TRANSIÇÃO PROGRESSIVA DOS MODELOS EXPLICATIVOS DE ESTUDANTES DO NÍVEL MÉDIO SOBRE A NATUREZA DAS FORÇAS INTERMOLECULARES

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2022v27n2p01

Palavras-chave:

Forças intermoleculares, transição progressiva, ensino de Química

Resumo

O foco de investigação desta pesquisa foi o processo de ensino e aprendizagem de forças intermoleculares no nível médio. O principal objetivo foi investigar a evolução conceitual, por meio de modelos explicativos de estudantes da 1ª série do ensino médio, sobre a natureza das forças intermoleculares. Para isso o conteúdo foi desenvolvido por intermédio de uma sequência didática (SD). Baseando-se na perspectiva de Lakatos, procurou-se verificar se os modelos explicativos dos sujeitos formam sequências de transição progressiva, similares ao que Lakatos, na História da Ciência, se refere a "problemática" que aumenta o poder explanatório/heurístico do modelo. A evolução dos modelos, que geralmente consiste em transições progressivas, está relacionada ao entendimento sobre o conteúdo de forças intermoleculares e a capacidade de transitar entre os níveis de representação da matéria em relação ao entendimento sobre a natureza das forças intermoleculares. O acompanhamento das ideias dos estudantes ao longo do estudo do conteúdo revelou que houve um número significativo deles que conseguiu progredir conceitualmente. De forma geral, é possível afirmar que as atividades desenvolvidas na SD contribuíram significativamente para a transição progressiva dos modelos explicativas da maioria dos participantes. Além disso, a abordagem do conteúdo de forças intermoleculares na SD desenvolvida capacitou os estudantes a interpretarem os fenômenos em estudo, por meio dos níveis de representação da matéria.

Biografia do Autor

Ana Carolina Gomes Miranda, Universidade Federal de Ouro Preto

Departamento de QuímicaUniversidade Federal de Ouro Preto, UFOPRua quatro, 786, Ouro Preto, Minas Gerais, MG, Brasil

Maurícius Selvero Pazinato, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Departamento de Química orgânica Universidade Federal do Rio Grande do Sul Avenida Bento Gonçalves, 9500, Porto Alegre, Rio grande do Sul, RS, Brasil

Mara Elisa Fortes Braibante, Universidade Federal de Santa Maria

Departamento de Química Universidade Federal de Santa Maria Avenida Roraima, 1000, Santa Maria, Rio grande do Sul, RS, Brasil

Referências

Ben-zvi, R., & Eylon, B. (1990). Student’s visualization of a chemical reaction. Education in Chemistry, (1), 1-397. https://doi.org/10.1039/C6RP00235H

Boo, H. K. (1998). Students´ understandings of chemical bonds and energetics chemical reactions. Journal of Research in Science Teaching, 35(5), 569-581. https://doi.org/10.1002/(SICI)1098-2736(199805)35:5<569::AID-TEA6>3.0.CO;2-N

Carey, S. (1985). Conceptual change in chilhood, Cambridge, United States of America: MIT press.

Cooper, M. M., Williams, L. C., & Underwood, S. M. (2015). Student understanding of intermolecular forces: a multimodal study. Journal of Chemical Education, 92(8), 1288-1298. https://doi.org/10.1021/acs.jchemed.5b00169

Carvalho, A. M. P. (2013). O ensino de Ciências e a proposição de sequências de ensino investigativas. In: Ensino de Ciências por investigação: Condições para implementação em sala de aula. São Paulo, SP: Cengage Learning.

Davydov, V. V. (1972). Tipos de generalización en la enseñanza. Habana, Cuba: Editorial Pueblo y Educación. Recuperado de https://docero.com.br/doc/xexxxxn

Dolz, J. Noverraz, M., & Schneuwly. B. (2004). Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In R. Rojo & G. S. Cordeiro (Orgs). Gêneros orais e escritos na escola (21a ed.) São Paulo, SP: Mercado de Letras.

Duschl, R. A., & Gitomer, D. H. (1994). Epistemological perspectives on conceptual change: implications for educational practice. Journal of Research in Science Theaching. https://doi.org/10.1002/tea.3660280909

Garnett, P. J. (1995). Student's alternative conceptions in chemistry: a review of research for teaching and learning. Studies in Science Education, 25(2), 69-95. https://doi.org/10.1080/03057269508560050

Gil- Pérez, D. (1993). Contribución de la historia y la filosofía de las ciencias al desarrollo de um modelo de enseñanza/aprendizaje como investigación. Enseñanza de las Ciencias, 11(2), 197-212. https://doi.org/10.5565/rev/ensciencias.4537

Gilbert, J. (1993). Models & Modelling in science education. Hatfield. The Association for Science Education. 11(1), 1-13.

