O PROCESSO DE AUTOSCOPIA COMO FONTE DE REFLEXÃO PARA A AÇÃO EDUCATIVA EM AULAS DE CIÊNCIAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2022v27n2p133

Palavras-chave:

professor reflexivo, autoscopia trifásica, autorreflexão, formação em serviço.

Resumo

Este artigo tem por objetivo investigar o processo de autorreflexão e o desenvolvimento da autonomia de um educador licenciado em ciências biológicas que atuava em diferentes turmas do Ensino Fundamental II numa escola do Estado do Paraná, a partir da proposta do Professor Reflexivo de Schön (1987), de estudos da obra de Dewey (1979a; 1979b; 1976) e de trabalhos contemporâneos como, por exemplo, Carvalho e Passos (2014), Sadalla e Larocca (2004), Rosa-Silva (2008) e Pissolato e Lorencini Júnior (2021), entre outros. Mediante videogravação em diferentes estágios da proposta de coleta de dados aqui considerada, isto é, a realização de entrevistas semiestruturadas, registro ininterrupto de aulas antes e após intervenção, entrevistas diante do vídeo e observação ‘in loco’ e; considerando a proposta de autoscopia trifásica proposta por Rosa-Silva (2008), elaboramos uma proposta personalizada que possibilitou a autorreflexão e desenvolvimento da autonomia docente propiciada pela autoanálise de aulas de ciências. Com este estudo, foi possível evidenciar que a proposta de autoscopia trifásica trata-se de uma importante ferramenta para a formação de professores e que o professor participante, ao experimentar de modo (mais) consciente o processo reflexivo e suas etapas, pode reestruturar suas aulas e, enquanto sujeito da própria profissão, melhor compreender a própria ação educativa em ciências.

Biografia do Autor

Marcos Vinícius Ferreira Codato, Universidade Estadual do Paraná - Unespar Programa de Formação Docente Interdisciplinar - PPIFOR

Mestre em Formação Docente Interdisciplinar pela Unespar (2019), Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Paranaense, campus Paranavaí (2011), Pós Graduado em Nível de Especialização em Biotecnologia pela Universidade Estadual de Mariná - UEM e Pós Graduado em Gestão e Organização Escolar pelo ESAP. Atualmente é docente do Colégio Pequeno Príncipe em convênio com o Positivo, localizado no município de Nova Londrina - PR. Tem experiência nas áreas de Biologia Geral,com ênfase em Anatomia e Fisiologia, Química e Bioquímica, Genética e Biotecnologia, Evolução, Botânica e Ecologia, Bioética e Biossegurança

Paulo César Gomes, Universidade Estadual Paulista - UNESP

Doutor em Educação para a Ciência pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus Bauru - SP (2010). Mestre em Educação Para a Ciência pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus Bauru - SP (2005). Graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Bauru - SP (2002). Atualmente é Professor Assistente Doutor no Departamento de Educação, Campus de Botucatu da Universidade Estadual Paulista - UNESP/IBB. É docente credenciado junto ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ensino: Formação Docente Interdisciplinar, na Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus de Paranavaí. Tem interesse em pesquisas na área de Formação de Professores e Metodologia do Ensino de Ciências e Divulgação Científica.

Referências

Alarcão, I. (2005) (Coord.). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto, Portugal: Porto Editora.

Alarcão, I. (2011). Professores reflexivos em uma escola reflexiva. (8a ed.). São Paulo, SP: Cortez.

