A TRADIÇÃO DA BILDUNG NA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E A HERMENÊUTICA FILOSÓFICA COMO HORIZONTE

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2024v29n3p215

Palabras clave:

Bildung, Hermenêutica Filosófica, Educação em Ciências, Didaktik

Resumen

A Didática das Ciências possui diferentes influências cujas tradições curriculares têm como foco desde o ensino do conhecimento disciplinar (anglo-americana) à Bildung (alemã). Esta envolve autoformação, cultivo de si e considera o estudante em múltiplas dimensões, não apenas a intelectual. A Bildung passou por diferentes interpretações historicamente, como a grega, a teológica e a iluminista, o que a leva a perder força na modernidade. Hans-Georg Gadamer foi um filósofo que buscou resgatar a atualidade da Bildung de modo a pensar a autoformação como compreensão de si a partir do outro. O objetivo deste artigo é apresentar a Bildung de Gadamer como um horizonte compreensivo à Educação em Ciências que pode ser um caminho para uma virada ontológica no campo. Dentre os desdobramentos dessa abordagem, destaca-se a necessidade de compreender as relações na EC em termos de uma experiência entre alunos, professores e mundo pautada em uma consciência hermenêutica que cultiva uma postura de alteridade frente ao novo.

Biografía del autor/a

  • Ana Paula Carvalho do Carmo, Universidade Federal do Paraná
    Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM) na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil.
  • Robson Simplicio de Sousa, Universidade Federal do Paraná
    Doutor em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde. Docente Adjunto na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Palotina, PR, Brasil.

Referencias

Abbagnano, N. (2007). Dicionário de Filosofia. (5a ed.). São Paulo, SP: Martins Fontes. Recuperado de https://hugoribeiro.com.br/area-restrita/Abbagnano-Dicionario_Filosofia.pdf

Alves, A. (2019). A tradição alemã do cultivo de si (Bildung) e sua significação histórica. Educação & Realidade, 44(2), 1-18. https://doi.org/10.1590/2175-623683003

Astolfi, J. P., & Develay, M. (1990). A didática das Ciências. Campinas, SP: Papirus.

Bach Junior, J. (2020). O autocultivo e a educação da sensibilidade na pedagogia Waldorf. EccoS–Revista Científica, (53), 16638, 1-6. https://doi.org/10.5585/eccos.n53.16638

Borda, E. J. (2007). Applying Gadamer’s concept of disposition to science and science education. Science & Education, 16(9-10), 1027-1041. https://doi.org/10.1007/s11191-007-9079-5

Braga, M., Guerra, A., & Reis, J. C. (2018). The Enlightenment Paideia: The French Origins of Modern Science Teaching. In M. E. B. Prestes, C. C. Silva (Eds.). Teaching Science with Context: Historical, Philosophical, and Sociological Approaches (pp. 313-325). Cham, Switzerland: Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-319-74036-2

Britto, F. L. (2010). Sobre o conceito de educação (Bildung) na filosofia moderna alemã. Educação on-Line (PUCRJ), 6, 1-14. Recuperado de https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=15522@1

Casagranda, E. A., & Rossetto, M. S. (2019). Da Paideia à Bildung pelo trajeto do “cuidado de si”: formação como autoformação. In C. A. Dalbosco, E. H. Mühl, & H.-G. Flickinger (Orgs.), Formação humana (Bildung): despedida ou renascimento? (pp. 93-112). São Paulo, SP: Cortez.

Chevallard, Y. (2005). La transposición didáctica: del saber sabio al saber enseñado. Buenos Aires, Argentina: Aique Grupo Editor.

Dahlin, B. (2001). The primacy of cognition–or of perception? A phenomenological critique of the theoretical bases of science education. Science & Education, 10, 453-475. https://doi.org/10.1023/A:1011252913699

Dalbosco, C. A., Mühl, E. H., & H.-G.Flickinger (2019). Formação humana (Bildung): despedida ou renascimento? São Paulo, SP: Cortez.

Dalbosco, C. A. (2019). Metamorfoses do conceito de formação: da teleologia fixa ao campo de força. In C. A. Dalbosco, E. H. Mühl, & Flickinger, H.-G. (Orgs.). Formação humana (Bildung): despedida ou renascimento? (pp. 35-64). São Paulo, SP: Cortez.

Duit, R., Schecker, H., Höttecke, D., & Niedderer, H. (2014). Teaching Phisycs. In N. Lederman, & S. K. Abell. (Eds.). Handbook of Research on Science Education (pp. 434-456). New York, United States of America: Routledge.

Fensham, J. P. (2004). Defining an identity. The evolution of science education as a field of research. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publishers.

Ferreira, A. B. H. (2010). Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. (8ª ed.). Curitiba: Positivo.

Flickinger, H.-G. (2011). Herança e futuro do conceito de formação (Bildung). Educação & Sociedade, 32(114), 151-167. https://doi.org/10.1590/S0101-73302011000100010

Friesen, N. (2020). ‘Education as a Geisteswissenschaft’: an introduction to human science pedagogy. Journal of Curriculum Studies, 52(3), 307-322. https://doi.org/10.1080/00220272.2019.1705917

Friesen, N., & Kenklies, K. (2022). Continental pedagogy & curriculum. In R. J. Tierney, F. Rizvi, & K. Erkican. (Eds.). International Encyclopedia of Education. (4a ed.). (pp. 245-255). Amsterdam, Netherlands: Elsevier.