Guimarães, Y. A. F., & Giordan, M. (2011). Instrumento para construção e validação de sequências didáticas em um curso a distância de formação continuada de professores. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, VIIII. Anais. Campinas, SP. Recuperado de http://abrapecnet.org.br/atas_enpec/viiienpec/resumos/R0875-2.pdf

Hair, J. R. (2005). Análise Multivariada de Dados (5a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Bookman.

Johnstone, A. H. Macro and microchemistry. (1982). The School Science Review, 64(227), 377-379.

Johnstone, A. H. (2009). You Can't Get There from Here. Journal of Chemical Education, 87(1), 22-29. https://doi.org/10.1021/ed800026d

Laburú, C. E., Arruda, S. M., & Nardi, R. (1998). Os programas de Lakatos: uma leitura para o entendimento da construção do conhecimento em sala de aula em situações de contradição e controvérsia. Ciência e Educação (Bauru), 5(2) 23-38. https://doi.org/10.1590/S1516-73131998000200003

Laburú, C. E., & Carvalho, M. (2005). Educação Científica: Controvérsias Construtivistas e Pluralismo Metodológico. Londrina, PR: Eduel.

Laburú, C. E., & Niaz, M. (2002). A Lakatosian Framework to Analyze Situations of Cognitive Conflict and Controversy in Students’ Understanding of Heat Energy and Temperature. Journal of Science Education and Technology, 11(3). https://doi.org/10.1023/A:1016064301034

Laburú, C. E., & Silva, O. H. M. (2001). Uma leitura lakatiana para a análise de situações de controvérsias e conflitos cognitivos (uma aplicação durante a aprendizagem de cinemática angular). In XIV Simpósio Nacional de Ensino de Física.

Lakatos, E. M., & Marconi, M. A. (2001). Fundamentos metodologia científica (4a ed.). São Paulo, SP: Atlas.

Lakatos, E. M., & MARCONI, M. A. (1992). Metodologia do trabalho científico (4a ed.). São Paulo, SP: Atlas.

Lakatos, I. (1998). História da Ciência e suas Reconstruções Racionais. Lisboa, Portugal: Edições 70.

Lakatos, I. (1971). History of Science and its Rational Reconstruction. Boston Studies in the Philosophy of Science, 13(6), 28-41.

Lakatos, I. (1989). La metodología de los programas de investigación científica (2a ed.) Madrid, España: Alianza.

Lakatos, I., & Musgrave, A. (1970). Criticism and the Growth of Knowledge. Cambridge: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9781139171434

Martorano, S. A. A. (2012). transição progressiva dos modelos de ensino sobre cinética química a partir do desenvolvimento histórico do tema. (Tese de doutorado), Departamento de Química, Universidade de Saão Paulo, SP. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81132/tde-25022013-124601/pt-br.php

Miranda, A. C. G., Pazinato, M. S., & Braibante, M. E. F. (2018). Tendências do ensino e aprendizagem de forças intermoleculares a partir da análise de publicações em periódicos nacionais e internacionais, Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencia, 17(2), 394-419. Recuperado de http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen17/REEC_17_2_06_ex1290.pdf

MEC – Ministério da Educação e do Desporto (1998). Parâmetros curriculares nacionais: Ciências naturais. Brasília, DF: MEC/SEF. Recuperado de http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencias.pdf

MEC – Ministério da Educação. (2018). Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação. Brasília, DF: MEC. Recuperado de http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf

Nakhleh, M. B. (1992). Why some students don't learn Chemistry? - Chemical Misconceptions. Jounal of Chemical Education, 69(3), 191-196. https://doi.org/10.1021/ed069p191

NIaz, M., & Rodríguez, M. A. (2002). Improving learning by discussing controversials in 20th century physics. Physics Education, 59-63. Recuperado de https://iopscience.iop.org/article/10.1088/0031-9120/37/1/308/pdf

Niaz, M. A. (1998). Lakatosian Conceptual Change Teaching Strategy Based on Student Ability to Build Models with Varying Degrees of Conceptual Understanding of Chemical Equilibrium. Science & Education, 2(7), 107-127. https://doi.org/10.1023/A:1008671632536

Niaz, M. A (2001). Rational reconstruction of the origin of the covalent bond and its implications for general chemistry textbooks. International Journal of Science Education, 23(6), 623-641. https://doi.org/10.1080/09500690010006491

Niaz, M. (1995). Relationship between student performance on conceptual and computational problem of chemical equilibrium. International Journal of Science Education. https://doi.org/10.1080/0950069950170306