Alarcão, I. (1996). Reflexão crítica sobre o pensamento de D. Schön e os programas de formação de professores. Cadernos CIDInE, 1, 5-22. https://www.revistas.usp.br/rfe/article/view/33577/36315

Branco, M. L. (2010). O sentido da educação democrática: revisitando o conceito de experiência educativa em John Dewey. Educação e Pesquisa, 36(2), 599-610. https://doi.org/10.1590/S1517-97022010000200012

Carvalho, A. M. P. (1996). O uso do vídeo na tomada de dados: pesquisando o desenvolvimento do ensino em sala de aula. Pro-posições, 7(1), 5-13. Recuperado de

https://www.fe.unicamp.br/pf-fe/publicacao/1872/19_artigo_carvalhoamp.pdf

Carvalho, D., & Passos, M. (2014). A autoscopia e o desenvolvimento da autonomia docente. Amazônia: Revista de Educação em Ciências e Matemáticas, 10(20), 80-100. Recuperado de http://dx.doi.org/10.18542/amazrecm.v10i20.2300

Chizzotti, A. (2006), Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. Petrópolis, RJ: Vozes.

Chizzotti, A. (2003). Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação, 16(2), 221-236. Recuperado de https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=37416210

Clarke, A. (1994). Student-teacher reflection: developing and defining a practice that is uniquely one’s own. International Journal of Science Education, 16(5), 497-509. Recuperado de https://doi.org/10.1080/0950069940160502

Cunha, M. V. & Garcia, D. C. (2009). A apropriação de John Dewey na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (1944-1964). Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 90(224), 176-203. Recuperado de http://educa.fcc.org.br/pdf/rbep/v90n224/v90n224a09.pdf

Cunha, M. V. (2001). John Dewey: A Utopia democrática. Rio de Janeiro, RJ: DP&A.

Cunha, M. V. (1998). John Dewey: Uma Filosofia para Educadores em Sala de Aula. Petrópolis, RJ: Vozes.

Dewey, J. (2002). A escola e a sociedade: a criança e o currículo. Lisboa, Portugal: Relógio D’Água.

Dewey, J. (1980). Experiência e Natureza. (M. O. R. P. Leme, Tradução). São Paulo, SP: Abril Cultural.

Dewey, J. (1979a). Como pensamos: como se relaciona o pensamento reflexivo com o processo educativo, uma reexposição. (H. C. Campos, Tradução., 4a ed.). São Paulo, SP: Nacional.

Dewey, J. (1979b). Democracia e Educação. (G. Rangel e A. Teixeira, Tradução., 4a ed.). São Paulo, SP: Nacional.

Dewey, J. (1976). Experiência e educação. (A. Teixeira, Tradução., 2a ed.). São Paulo, SP: Companhia Nacional.

Dewey, J. (1959). Reconstrução em Filosofia. (2a ed.). São Paulo, SP: Nacional.

Dewey, J. (1952). El Hombre y Sus Problemas. Buenos Aires, Argentina: Editorial Paidós.

Dorigon, T. C., & Romanowski, J. P. (2008). A reflexão em Dewey e Schön. Revista Intersaberes, 3(5), 8-22. Recuperado de https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/123

Fagundes, T. B. (2016). Os conceitos de professor pesquisador e professor reflexivo: perspectivas do trabalho docente. Revista Brasileira de Educação, 21(65).

https://doi.org/10.1590/S1413-24782016216516

Fávero, A. A., Tonieto, C., & Roman, M. F. (2013). A formação de professores reflexivos: a docência como objeto de investigação. Educação. Revista do Centro de Educação, 38(2), 277-287. Recuperado de https://doi.org/10.5902/198464445483

Flick, U. (2009). Introdução a pesquisa qualitativa. (J. E. Costa, Tradução., 3a ed.). Porto Alegre, RS: Artmed.

Gasque, K. G. D., & Cunha, M. V. (2010). A epistemologia de John Dewey e o letramento informacional. TransInformação, 22(2), 139-146. Recuperado de https://www.scielo.br/j/tinf/a/tNb3H8HWyYmCMTKRj8pvcmQ/?format=pdf&lang=pt

Gasque, K. G. D., & Tescarolo, R. (2004). Sociedade da aprendizagem: informação, reflexão e ética. Ci. Inf., Brasília, 33(3), 35-40. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0100-19652004000300005

Gauthier, C., Bissonnette, S., & Richard, M. (2014). Ensino explícito e desenvolvimento dos alunos: a gestão dos aprendizados. Petrópolis, RJ: Vozes.