Gadamer, H.-G. (1995). Gesammelte Werke. (10a ed.). Tübingen, Germany: Mohr Siebeck.

Gadamer, H.-G. (1999). Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica (3a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.

Gadamer, H.-G. (2009). Hermenêutica em retrospectiva. Petrópolis, RJ: Vozes.

Gebhard, U., Höttecke, D., & Rehm, M. (2017). Pädagogik der Naturwissenschaften. Wiesbaden, Germany: Springer.

Ginev, D. (1995). Between epistemology and hermeneutics. Science & Education, 4, 147-159.

Goergen, P. (2019). Bildung ontem e hoje: restrições e perspectivas. In C. A. Dalbosco, E. H. Mühl, & H.-G. Flickinger (Orgs.). Formação humana (Bildung): despedida ou renascimento? (pp. 15-34). São Paulo, SP: Cortez.

Grondin, J. (2012). Hermenêutica. São Paulo, SP: Parábola Editorial.

Gundem, B. B. (2000). Understanding European didactics. In B. Moon, M. Ben-Peretz, & S. Brown. (Eds.). Routledge International Companion to Education (pp. 252-279). New York, United States of America: Routledge.

Hermann, N. (2010). Autocriação e Horizonte Comum: Ensaios sobre educação ético-Estética. Ijuí, RS: Unijuí.

Horlacher, R. (2015). Bildung, la formación. Barcelona, España: Octaedro.

Iared, V. G., Di Tullio, A., Payne, P. G., & Oliveira, H. T. (2015). Philosophical Hermeneutics and Critical Pedagogy in Environmental Education Research and Practice. Canadian Journal of Environmental Education (CJEE), 20, 123-138.

Jaeger, W. (1995). Paidéia: a formação do homem grego. (3a ed.). São Paulo, SP: Martins Fontes.

Lago, C. (2014). Experiência Estética e Formação: Articulação a partir de Hans-Georg Gadamer. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS.

Leiviskä, A. (2013). Finitude, Fallibilism and Education towards Non-dogmatism: Gadamer’s hermeneutics in science education. Educational Philosophy and Theory, 45(5), 516–530. https://doi.org/10.1080/00131857.2012.732012

Möllmann, A. D. S. (2011). O Legado da Bildung. (Tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. RS.

Orlandin, G. C., Sousa, R. S., & Galiazzi, M. C. (2023). Linguagem da química na educação química: entre caminhos epistemológicos e hermenêuticos. Travessias, 17(1), 1-17. https://doi.org/10.48075/rt.v17i1.30201

Østergaard, E. (2017). Earth at Rest: Aesthetic Experience and Students’ Grounding in Science Education. Science & Education, 26(5), 557-582. https://doi.org/10.1007/s11191-017-9906-2

Santos, T. S., & Rezende, E. J. C. (2023). A produção do conhecimento no fazer cocriativo do design: diálogos entre Ingold, Gadamer e Freire. Cuadernos del Centro de Estudios de Diseño y Comunicación, 26(209), 163-183.

Schulz, R. M. (2014). Rethinking science education: philosophical perspectives. Charlotte, United States of America: Information Age Publishing.

Schneuwly, B. (2021). ‘Didactiques’ is not (entirely) ‘Didaktik’: The origin and atmosphere of a recent academic field. In E. Krogh, A. Qvortrup, & S.T.Graf. (Eds), Didaktik and curriculum in ongoing dialogue (164-184). New York, United States of America: Routledge.

Sjöström, J., & Eilks, I. (2018). Reconsidering different visions of scientific literacy and science education based on the concept of Bildung. In Y. J. Dori, Z. R. Mevarech, & D. R. Baker (Eds.). Cognition, metacognition, and culture in STEM education (pp. 65-88). Dordrecht, Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-319-66659-4_4

Sjöström, J., Eilks, I. (2020). The Bildung Theory—From von Humboldt to Klafki and Beyond. In B. Akpan, & T. J. Kennedy. (Eds.). Science Education in Theory and Practice (pp. 55-67). Switzerland: Duit, Schecker, Höttecke, & Niedderer

Sjöström, J., Eilks, I., & Talanquer, V. (2020). Didaktik models in chemistry education. Journal of chemical education, 97(4), 910-915. https://doi.org/10.1021/acs.jchemed.9b01034

Sousa, R. S., & Galiazzi, M. C. (2018). A tradição de linguagem em Gadamer e o professor de Química como tradutor-intérprete. ACTIO: Docência em Ciências, Curitiba, 3(1), 268-285. Recuperado de https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/7431/4969

Souza, R. G. M. (2021). Hermenêutica e Formação (Bildung): Um olhar crítico sobre o conceito de formação contemporânea baseado no modelo cientificista-iluminista, sob a perspectiva da Hermenêutica Filosófica de Hans Georg-Gadamer. (Dissertação de mestrado) Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal do Pará, Cametá, PA.

Weber, J. F. (2006). Bildung e educação. Educação e realidade, 31(02), 117-133. Recuperado de https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/6848

Publicado

2024-12-26

Cómo citar

Carmo, A. P. C. do, & Sousa, R. S. de. (2024). A TRADIÇÃO DA BILDUNG NA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E A HERMENÊUTICA FILOSÓFICA COMO HORIZONTE. Investigaciones En Enseñanza De Las Ciencias, 29(3), 215-233. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2024v29n3p215