Do Planejamento à Sala de Aula: Oportunidades para a Integração dos Domínios do Conhecimento Científico e participação em Práticas Epistêmicas no Ensino de Ciências por Investigação
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci/2025v30n3p55Palavras-chave:
Domínios do conhecimento científico, práticas epistêmicas, ensino de ciências por investigação, interações discursivasResumo
Esta pesquisa investiga a integração entre os domínios conceitual, epistêmico, material e social do conhecimento científico e a ocorrência de práticas epistêmicas no Ensino de Ciências por Investigação. O estudo contrasta as oportunidades previstas no planejamento didático com sua efetivação na sala de aula. Para isso, desenvolvemos uma ferramenta analítica fundamentada na literatura existente, com o objetivo de identificar elementos dos Domínios do Conhecimento Científico tanto no planejamento didático quanto nas interações discursivas em sala de aula, que oportunizam práticas epistêmicas. O uso da ferramenta permitiu evidenciar situações nas quais as práticas epistêmicas emergem por meio da integração dos quatros domínios e da construção compartilhada de entendimentos sobre o objeto de conhecimento ou sobre os procedimentos e critérios para produzir, comunicar, avaliar e legitimar o conhecimento. O estudo revelou que, no âmbito do planejamento didático, as orientações para a atuação do(a) professor(a) foram fundamentais para promover a integração do domínio social com os demais e para criar oportunidades para o desenvolvimento de práticas epistêmicas. No contexto da sala de aula, os resultados indicaram que as ações do professor e as interações entre as estudantes favoreceram a ocorrência de práticas epistêmicas não previstas no planejamento inicial.Referências
Agustian, H. Y. (2022). Considering the hexad of learning domains in the laboratory to address the overlooked aspects of chemistry education and fragmentary approach to assessment of student learning. Chemistry Education Research and Practice, 23, 518-530. https://doi.org/10.1039/D1RP00271F
Almeida, E. G. (2014). Aprendizagem situada. Texto Livre, 7(1), 177–184. https://doi.org/10.17851/1983-3652.7.1.177-184
Almeida, D. M., Janvier, P. M., & Trivelato, S. L. F. (2016). Analysis of epistemic practices in reports of higher education students groups in carrying out the inquiry-based activity of immunology. Investigações em Ensino de Ciências, 21(2), 105-120. http://doi.org/10.22600/1518-8795
Bartlett, L., & Vavrus, F. (2017). Comparative Case Studies. Educação & Realidade, 42(3), 899–920. https://doi.org/10.1590/2175-623668636
Bruce, B., & Bloch, N. (2013). Pragmatism and Community Inquiry: A Case Study of Community-Based Learning. Education and Culture, 29(1), 27-45. https://docs.lib.purdue.edu/eandc/vol29/iss1/art4
Bybee, R. W., Taylor, J. A., Gardner, A., Scotter, P. V., Powell, J. C., Westbrook, A., & Landes, N. (2006). The BSCS 5E Instructional Model: Origins and Effectiveness. Office of Science Education National Institutes of Health. https://www.researchgate.net/publication/242363914
Cappelle, V., Franco, L., & Munford, D. (2023). Spatio temporal relationships in science lessons: Building learning opportunities over time. Science Education, 107(6), 1435-1456. https://doi.org/10.1002/sce.21808
Cardoso, M. J. C., & Scarpa, D. L. (2018). Diagnóstico de Elementos do Ensino de Ciências por Investigação (DEEnCI): Uma Ferramenta de Análise de Propostas de Ensino Investigativas. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 18(3), 1025-1059. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec20181831025
Carvalho, A. M. P. (2013). Ensino de Ciências por Investigação: Condições de implementação em sala de aula. Cengage Learning.