Ghedin, E., Oliveira, E. S & Almeida, W. A. (2018). Estágio com pesquisa. (S. G. Pimenta, Revisão Técnica). São Paulo, SP: Cortez.

Ghedin, E. (2005). Professor reflexivo: da alienação da técnica à autonomia da crítica. In S.G. Pimenta & E. Ghedin (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. (3a ed.). São Paulo, SP: Cortez.

Gomes, J. B., & Casagrande, L. D. R. (2002). A educação reflexiva na pós-modernidade: uma revisão bibliográfica. Ver. Latino-am. Enfermagem, 10(5), 696-703. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0104-11692002000500011

Gómez, A. P. (1997). O pensamento prático do professor: a formação do professor como profissional. In: A. Nóvoa (Coord.). Os professores e sua formação (pp. 93-114). (3a ed.). Lisboa, Portugal: Dom Quixote.

Hartman, H. J. (2015). Como ser um profissional reflexivo em todas as áreas do conhecimento. (A. Salvaterra, Tradução., L. V. Corso, Revisão técnica). Porto Alegre, RS: Amgh.

Herdeiro, R. (2007). Práticas reflexivas e desenvolvimento profissional: um estudo de caso com professores do 1º CEB (Dissertação de mestrado). Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, Braga, Portugal. Recuperado de https://hdl.handle.net/1822/44682

Husserl, E. (1996). Investigações lógicas: sexta investigação – elementos de uma elucidação fenomenológica do conhecimento. São Paulo, SP: Nova Cultura.

Lorencini Júnior, Á. (2009). As demandas formativas do professor de ciências. In M. R. Cainelli & I. F. Silva (Orgs). O estágio na licenciatura: a formação de professores e a experiência interdisciplinar na Universidade Estadual de Londrina (pp. 21-42). Londrina, PR: Eduel.

Lorencini Júnior, A. (2000). O Professor e as perguntas na construção do discurso reflexivo em sala de aula. (Tese de doutorado). Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP. Recuperado de

https://teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48133/tde-04042014-145646/publico/ALVARO_LORENCINI.pdf

Ludke, M., & André, M.E.D. A. (2013). Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. (2a ed). Rio de Janeiro, RJ: E.P.U.

Martins, J. A. (2008). Pesquisa Qualitativa. In I. Fazenda (Org.). Metodologia da Pesquisa Educacional. (pp.48-67). São Paulo, SP: Cortez.

Moraes, R., & Galiazzi, M. C. (2016). Análise Textual Discursiva. (3a ed.). Ijuí, RS: Unijuí.

Moraes, R., & Galiazzi, M. C. (2006). Análise textual discursiva: processo reconstrutivo de múltiplas faces. Ciência & Educação (Bauru), 12(1) 117-128.

Moraes, R. (2003). Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual discursiva. Ciência & Educação (Bauru), 9(2), 191-210. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1516-73132003000200004

Morin, E. (2000). A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil.

Nunes, R. L. (2018). Diferentes perspectivas sobre ser professor: a prática pedagógica sob a ótica da racionalidade técnica, do paradigma da prática reflexiva e da pedagogia histórico-crítica. Revista Saber Acadêmico, (25). Recuperado de http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20181113151822.pdf

Pereira, E. A., Martins, J. R., Alves, V. S., & Delgado, E. I. (2009). A contribuição de John Dewey para a Educação. Revista Eletrônica de Educação. 3(1), 154-161. Recuperado de https://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/38/37

Pereira, E. M. A. (1998). Professor como pesquisador: o enfoque da pesquisa-ação na prática docente (pp.153-182). In C. M. D. Geraldi, D. Fiorentini, & E. M. A. Pereira (Orgs.) Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Campinas, SP: Mercado de Letras.

Pissolato, J., & Lorencini Júnior, Á. (2021). O procedimento de autoscopia na formação inicial reflexiva de licenciandos em ciências biológicas. Revista Valore, 6, 941-954. Recuperado de https://revistavalore.emnuvens.com.br/valore/article/view/951/730

Pozo, J. I., & Crespo, M. A. G. (2009). A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. (5a ed.) Porto Alegre, RS: Artmed.

