UMA ANÁLISE DAS INTERAÇÕES DISCURSIVAS EM UMA AULA INVESTIGATIVA DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE MEDIDAS PROTETIVAS CONTRA A EXPOSIÇÃO AO SOL

Autores

  • Leandro da Silva Barcellos Universidade Federal do Espírito Santo
  • Geide Rosa Coelho Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2019v24n1p179

Palavras-chave:

Ensino de ciências nos anos iniciais, Ensino por investigação, Interação Radiação-corpo humano, Conteúdos conceitual, procedimental e atitudinal, Interações discursivas

Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo analisar, por meio das interações discursivas em uma sala de aula de ciências do quinto ano do ensino fundamental, o processo de construção conjunta de conhecimentos relativos à interação entre a radiação ultravioleta-corpo humano e os diferentes produtos de proteção. Além disso, busca refletir sobre elementos da prática científica, especificamente atitudes e procedimentos, que podem ser potencializadas em aulas fundamentadas no ensino por investigação. O tema interação radiação-corpo humano possui caráter transversal e sociocientífico, estando em concordância com os pressupostos da abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade. A pesquisa de cunho qualitativo se desenvolveu a partir de uma intervenção realizada em uma escola da rede municipal de Vitória no Espírito Santo. Para a produção de dados, foi utilizado a videogravação de uma aula intitulada “A Luz Negra” que tinha como atividade central uma demonstração investigativa. A análise das interações discursivas nessa aula foi estabelecida por meio da interlocução com autores do campo da educação em ciências ancorados na matriz sociocultural. Os resultados sugerem que a mediação estabelecida na aula “A Luz Negra” promoveu um ambiente propício para trocas verbais que potencializaram atitudes dos estudantes em relação às ciências, como postura crítica e investigativa perante às questões discutidas, além do respeito às diferentes ideias e pensamentos. Do ponto de vista procedimental, evidenciamos que, na sala de aula, os alunos participaram de processos de elaboração e teste de hipóteses, de construção de modelos explicativos e da sua comunicação, bem como estabelecerem generalizações para outros contextos. Em relação ao domínio conceitual, notou-se uma hibridização entre discursos cotidiano e científico articulados aos procedimentos e atitudes potencializados na aula. Consideramos que esses elementos constituem um passo importante envolvendo a progressiva integração dos estudantes no processo de significação e de inserção em práticas típicas da comunidade científica.

Referências

Abd-El-Khalick, F., BouJaoude, S., Duschl, R., Lederman, N. G., Mamlok-Naaman, R., Hofstein …Tuan, H. (2004). Inquiry in science education: International perspectives. Science Education, 88(3), 397–419. http://doi.org/10.1002/sce.10118

Aikenhead, G. (2009). Educação Científica para todos. Lisboa, Portugal: Edições Pedagogo.

Auler, D. (2003). Alfabetização científico-tecnológica: um novo “paradigma”? Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 5(1), 1-16. Recuperado de: http://www.fae.ufmg.br/ensaio/v5_n1/516.pdf

Azevedo, M. C. P. S. (2004). Ensino por investigação: problematizando as atividades em sala de aula. In A. M. P. Carvalho (Org.). Ensino de ciências: unindo a pesquisa e a prática (pp.19-33). São Paulo, SP: Pioneira Thomson Learning.

Azevedo, R. O. M. (2008). Ensino de ciências e formação de professores: diagnóstico, análise e proposta. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências. Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, AM. Recuperado de http://www.pos.uea.edu.br/data/area/titulado/download/10-16.pdf

Barbosa, R. G., & Batista, I. L. (2018). Vygotsky: Um referencial para analisar a aprendizagem e a criatividade no ensino da física. Revista Brasileira de pesquisa em Educação em Ciências, 18(1),49–67. http://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec201818149

Barrow, L. H. (2006). A Brief History of Inquiry: From Dewey to Standards. Journal of Science Teacher Education, 17(3), 265–278. http://doi.org/10.1007/s10972-006-9008-5

Bazzo, W. A., Von Linsingen, I., & Pereira, L. T. V. (2000). O que são e para que servem os estudos CTS. In Anais do XXVII Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (p. 1). Ouro Preto, MG. Recuperado de http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/19/artigos/310.pdf

Carvalho, A. M. P. (2004). Metodologia de pesquisa em ensino de física: uma proposta para estudar os processos de ensino e aprendizagem. In Anais do IX Encontro de Pesquisa em Ensino de Física (p. 1). Jaboticatubas, MG. Recuperado de https://www.researchgate.net/publication/255620479_METODOLOGIA_DE_PESQUISA_EM_ENSINO_DE_FISICA_UMA_PROPOSTA_PARA_ESTUDAR_OS_PROCESSOS_DE_ENSINO_E_APRENDIZAGEM

Carvalho, A. M. P. C. (2013). Ensino de Ciências por Investigação: condições para implementação em sala de aula. São Paulo, SP: Cengage Learning.