Carvalho, A. M. P. (2018). Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Ensino por Investigação. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 18(3), 765-794. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2018183765
Cavalcante, L. T. C., & Oliveira, A. A. S. (2020). Métodos de revisão bibliográfica nos estudos científicos. Psicologia em Revista, 26, 83-102. https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2020v26n1p82-100
Damşa, C. I., Kirschner, P. A., Andriessen, J. E. B., Erkens, G., & Sins, P. H. M. (2010). Shared epistemic agency: an empirical study of an emergent construct. Journal of the Learning Sciences, 19(2), 143–186. https://doi.org/10.1080/10508401003708381
Duschl, R. (2008). Science Education in Three-Part Harmony: Balancing Conceptual, Epistemic, and Social. Review of Research in Education, 32, 268-291. https://doi.org/10.3102/0091732X07309371
Eteläpelto, A., Vähäsantanen, K., Hökkä, P., & Paloniemi, S. (2013). What is agency? Conceptualizing professional agency at work. Educational Research Review, 10, 45–65. https://doi.org/10.1016/j.edurev.2013.05.001
Franco, L. G., & Munford, D. (2018). Investigando Interações Discursivas em Aulas de Ciências: Um “Olhar Sensível ao Contexto” sobre a Pesquisa em Educação em Ciências. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 18(1), 125-151. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2018181125
Franco, L. G., & Munford, D. (2020). O Ensino de Ciências por Investigação em Construção: Possibilidades de Articulações entre os Domínios Conceitual, Epistêmico e Social do Conhecimento Científico em Sala de Aula. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 20, 687-719. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2020u687719
Furtak, E. M., Seidel, T., Iverson, H., & Briggs, D. C. (2012). Experimental and Quasi-Experimental Studies of Inquiry-Based Science Teaching: A Meta-Analysis. Review of Educational Research, 82(3), 300-329. https://doi.org/10.3102/0034654312457206
García-Carmona, A. (2020). From Inquiry-Based Science Education to the Approach Based on Scientific Practices. Science & Education, 29, 443–463. https://doi.org/10.1007/s11191-020-00108-8
Kelly, G. J. (2008). Inquiry, Activity, and Epistemic Practice. In R. Duschl & R. Grandy (Eds.) Teaching Scientific Inquiry: Recommendations for Research and Implementation (pp. 99-117; 288-291). Sense Publishers. https://www.researchgate.net/publication/236867939
Kelly, G. J. (2014). Discourse Practices in Science Learning and Teaching. In N. G. Lederman, & S. K. Abell (Orgs) Handbook of Research on Science Education, Volume II. (1ª Ed.). Nova York, (pp. 321-336). https://www.researchgate.net/publication/268206768
Kelly, G.J. (2023). Qualitative research as culture and practice. In N. G. Lederman, D. Zeidler, & J. S. Lederman, J. S. (Eds.), Handbook of Research on Science Education, 3, 60–86. Lawrence Erlbaum Associates. https://doi.org/10.4324/9780367855758-4
Kelly, G. J., & Licona, P. (2018). Epistemic Practices and Science Education. In Science: Philosophy, History and Education, 139-165. (Science: Philosophy, History and Education). Springer Nature. https://doi.org/10.1007/978-3-319-62616-1_5
Ko, M. M., & Krist, C. (2019). Opening up curricula to redistribute epistemic agency: A framework for supporting science teaching. Science Education, 103(4), 979-1010. https://doi.org/10.1002/sce.21511
Knorr-Cetina, K. (1999). Epistemic cultures: How the sciences make knowledge. Harvard University Press.
Lave, J., & Wenger, E. (1991). Situated learning: legitimate peripheral participation. Cambridge University Press.
Lemke, J. (2001). Articulating communities: Sociocultural perspectives on science education. Journal of Research in Science Teaching, 38, 296-316. https://doi.org/10.1002/1098-2736(200103)38:3%3C296::AID-TEA1007%3E3.0.CO;2-R
Longino, H. (2002). The fate of knowledge. Princeton University Press.
Milena, M. L., Munford, D., & Fernandes, P. C. (2023). O constructo de práticas epistêmicas em pesquisas brasileiras em educação em ciências. Investigações em Ensino de Ciências, 28(1), 227-259. http://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2023v28n1p227
Miller, E., Manz, E., Russ, R., Stroupe, D., & Berland, L. (2018). Addressing the epistemic elephant in the room: epistemic agency and the next generation science standards. Journal of Research in Science Teaching, 55(7), 1053-1075. https://doi.org/10.1002/tea.21459
Moraes, R. P., & Bego, A. M. (2024). Princípios Epistemológicos, Sociopolíticos e Psicopedagógicos do Ensino de Ciências por Investigação. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 24, 1-34. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2024u491524
Oliveira, I. C. (2024). O que faz o professor de ciências ao conduzir uma sequência didática investigativa? Um estudo de caso sobre o papel do professor de ciências no contexto da reforma curricular do município de São Paulo. [Dissertação de mestrado, Ensino de Ciências (Física, Química e Biologia), Universidade de São Paulo, São Paulo]. http://doi.org/10.11606/D.81.2024.tde-23092024-094413.