Niaz, M., & Rodriguez, M.A. (2000). Teaching Chemistry as Rhetoric of Conclusions or Heuristic Principles – A History and Philosophy of Science Perspective. Chemistry Education: Researche and Practice in Europe, (1), 315-322. https://doi.org/10.1039/B0RP90013C

Pazinato, M. S. (2016). Ligações Químicas: Investigação da construção do conhecimento no ensino médio. (Tese de doutorado). Programa de Pós-graduação Educação em Ciências, Universidade Federal de Santa Maria, RS. Recuperado de https://repositorio.ufsm.br/handle/1/3555

Pazinato, M. S., Bernardi, F. M., Miranda, A. C. G., & Braibante, M. E. F. (2021). Epistemological Profile of Chemical Bonding: Evaluation of Knowledge Construction in High School. Journal of Chemical Education (171-246). https://doi.org/10.1021/acs.jchemed.0c00353

Pizzato, M. C. (2010). Enseñanza Coinspirada: Un estúdio de Caso en la Formación de professores de Ciencias. (Tesis doctoral). Universidad de Burgos, España. Recuperado de https://dialnet.unirioja.es/servlet/tesis?codigo=130856

Peterson, R. F., & Treagust, D. F. (1989). Grade-12 students' misconceptions of covalent bonding and structure. Jounal of Chemical Education, 66(6), 459-460. https://doi.org/10.1021/ed066p459

Posner, G., Strike, K., Hewson, P., & Gertzog, W. (1982). ‘Accommodation of a Scientific Conception: Toward a Theory of Conceptual Change’, Science Education 66(2), 211-227. Recuperado de https://eclass.uoa.gr/modules/document/file.php/PHS122/%CE%91%CF%81%CE%B8%CF%81%CE%B1/Posner_Strike_Hewson_Gertzog.pdf

Pozo, J. I., & Crespo, M. Á. G. (2009). Aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico, Porto Alegre, RS: Artmed.

Pozo, R. M. (2001). Prospective teacher’s ideas about the relationships between concepts describing the composition of matter. International Journal of Science Education, 353-371. https://doi.org/10.1080/095006901300069084

Reis, A. S. (2008). Ligações Hidrogênio no cotidiano: uma contribuição para o ensino de Química. (Dissertação de mestrado). Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. Recuperado de https://www.btdeq.ufscar.br/teses-e-dissertacoes/ligacoes-hidrogenio-no-cotidiano-uma-contribuicao-para-o-ensino-de-quimica

Santos, M. de C., Almeida, L. R., & Filho, P. F. S. (2020). O Ensino Contextualizado de Interações Intermoleculares a partir da Temática dos Adoçantes. Ciência & Educação (Bauru), 26, e20028. https://doi.org/10.1590/1516-731320200028

Silva, O. H. M., Nardi, R., & Laburú, C. E. (2008). Uma estratégia de ensino inspirada em Lakatos com instrução de racionalidade por uma reconstrução racional didática. Revista Ensaio, 10(1). http://dx.doi.org/10.1590/1983-21172008100102

Stipcich, S., & Toledo, B. (2001). Una analogía estructural entre Toulmin y Vigotsky como aporte para desarrolar diseños curriculares. Caderno Catarinense de Ensino de Física, 18(1), 41-51. Recuperado de https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5165854

Terrabuio, L. A. (2013). Investigação dos múltiplos atômicos da teoria quântica de átomos em moléculas no estudo de propriedades moleculares. (Dissertação de mestrado). Instituto de Química, Universidade de São Carlos, SP. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/75/75134/tde-23042013-111623/pt-br.php

Torres, N.M., Landau, L., Monteserin, H., & Baumgartney, E. (2010). Fuerzas intermoleculares y su relación com propiedades físicas: búsqueda de obstáculos que dificultan su aprendizaje significativo. Educación Química, 21(3), 212-218. https://doi.org/10.1016/S0187-893X(18)30085-5

Zabala, A. A (1998). Prática Educativa: Como educar (5ª ed.). Porto Alegre, RS: Artmed. Recuperado de https://www.ifmg.edu.br/ribeiraodasneves/noticias/vem-ai-o-iii-ifmg-debate/zabala-a-pratica-educativa.pdf

Downloads

Publicado

2022-09-10

Como Citar

Miranda, A. C. G., Pazinato, M. S., & Braibante, M. E. F. (2022). TRANSIÇÃO PROGRESSIVA DOS MODELOS EXPLICATIVOS DE ESTUDANTES DO NÍVEL MÉDIO SOBRE A NATUREZA DAS FORÇAS INTERMOLECULARES. Investigações Em Ensino De Ciências, 27(2), 01–22. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2022v27n2p01

Edição

Seção

Artigos