Carvalho, A. M. P. (2018). Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Ensino por Investigação. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 18(3), 765-794. http://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2018183765

Carvalho, A. M. P., Garrido, E., Laburú, C. E., Moura, M. O., Santos, M., Silva, D. ... & Gonçalves, M. E. R. (1993). A história da ciência, a psicogênese e a resolução de problemas na construção do conhecimento em sala de aula. Revista da Faculdade de Educação, 19(2), 245-256. Recuperado de http://www.revistas.usp.br/rfe/article/view/33529/36267

Carvalho, A. M. P., Gonçalves, M. E., Rey, R. C., Barros, M. A., & Vannucchi, A. I. (1998). Ciências no Ensino Fundamental: o Conhecimento Físico. São Paulo, SP: Scipione.

Crepalde, R. S., & Aguiar Júnior, O. G. (2013). A formação de conceitos como ascensão do abstrato ao concreto: da energia pensada à energia vivida. Investigações em Ensino de Ciências, 18(2), 299-325. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/132/92

Colombo Junior, P. D., Lourenço, A. B., Sasseron, L. H., & Carvalho, A. M. P. (2012). Ensino de Física nos anos iniciais: análise da argumentação na resolução de uma “Atividade de Conhecimento Físico”. Investigações em Ensino de Ciências, 17(2), 489-507. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/200/135

Driver, R., Asoko, H., Leach, J., Mortimer, E. F., & Scott, P. (1999). Construindo conhecimento científico em sala de aula. Química Nova na Escola, 9(5), 31-40. Recuperado de http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc09/aluno.pdf

Duschl, R. A. (1994). Research on the history and philosophy of science. In D. Gabel (Ed.). Handbook of research on science teaching and learning (pp. 443-456). New York, United States of America : MacMillan Publishing Company.

Grosslight, L., Unger, C., Jay, E., & Smith, C. (1991). Understanding models and their use in science: conceptions of middle and high school students and experts. Journal of Research in Science Teaching, 28(9), 799-822. http://doi.org/10.1002/tea.3660280907

Jimenez Aleixandre, M. P., Pereiro Munoz, C., & Aznar Cuadrado, V. (2000). Promoting reasoning and argument about environmental issues. In G. Hellden (Ed.). Research in didactics of biology (pp. 215–229). Proceedings of the second conference of ERIDOB (European Researchers in the Didactics of Biology), Sweden: Goteborgs Universitet.

Kleiman, A. B., & Moraes, S. E. (1999). Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos projetos da escola. Campinas, SP: Mercado das Letras.

La Taille, Y. de., Souza, L. S., & Vizioli, L. (2004). Ética e educação: uma revisão da literatura educacional de 1990 a 2003. Educação e Pesquisa, 30(1), 91-108. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/ep/v30n1/a06v30n1.pdf

Lijnse, P. (1995). “Developmental research” as a way to an empirically based “didactical structure”of science. Science Education, 79(2), 189–199. https://doi.org/10.1002/sce.3730790205

Lima, M. C. B., & Carvalho, A. M. P. (2003). Linguagem e o Ensino de Física na Escola Fundamental. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 20(1), 86-97. http://doi.org/10.5007/%25x

Martínez, L. F. P., & Carvalho, W. L. P. (2012). Contribuições e dificuldades da abordagem de questões sociocientíficas à prática de professores de ciências. Educação e Pesquisa, 38(3), 727-741. http://doi.org/10.1590/S1517-97022012005000014

Mello, S. A. (2010). Contribuições de Vigotski para a educação infantil. In S. G de L. Mendonça & S. Miller. (Org.). Vigotski e a escola atual: fundamentos teóricos e implicações pedagógicas (pp.193-203). Araraquara, SP: Junqueira e Marin Editores.

Mortimer, E. F., & Scott, P. H. (2002). Atividade discursiva nas salas de aula de ciências: uma ferramenta sociocultural para analisar e planejar o ensino. Investigações em Ensino de Ciências, 7(3), 283-306. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/562/355

Okuno, E., & Vilela, M. A. C. (2005). Radiação Ultravioleta: Características e Efeitos. São Paulo, SP: Livraria da Física.

Pinheiro, N. A. M., Silveira, R. M. F., & Bazzo, W. A. (2007). Ciência, Tecnologia e Sociedade: a relevância do enfoque CTS para o contexto do Ensino Médio. Ciência e Educação, 13(1), 71-84. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v13n1/v13n1a05.pdf

Pizarro, M. V., Barros, R. C. S. N., & Lopes Junior, J. (2016). Os professores dos anos iniciais e o ensino de Ciências: uma relação de empenho e desafios no contexto da implantação de Expectativas de Aprendizagem para Ciências. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 16(2), 421-448. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4380/2946

Pozo, J. I., & Gómez-Crespo, M. A. G. (2009). A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed.