Osborne, J. (2017). Going Beyond the Consensus View: A Response. Canadian Journal of Science, Mathematics and Technology Education, 17(1), 53–57. https://doi.org/10.1080/14926156.2016.1271920
Oreskes, N. (2019). Why Trust Science? Princeton University Press.
Pedaste, M., Mäeots, M.L., Siiman, A., de Jong, T., Siswa A., van Riesen, S. A. N., Kamp, E. T., Manoli, C.C., Zacharia, Z.C., & Tsourlidaki, E. (2015). Phases of inquiry-based learning: Definitions and the inquiry cycle. Educational Research Review, 14, 47-61. https://doi.org/10.1016/j.edurev.2015.02.003.
Preti, D. (1999). Análise de textos orais. (4a. ed.). Humanitas Publicações FFLCH/USP.
Rodrigues, B. A., & Borges, A. T. (2008). O ensino de ciências por investigação: reconstrução histórica. Anais do XI Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, Curitiba, 1-12. https://sec.sbfisica.org.br/eventos/epef/xi/atas/resumos/T0141-1.pdf
Rogoff, B. (2003). The cultural nature of human development. Oxford University Press.
Rogoff, B. (1995). Observing sociocultural activity on three planes: Participatory appropriation, guided participation, and apprenticeship. In J. V. Wertsch, P. del Río, & A. Alvarez (Eds.), Sociocultural studies of mind (pp. 139–164). Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9781139174299.008
Ryu, S., Han, Y., & Paik, S.H. (2015). Understanding Co-development of Conceptual and Epistemic Understanding through Modeling Practices with Mobile Internet. Journal of Science Education and Technology, 24(2/3), 330–355. http://www.jstor.org/stable/43867848
Sá, E. F., Lima, M. E. C. C., & Aguiar Jr., O. (2016). A construção de sentidos para o termo ensino por investigação no contexto de um curso de formação. Investigações em Ensino de Ciências, 16(1), 79-102. https://ienci.if.ufrgs.br/index.php/ienci/article/view/247
Sacristán, J. G. (2013). O que significa currículo? In: Sacristán, J. G. (Org.), Saberes e incertezas sobre o currículo. Penso Editora.
Sasseron, L. H. (2015). Alfabetização Científica, Ensino por Investigação e Argumentação: relações entre ciências da natureza e escola. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, 17, 49-67. https://doi.org/10.1590/1983-2117201517s04
Sasseron, L. H., & Duschl, R. A. (2016). Ensino de ciências e as práticas epistêmicas: o papel do professor e o engajamento dos estudantes. Investigações em Ensino de Ciências, 21(2), 52-67. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2016v21n2p52
Sasseron, L.H. (2018). Ensino de Ciências por Investigação e o Desenvolvimento de Práticas: Uma Mirada para a Base Nacional Comum Curricular. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação Em Ciências, 18(3), 1061-1085. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec20181831061
São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. (2017) Currículo da cidade: Ensino Fundamental: componente curricular: Ciências da Natureza. (1a.ed.). SME / COPED. https://curriculo.sme.prefeitura.sp.gov.br/curriculo-ensino-fundamental
São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. (2018) Caderno da cidade: Saberes e aprendizagens: Ciências Naturais – 8º ano – volume 1. SME / COPED. https://curriculo.sme.prefeitura.sp.gov.br/sequencias
Serva, A. N. F., & Silva, M. B. (2024). Estratégias didáticas no Ensino de Ciências por Investigação: caracterizando a complexidade da metodologia. In: Anais do III Encontro de Ensino de Ciências por Investigação, Belo Horizonte. https://www.even3.com.br/anais/iii-eneci-383547/782132-estrategias-didaticas-no-ensino-de-ciencias-por-investigacao--caracterizando-a-complexidade-da-metodologia/
Silva, F. C., Nascimento, L.A., Valois, R.S., & Sasseron, L.H. (2022). Ensino de Ciências como Prática Social: relações entre as normas sociais e os domínios do conhecimento. Investigações em Ensino de Ciências, 27(1) 39–51. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2022v27n1p39
Silva, M. B., & Sasseron, L. H. (2021). Alfabetização científica e domínios do conhecimento científico: proposições para uma perspectiva formativa comprometida com a transformação social. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 23, e34674. https://doi.org/10.1590/1983-21172021230129
