UMA ANÁLISE SOBRE O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DE CONCEITOS CIENTÍFICOS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Autores

  • Angélica Ferreira Bêta Monteiro Instituto Benjamin Constant/ Fundação Oswaldo Cruz http://orcid.org/0000-0002-2927-0288
  • Sofia Castro Hallais Instituto Oswaldo Cruz Fundação Oswaldo Cruz Avenida Brasil, 4065, Manguinhos, RJ
  • Maria da Conceição de Almeida Barbosa Lima Instituto de Física Armando Dias Tavares/Instituto Oswaldo Cruz Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Fundação Oswaldo Cruz Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, RJ/Avenida Brasil, 4065, Manguinhos, RJ

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2021v26n3p331

Palavras-chave:

Ensino de Ciências, Formação de Conceitos, Deficiência Visual

Resumo

Com o objetivo de compreender o processo de formação de conceitos espontâneos e científicos por crianças cegas a partir das intervenções que ocorrem no espaço da sala de aula, apresentamos neste artigo, uma pesquisa qualitativa, cuja opção metodológica foi um estudo de caso sobre o papel da mediação para a formação de conceitos científicos nessas crianças. Para coletar os dados, utilizamos atividades didáticas, que foram planejadas e aplicadas, separadamente às turmas do segundo e quarto anos do Ensino Fundamental, em uma escola especializada no atendimento de pessoas com deficiência visual. As questões norteadoras desta investigação foram: De que forma a escola colabora para a formação e transformação do pensamento científico da criança com deficiência visual e qual o papel do processo de ensino e aprendizagem no desenvolvimento de conceitos científicos nesses sujeitos? Para responder a essas questões, utilizamos conteúdos ligados à Física, por ser essa uma área que permite à criança refletir, considerando suas ideias espontâneas e originais sobre o funcionamento das coisas. Os temas escolhidos foram: energia, força e movimento. A partir das atividades realizadas pelas duas turmas, comparamos as percepções dos alunos sobre os conceitos em questão. Como principal aporte teórico, utilizamos os estudos de Vigotski e sua teoria histórico-cultural, que tem como um de seus princípios a ideia de que a aprendizagem e consequentemente o desenvolvimento de conceitos não ocorrem por uma assimilação direta e sim através das interações com o meio, com os objetos e com o outro, nas quais o sujeito, através dessas relações, vai construindo seu próprio pensamento.

Biografia do Autor

Angélica Ferreira Bêta Monteiro, Instituto Benjamin Constant/ Fundação Oswaldo Cruz

Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio). Mestre em Diversidade e Inclusão pela Universidade Federal Fluminense (UFF), doutoranda no programa de Ensino em Biociências e Saúde (IOC/FIOCRUZ). Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Benjamin Constant (IBC). Atualmente desenvolve pesquisas sobre os processos de ensino e aprendizagem de Ciências e alfabetização para alunos com deficiência visual a partir das Teorias Histórico Cultural e da Atividade.

Referências

Alves, B. C., Coelho B., Costa, R., Hallais, S., Monteiro, A., Nascimento, M. & Barbosa-Lima, M. C. (2019). A pedagogia multissensorial com crianças cegas ou com baixa visão. Benjamin Constant, 60(2), 137-150. Recuperado de http://revista.ibc.gov.br/index.php/BC/article/view/706

Bakhtin, M. (2017). Estética da criação verbal. São Paulo, SP: Martins Fontes.

Barbosa-Lima, M. C. (2010). Conversando com Lara sobre a terra e a Terra. Revista Latino Americana de Educação em Astronomia, 10, 23-35. https://doi.org/10.37156/RELEA/2010.10.023

Barbosa-Lima, M. C. & Sousa, E. (2019). Causos da lagoa. In M. C. Barbosa-Lima & E. Sousa (Orgs.) Histórias para ler e aprender (pp. 51-56). São Paulo, SP: Livraria da Física.

Batista, C. G. (2005). Formação de conceitos em crianças cegas: questões teóricas e implicações educacionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 21(1), 007-015. https://doi.org/10.1590/S0102-37722005000100003

Decreto n. 5296, de 2 de dezembro de 2004. (2004). Regulamenta as leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências, Diário Oficial da União. Brasília, DF: Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm

Camillo, J., & Mattos, C.R. (2014). Educação em ciências e a teoria da atividade Cultural-Histórica: Contribuições para a reflexão sobre tensões na prática educativa. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, 16(01), 211-230. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1983-21172014160113%20

Capecchi, M. C. V. de M., & Carvalho, A. M. P. (2000). Argumentação em uma aula de conhecimento físico com crianças na faixa de oito a dez anos. Investigações em Ensino de Ciências, 5(3), 171-189. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/592

Coelho, Betty (1994). Contar histórias, uma arte sem idade. São Paulo, SP: Ática.

Fabri, F., & Silveira, E. M. C. F. (2013). O ensino de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental sob a ótica CTS: uma proposta de trabalho diante dos artefatos tecnológicos que norteiam o cotidiano dos alunos. Investigações em Ensino de Ciências, 18(1), 77-105. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/161

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Nacionais Anísio Teixeira (2019). Resumo técnico: censo da educação básica 2018 [recurso eletrônico]. Brasília, DF: INEP. Recuperado de http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/resumo_tecnico_censo_educacao_basica_2018.pdf

Junior, P. D. C., Lourenço, A. B., Sasseron, L. H., & Carvalho, A. M. P. (2012). Ensino de física nos anos iniciais: análise da argumentação na resolução de uma “atividade de conhecimento físico”. Investigações em Ensino de Ciências, 5(3), 171-189. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/200

Laplane, A. L. F. & Batista, C. G. (2008). Ver, não ver e aprender: a participação de crianças com baixa visão e cegueira na escola. Cadernos cedes, 28(75), 209-227. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/ccedes/v28n75/v28n75a05.pdf

Lemke, J. L. (1997). Aprender a hablar ciencia: lenguaje, aprendizaje y valores. Barcelona, España: Paidos.