Ramos, F. Z., Knapp, J. S. F., & Lorencini Júnior, (2016). A. Simulações de aula: proposta metodológica de autoavaliação para a formação docente. VI Enebio e VIII Erebio Regional 3. Revista da SBEnBio, (9) 2529-2537. Recuperado de https://sbenbio.org.br/publicacoes/anais/VI_Enebio/VI_Enebio_completo.pdf

Rosa-Silva, P. O., Lorencini Júnior, A., & Laburú, C. E. (2000). A autoscopia como estratégia da sala de espelhos na formação continuada de uma professora de ciências. In EF Mortimer (Org.) Anais do VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências - VII Enpec, Florianópolis, SC. Recuperado de http://www.fep.if.usp.br/~profis/arquivos/viienpec/VII%20ENPEC%20-%202009/www.foco.fae.ufmg.br/cd/pdfs/1430.pdf

Rosa-Silva, P.O., Lorencini Júnior, A., & Laburú, C.E (2010). Análise das reflexões da professora de ciências sobre a sua relação com os alunos e implicações para a prática educativa. Ensino Pesquisa Educação em Ciências, 12(1), 63-82. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1983-21172010120105

Sadalla, A. M. F. A., & Larocca, P. (2004). Autoscopia: um procedimento de pesquisa e de formação. Educação e Pesquisa, 30(3), 419-433. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1517-97022004000300003

Schön, D. A. (2000). Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed.

Schön, D. A. (1992). Formar Professores como Profissionais Reflexivos. In A. Nóvoa, (Org.), Os professores e a sua formação. Lisboa, Portugal: Publicações D. Quixote.

Schön, D. A. (1987). Educating the Reflective Practitioner. San Francisco, United States of America: Jossey-Bass.

Schön, D. A. (1983). The Reflective Practitioner. New York, United States of America: Basic Books.

Souza, R. A. (2010). A filosofia de John Dewey e a epistemologia pragmática. Revista Redescrições, 2(1). Recuperado de https://revistas.ufrj.br/index.php/Redescricoes/article/view/14765/9919

Souza, R. A. & Martineli, T. A. P. (2009). Considerações históricas sobre a influência de John Dewey no pensamento pedagógico brasileiro. Revista HISTEDBR, 35, 160-162. Recuperado de https://doi.org/10.20396/rho.v9i35.8639620

Teitelbaum, K. & Apple, M. (2001). John Dewey. Currículo sem Fronteiras, 1(2), 194-201. Recuperado de https://www.curriculosemfronteiras.org/classicos/teiapple.pdf

Teixeira, A. (1994). Educação Não é Privilégio. Rio de Janeiro, RJ: Ufrj.

Tescarolo, R. (2005). Os sistemas complexos e a escola: a ação, o poder e o sagrado. São Paulo, SP: Escrituras.

Torres, J. R., Gehlen, S.T., Muenchen, C., Gonçalves, F.P., Lindemann, R. H., & Gonçalves, F.J.F. (2008). Resignificação curricular: contribuições da Investigação Temática e da Análise Textual Discursiva. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 8(2). Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4021/2585

Vásquez, A. S. (1998). Ética. (J. Dell’anna, Tradução., 8a. ed.) Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira.

Zanatta, B. A. (2012). O legado de Pestalozzi, Herbart e Dewey para as práticas pedagógicas escolares. Rev. Teoria e prática da Educação, 15(1) 105-112. Recuperado de

https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/18569/9810

Downloads

Publicado

2022-09-10

Como Citar

Codato, M. V. F., & Gomes, P. C. (2022). O PROCESSO DE AUTOSCOPIA COMO FONTE DE REFLEXÃO PARA A AÇÃO EDUCATIVA EM AULAS DE CIÊNCIAS. Investigações Em Ensino De Ciências, 27(2), 133–157. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2022v27n2p133

Edição

Seção

Artigos