Silva, M. B., & Trivelato, S. L. F. (2017). A mobilização do conhecimento teórico e empírico na produção de explicações e argumentos numa atividade investigativa de Biologia. Investigações em Ensino de Ciências, 22(2), 139-153. https://dx.doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2017v22n2p139
Silva, F.C., & Sasseron, L.H. (2025). Mobilization of Scientific Knowledge Domains to Build Epistemic Practices Among Pre-service Chemistry Teachers. Science & Education. https://dx.doi.org/10.1007/s11191-024-00607-y
Soares, N., & Trivelato, S. F. (2019). Ensino de ciências por investigação - revisão e características de trabalhos publicados. Atos de Ciências da Saúde (ACIS), 7(1), 45-65. https://www.researchgate.net/publication/333915642
Strider, R. B & Watanabe, G. (2018). Atividades Investigativas na Educação Científica: Dimensões e Perspectivas em Diálogos com o ENCI. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 18 (3), 819-849. https://dx.doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2018183819
Stroupe, D. (2014). Examining Classroom Science Practice Communities: How Teachers and Students Negotiate Epistemic Agency and Learn Science-as-Practice. Science Education, 98(3), 487-516. https://dx.doi.org/10.1002/sce.21112
Stroupe, D. (2015). Describing “Science Practice” in Learning Settings. Science Education, 99(6), 1033-1040. https://dx.doi.org/10.1002/sce.21191
Subramaniam, K. (2023). Pre-service Elementary Teachers’ Images of Scientific Practices: a Social, Epistemic, Conceptual, and Material Dimension Perspective. Research in Science Education, 53, 633–649. https://dx.doi.org/10.1007/s11165-022-10074-6
Uum, M.S.J., Verhoeff R.P., & Peeters, M. (2016). Inquiry-based science education: towards a pedagogical framework for primary school teachers. International Journal of Science Education, 38(3), 450-469. https://doi.org/10.1080/09500693.2016.1147660
Watkins J., Hammer D., Radoff J., Jaber L.Z., & Phillips A.M. (2017). Positioning as not-understanding: The value of showing uncertainty for engaging in science. Journal of Research in Science Teaching, 55(4), 573-599. https://doi.org/10.1002/tea.21431
Vygotsky, L. (1978). A Formação Social da Mente. (3a.ed., 1991). Martins Fontes.
Zhang, J., Tian, Y., Yuan, G., & Tao, D. (2022). Epistemic agency for costructuring expansive knowledge-building practices. Science Education, 106, 890–923. https://doi.org/10.1002/sce.21717
Wei, B., & Li, X. (2017). Exploring science teachers’ perceptions of experimentation: implications for restructuring school practical work, International Journal of Science Education, 39(13), 1775-1794. https://doi.org/10.1080/09500693.2017.1351650
Zômpero, A. F. & Laburú, C. E. (2011). Atividades investigativas no ensino de ciências: aspectos históricos e diferentes abordagens. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, 13(3), 67-80. https://doi.org/10.1590/1983-21172011130305
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Caique Oliveira de Souza, Maíra Batistoni e Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A IENCI é uma revista de acesso aberto (Open Access), sem que haja a necessidade de pagamentos de taxas, seja para submissão ou processamento dos artigos. A revista adota a definição da Budapest Open Access Initiative (BOAI), ou seja, os usuários possuem o direito de ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, buscar e fazer links diretos para os textos completos dos artigos nela publicados.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do trabalho e, ao enviar o artigo para a revista, está garantindo que tem a permissão de todos para fazê-lo. Da mesma forma, assegura que o artigo não viola direitos autorais e que não há plágio no trabalho. A revista não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.
Todos os artigos são publicados com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Os autores mantém os direitos autorais sobre suas produções, devendo ser contatados diretamente se houver interesse em uso comercial dos trabalhos.