ANÁLISE DE TEXTOS ARGUMENTATIVOS PRODUZIDOS PELOS LICENCIANDOS DE QUÍMICA SOBRE A QUESTÃO SOCIOCIENTÍFICA UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS NAS LAVOURAS BRASILEIRAS
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2023v28n2p218Palavras-chave:
argumentação em sala de aula, questões sociocientíficas, agrotóxicos, licenciatura em química, textos argumentativosResumo
Estudos na área de ensino de química indicam a relevância de introduzir questões sociocientíficas nas aulas de Química. É no contexto das discussões sobre questões sociocientíficas que são destacadas contribuições da argumentação nesse processo. Para tanto, esse trabalho teve como objetivo analisar o processo de argumentação de licenciandos de Química no âmbito de uma sequência de atividades relacionada a uma QSC sobre Agrotóxicos. Dentre as atividades, nesse trabalho, apresentamos um recorte da produção de textos argumentativos realizado pelos estudantes do curso de Licenciatura Plena em Química de uma Instituição de Ensino Superior de Recife, Pernambuco, Brasil, matriculados em uma disciplina de Ensino de Química. O estudo é de natureza qualitativa com relação à abordagem dos dados. Foram analisados os textos argumentativos produzidos pelos participantes da pesquisa. As categorias de análise se baseiam em elementos do ciclo argumentativo, na estrutura dos textos argumentativos e seus elementos organizadores, e em aspectos sociocientíficos presentes em discussões sobre os agrotóxicos. Em seus textos, os licenciandos apresentaram argumentos com diferentes pontos de vista e justificativas, contra-argumentos e respostas relativos à QSC. Contudo, destacamos que poucos estudantes desenvolveram os três elementos do ciclo argumentativo: argumento, contra-argumentos e resposta. A partir dos resultados, podemos dizer que a discussão sobre a QSC "Utilização de agrotóxicos nas lavouras brasileiras" contribuiu no desenvolvimento dos textos argumentativos pelos licenciandos de Química, e o fizeram considerando tanto potencialidades dos agrotóxicos para as lavouras, quanto impactos sociais e ambientais, como doenças, degradação do solo, dos rios e a vegetação.Referências
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