Lemke, J. L. (1998). Analysing verbal data: principles, methods and problems. In B. J. Fraser & K. G. Tobin, (Orgs.). International Handbook of Science Education. Kluwer Academic.

Leontiev, A (s.d). O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo, SP: Moraes.

Mamcasz-Viginheski, L. V., Shimazaki, E. M., Silva, S. C. R., & Pacheco, E. R. (2017). Formação de conceitos em geometria e álgebra por estudante com deficiência visual. Ciência & Educação (Bauru) [online], 23(4), 867-879. https://doi.org/10.1590/1516-731320170040008

Moraes, T. S. V. ,& Carvalho, A. M. P. (2017). Investigação científica para o 1º ano do ensino fundamental: uma articulação entre falas e representações gráficas dos alunos. Revista Ciência & Educação (Bauru), 23(4), 941-961. https://doi.org/10.1590/1516-731320170040009

Moreira, F. D. dos S. (2021). Ensinando conceitos sobre a pandemia com símbolos tangíveis. Revista Brasileira de Educação Especial [online], 27. https://doi.org/10.1590/1980-54702021v27e0013

Moura, M. O.,Araújo, E. S., Souza F. D. de, Panossian, M. L., & Moretti, V. D. (2016). A atividade orientadora de ensino como unidade entre ensino e aprendizagem. In M. O. Moura (Org.) A atividade pedagógica na teoria histórico-cultural (2a ed., pp 88-103). Campinas, SP: Autores Associados.

Muline, L. S. (2018). O ensino de ciências no contexto dos anos iniciais da escola fundamental: a formação docente e as práticas pedagógicas. (Tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ. Recuperado de https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30995

Nascimento, C. & Barbosa-Lima, M. da C. (2011). O ensino de física nas séries iniciais do ensino fundamental: lendo e escrevendo histórias. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 6(3). Recuperado em https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4043/2607

Nuernberg, A. (2008). Contribuições de Vigotski para a educação de pessoas com deficiência visual. Psicologia em Estudo, 13(2), 307-16. https://doi.org/10.1590/S1413-73722008000200013.

Nunes, S. da S., & Lomônaco, J. F. B. (2008). Desenvolvimento de conceitos em cegos congênitos: caminhos de aquisição do conhecimento. Psicologia Escolar e Educacional, 12(1), 119-138. https://doi.org/10.1590/S1413-85572008000100009.

Oliveira, L. A., de Sá, E. F. & Mortimer, E. F. (2019). Transformação da ação mediada a partir da ressignificação do uso de objetos mediadores em aulas do ensino superior. Revista Brasileira De Pesquisa em Educação em Ciências, 19, 251-274. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2019u251274

Rangel, F. A. (2021). A THC e as relações entre currículo, desenvolvimento e aprendizado na educação especial. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=v7bUupSd190

Rangel, F. A., & Victor, S. L. (2016). A brincadeira de faz de conta e sua influência no processo de alfabetização de crianças cegas. Benjamin Constant, 22(59), 6-24. Recuperado de http://revista.ibc.gov.br/index.php/BC/article/view/746

Rigon, A. J., Asbabr, F. da S. F., & Moretti, V. D. (2016). Sobre o processo de humanização. In M. O. Moura (Org.). A atividade pedagógica na teoria histórico-cultural (2a ed., pp 12-36). Campinas, SP: Autores Associados.

Sasseron, L. H., & Carvalho, A. M. P. (2008). Almejando a alfabetização científica no ensino fundamental: a proposição e a procura de indicadores no processo. Investigações em Ensino de Ciências. 13(3), 333-352. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/445

Silva, R. S. & Amaral, C. L. C. (2020). A educação inclusiva no ensino de ciências e matemática: um mapeamento na Revista Educação Especial no período de 2000 a 2018. Revista Communitas, 4(7), 281–294. Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/COMMUNITAS/article/view/3244

Vigotski, L. S. (2018). Imaginação e criação na infância. (Trad. Z. Prestes & E. Tunes). São Paulo, SP: Expressão Popular.

Vygotski (2012a). Obras Escogidas V: Fundamentos de defectología. Madrid, España: Machado Grupo de Distribución.

Vygotski (2012b). Obras Escogidas II: Pensamiento y lenguaje, teoría del desarrollo cultural de las funciones psicológicas superiores. Madrid, España: Machado Grupo de Distribución.

Vygotski (2012c). Obras Escogidas III: Problemas del desarrollo de la psique. Madrid, España: Machado Grupo de Distribución.

Downloads

Publicado

2021-12-30

Como Citar

Monteiro, A. F. B., Hallais, S. C., & Lima, M. da C. de A. B. (2021). UMA ANÁLISE SOBRE O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DE CONCEITOS CIENTÍFICOS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL. Investigações Em Ensino De Ciências, 26(3), 331–347. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2021v26n3p331

Edição

Seção

Artigos