EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E ESPAÇOS CIENTÍFICO-CULTURAIS BRASILEIROS: UMA VISÃO MATERIALISTA HISTÓRICO-DIALÉTICA
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2024v29n1p01Palabras clave:
Educação não formal, Espaços extraescolares, Estudos do meio, Museus de ciências, Materialismo histórico-dialéticoResumen
Neste trabalho trazemos e discutimos subsídios histórico-culturais do processo de construção da educação não formal no mundo e no Brasil, tendo como ontométodo o materialismo histórico-dialético e objetivando uma compreensão mais aprofundada desses fenômeno social. Nosso percurso analítico começa a partir do contexto mais amplo possível, o ocidental, identificando os principais fatores que corroboraram para o surgimento da educação não formal, tais como: crise educacional, reconstrução das nações no pós-guerra e Guerra Fria. A partir desse pano de fundo, afunilamos a análise, avançando para as conjunturas latino-americana e brasileira, reconhecendo movimentos de aparelhamento da educação não formal por parte das classes opressoras e, igualmente, movimentos de resistência por parte dos oprimidos, revelando o caráter contraditório e dialético dessa atividade humana. Por fim, traçamos um panorama geral da distribuição e acesso dos espaços culturais e científico-culturais no Brasil, buscando compreender como a história e as contradições do processo de constituição da educação não formal brasileira se materializam atualmente, revelando a distribuição e acesso desiguais desses equipamentos culturais, ficando concentrados nos estados do Sudeste e mais visitados pela população mais rica e escolarizada.Citas
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