenação. São Paulo, SP: Acervo Digital da UNESP.
Campione, J. C., Brown, A. L., & Connell, M. L. (1988). Metacognition: On the Importance of Understanding what you are doing. In I. R. Charles, & E. A. Silver. The Teaching and Assessing of Mathematical Problem Solving: The Research Agenda for Mathematics Education. (pp. 94-113). Abingdon, UK: Routledge.
Carvalho, A. M. P. (2010). As práticas experimentais no ensino de Física. In A. M. P. Carvalho, E. C. Ricardo, L. H. Sasseron, L. V. S. Abib, & M. Pietrocola (Coord.). Ensino de Física. (53-78). São Paulo, SP: Cengage Learning.
Chi, M. T., Bassok, M., Lewis, M. W., Reiman, P, & Glasser, R. (1989). Self-explanations: How students study and use examples in learning to solve prob-lems. Cognitive science, 13(2), 145-182. https://doi.org/10.1207/s15516709cog1302_1
Corrêa, A. L. (2015). O Ensino de Ciências e as Tecnologias Digitais: Competências para a Mediação Pedagógica. (Tese de doutorado). Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru, SP. Recuperado de https://repositorio.unesp.br/handle/11449/132734
Corso, H. V., Sperb, T. M., Jou, G. I. & Salles, J. F. (2013). Metacognição e funções executivas: relações entre os conceitos e implicações para a aprendizagem. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 29(1), 21-29. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/ptp/v29n1/04.pdf
Edmundo, E. S. G. (2013). A contextualização no ensino e aprendizagem: expandindo perspectivas em contextos de formação de docentes. In Anais do XI Congresso Nacional de Educação - EDUCERE, Curitiba, PR, Brasil. Recuperado de https://educere.bruc.com.br/CD2013/pdf/10267_6237.pdf
Fazenda, I. C. A. (2015). As diversas abordagens e os tipos de pesquisa. In I. C. A. Fazenda (Org.). Interdisciplinaridade na pesquisa científica. Campinas, SP: Papirus.
Flavell, J. F. (1976). Aspectos metacognitivos da resolução de problemas. In L.B. Resnick (Ed.). Perspectivas sobre o desenvolvimento da memória e da cognição. Hillsdale, N.J.: Lawrence Erlbaum Associates. 231-235
Flavell, J. H. (1971). Comentários do primeiro mediador: O desenvolvimento da memória é o desenvolvimento de quê? Human Develop, 14, 272-278.
Gibin, G. B. & Filho, M. P. S. (2016). A experimentação no ensino de ciências e características das atividades investigativas. In G. B. Gibin, & M. P. S. Filho, (Orgs.). Atividades experimentais investigativas em física e química: uma abordagem para o ensino médio. (17-37). São Paulo, SP: Editora Livraria da Física.
Gray, D. E. (2012). Pesquisa no mundo real. Porto Alegre, RS: Penso.
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. (1996, 23 de dezembro). Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, Diário Oficial de União. Brasília, DF: Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
Leite, L. S., Pocho, C. L., Aguiar, M. M., & Sampaio, M. N. (2011). Tecnologia Educacional: descubra suas possibilidades em sala de aula. Petrópolis, RJ: Editora Vozes.
Massoni, N. T. (2014). Ensino de laboratório em uma disciplina de Física Básica voltada para cursos de Engenharias: análises e perspectivas. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 31(2), 258-288. http://dx.doi.org/10.5007/2175-7941.2014v31n2p258
Medeiros, A. & Medeiros, C. F. (2002). Possibilidades e limitações das simulações computacionais no Ensino da Física. Revista Brasileira de Ensino de Física, 24(2), 77-86. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/rbef/v24n2/a02v24n2.pdf
Neide, I. G. & Quartieri, M. T. (2016). Recursos tecnológicos nos processos de ensino e de aprendizagem da Matemática e da Física. In M. M. Dullius & M. T. Quartieri, (Orgs.). Aproximando a Matemática e a Física por meio de recursos tecnológicos: Ensino Médio. (9-14). Lajeado, RS: Editora da Univates.
Parisoto, M. F. (2015). Ensino de termodinâmica a partir de situações da engenharia: integrando as metodologias de projetos e as unidades de ensino potencialmente significativas. (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.
Passos, F. G., Duarte, F. R., Sousa, G. M. C., Telles, R. S. & Santos, V. M. L. (2007). Diagnóstico sobre a reprovação nas disciplinas básicas dos cursos de Engenharia da Univasf. In Anais do XXXV Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia - COBENGE, Curitiba, PR. Recuperado de http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/12/artigos/298-Fabiana%20dos%20Passos.pdf.