Rosa, C. W., Perez, C. A. S., & Drum, C. (2007). Ensino de física nas séries iniciais: concepções da prática docente. Investigações em Ensino de Ciências, 12(3), 357-368. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/465/269

Sá, E. F. de., Paula, H. F., Lima, M. E. C. C., & Aguiar Júnior, O. G. de. (2007). As características das atividades investigativas segundo tutores e coordenadores de um curso de especialização em ensino de ciências. In Atas do VI ENPEC - Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC) (p. 1). Florianópolis, SC. Recuperado de http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/vienpec/CR2/p820.pdf

Santos, W. L. P. (2007). Contextualização no ensino de ciências por meio de temas CTS em uma perspectiva crítica. Ciência & Ensino (Bauru), 1(n.esp.), 1-12. Recuperado de http://files.gpecea-usp.webnode.com.br/200000358-0e00c0e7d9/AULA%206-%20TEXTO%2014-%20CONTEXTUALIZACAO%20NO%20ENSINO%20DE%20CIENCIAS%20POR%20MEI.pdf

Santos, W. L. P., & Mortimer, E. F. (2000). Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência-Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 2(2), 133-162. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/epec/v2n2/1983-2117-epec-2-02-00110.pdf

Santos, W. L. P., & Mortimer, E. F. (2001). Tomada de decisão para ação social responsável no ensino de ciências. Ciência e Educação (Bauru), 7(1), 95-111. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v7n1/07.pdf

Santos, W. L. P., & Mortimer, E. F. (2009). Abordagem de aspectos sociocientíficos em aulas de ciências: possibilidades e limitações. Investigações em Ensino de Ciências, 14(2), 191-218. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/355/222

Sasseron, L. H. (2013). Interações discursivas e investigação em sala de aula: o papel do professor. In A. M. P. Carvalho (Org.). Ensino de Ciências por Investigação: Condições para Implementação em Sala de Aula (pp. 41-61). São Paulo, SP: Cengage Learning.

Sasseron, L. H. (2015). Alfabetização Científica, Ensino por Investigação e Argumentação: relações entre ciências da natureza e escola. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, 17(n. esp), 49-67. http://doi.org/10.1590/1983-2117201517s04

Schroeder, C. (2004). Um currículo de física para as primeiras séries do ensino fundamental. (Dissertação de mestrado profissional). Programa de Pós-graduação em Ensino de Física. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. Recuperado de http://www.if.ufrgs.br/mpef/mestrados/Carlos_Schroeder_2004.pdf

Silva, G. F. S., & Corrêa, M. (2016). O uso do heurístico da codocência na formação inicial de professores de física. In Anais do XVIII Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino – MT (p. 9852). Cuiabá, MT. Recuperado de http://www.ufmt.br/endipe2016/downloads/233_10115_37038.pdf

Souza Jr, D. R. (2014). Ensino de Eletrodinâmica em uma perspectiva investigativa: Analisando os desdobramentos sobre a aprendizagem de estudantes. (Dissertação de mestrado). Programa de Pós-graduação em Ensino de Física, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES. Recuperado de http://repositorio.ufes.br/bitstream/10/4788/1/tese_8294_Domingos%20Rodrigues.pdf

Tiberghien, A. (2000). Designing teaching situations in the secondary school. In R. Millar, J. Leach, & J. Osborne (Eds.). Improving science education: The contribution of research. Philadelphia, United States of America: Open University Press.

Trazzi, P. S. S., & Oliveira, I. M. (2016). O processo de apropriação dos conceitos de fotossíntese e respiração celular por alunos em aulas de biologia. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 18(1), 85-106. http://doi.org/10.1590/1983-21172016180105

Trindade, M., & Rezende, F. (2010). Novas perspectivas para a abordagem sociocultural na educação em ciências: Os aportes teóricos de John Dewey e de Ludwig Wittgenstein. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, 9(3), 487-504. Recuperado de http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen9/ART1_Vol9_N3.pdf

Trivelato, S. L. F., & Tonidandel, S. M. R. (2015) Ensino por investigação: eixos organizadores para sequências de Ensino de Biologia. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, 7(n.esp), 97-114. http://doi.org/10.1590/1983-2117201517s06

Zanon, D. A. V., & Freitas, D. D. (2007). A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental: ações que favorecem a sua aprendizagem. Ciências & Cognição, 10(4), 93-103. Recuperado de http://www.cdcc.usp.br/maomassa/doc/m317150.pdf

Zarth, S. M. (2013). Temas Transversais no ensino fundamental: Educação para a Saúde e Orientação Sexual. (Tese de doutorado). Programa de Pós-graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. Recuperado de https://lume.ufrgs.br/handle/10183/70234

Schnetzler, R., & Santos, W. L. P. (2003). Educação em química: compromisso com a cidadania. Ijuí, RS: Unijuí.

Vigotski, L. S. (2009). A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo, SP: Martins Fontes.

Vigotski, L. S. (2011). Pensamento e linguagem. São Paulo, SP: Martins Fontes.

Downloads

Publicado

2019-04-30

Como Citar

Barcellos, L. da S., & Coelho, G. R. (2019). UMA ANÁLISE DAS INTERAÇÕES DISCURSIVAS EM UMA AULA INVESTIGATIVA DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE MEDIDAS PROTETIVAS CONTRA A EXPOSIÇÃO AO SOL. Investigações Em Ensino De Ciências, 24(1), 179–199. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2019v24n1p179

Edição

Seção

Artigos