Quibao, M. P., Silva, A. C., Almeida, N. S., Silva, R. M. A., Muniz, S. R., & Paiva, F. F. (2019). Investigando a compreensão conceitual em física de alunos de graduação em cursos de ciências, engenharias e matemática. Revista Brasileira de Ensino de Física, 41(2). https://doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2018-0258
Rauber, A. G., Quartieri, M. T., & Dullius, M. M. (2017). Contribuições das atividades experimentais para o despertar científico de alunos do ensino médio. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Tecnologia, 10(1). https://dx.doi.org/10.3895/rbect.v10n1.5717
Resolução n. 2, de 24 de Abril de 2019. (2019) Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia, Diário Oficial da União. Brasília, DF: Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Recuperado de https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolu%C3%87%C3%83o-n%C2%BA-2-de-24-de-abril-de-2019-85344528
Ricardo, E. C. (2010) Problematização e contextualização no ensino de Física. In A. M. P. Carvalho, E. C. Ricardo, L. H. Sasseron, M. L. V. S. Abib, & M. Pietrocola. (Coord). Ensino de Física. (29-52). São Paulo, SP: Cengage Learning.
Rivera, E. M. C., Puente, S. M. & Calderón, L. A. R. (2020). Diseño y aplicación de estrategias metacognitivas para mejorar la comprensión lectora en estudiantes de secundaria. Ciencias Sociales y Educación, 9(17), 203-231. https://doi.org/10.22395/csye.v9n17a10
Rodrigues, R. (2019). A Formação Profissional e o Ensino das Ciências na Área da Engenharia. Debates em Educação, 11(23). http://dx.doi.org/10.28998/2175-6600.2019v11n23p75-93
Rosa, C. T. W. (2011). A Metacognição e as Atividades Experimentais no Ensino de Física. (Tese de doutorado). Programa de Pós-graduação em Educação Científica e Tecnológica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC.
Rosa, C. T. W. & Alves Filho, J. P. (2014). Estudo da viabilidade de uma proposta didática metacognitiva para atividades experimentais em física. Ciência & Educação, 20(1), 61-81. https://doi.org/10.1590/1516-731320140010005
Rosa, C. T. W., Darroz, L. M., & Rosa, A. B. (2014). A ação didática como ativadora do pensamento Metacognitivo: a análise de um episódio fictício no ensino de física. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, 7(1), 3-22. Recuperado de https://periodicos.ufsc.br/index.php/alexandria/article/view/38174
Rosa, C. T. W., Gatzke, N. N., Passos, M. M., & Arruda, S. M. (2020). Metacognição e seus 50 anos: uma breve história da evolução do conceito. Revista Educar Mais, 4(3). https://doi.org/10.15536/reducarmais.4.2020.2063
Rosa, C. T. W. & Ghiggi, C. M. (2018). Resolução de problemas em física envolvendo estratégias metacognitivas: análise de propostas didáticas. Investigações em Ensino de Ciências, 23(3), 30-59. http://dx.doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2018v23n3p31
Rosa, C. T. W., Ribeiro, C. A. G., & Rosa, A. B. (2018). Habilidades metacognitivas envolvidas na resolução de problemas em Física: Investigando estudantes com expertise. Amazônia: Revista de Educação em Ciências e Matemática, 14(29), 143-160. http://dx.doi.org/10.18542/amazrecm.v14i29.5372
Rosa, A. B. & Rosa, C. T. W. (2018). Visão de Ciência presente nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Engenharia. Ensino & Pesquisa, 16, 74-88. Recuperado de: http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/ensinoepesquisa/article/view/1226
Rosa, C. T. W. & Villagrá, J. A. M. (2018). Metacognição e Ensino de Física: revisão de pesquisas associadas a intervenções didáticas. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 18(2), 581-608. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2018182581
Sasseron, L. H. (2010). Alfabetização científica e documentos oficiais brasileiros: um diálogo na estruturação do ensino da Física. In A. M. P. Carvalho, E. C. Ricardo, L. H. Sasseron, M. L. V. S. Abib, & M. Pietrocola. (Coord.). Ensino de Física. (1-28). São Paulo, SP: Cengage Learning.
Vidal, L. A. & Cunha, C. R. (2019). A reprovação nas disciplinas de Física da Engenharia causada pela ausência de bases Matemáticas nos Ensinos Fundamental e Médio. Experiências em Ensino de Ciências, 14(1). Recuperado de http://if.ufmt.br/eenci/artigos/Artigo_ID593/v14_n1_a2019.pdf.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A IENCI é uma revista de acesso aberto (Open Access), sem que haja a necessidade de pagamentos de taxas, seja para submissão ou processamento dos artigos. A revista adota a definição da Budapest Open Access Initiative (BOAI), ou seja, os usuários possuem o direito de ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, buscar e fazer links diretos para os textos completos dos artigos nela publicados.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do trabalho e, ao enviar o artigo para a revista, está garantindo que tem a permissão de todos para fazê-lo. Da mesma forma, assegura que o artigo não viola direitos autorais e que não há plágio no trabalho. A revista não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.
Todos os artigos são publicados com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Os autores mantém os direitos autorais sobre suas produções, devendo ser contatados diretamente se houver interesse em uso comercial dos trabalhos.
