CONCEPTUALIZAÇÃO E COERÊNCIA CURRICULAR EM EDUCAÇÃO CIENTÍFICA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2020v25n1p99

Palabras clave:

Educação científica, Exigência conceptual, Coerência curricular, Proposta pedagógica, Inter-relação fotossíntese-respiração

Resumen

O artigo apresenta uma proposta de intervenção pedagógica sustentada em fundamentos teóricos e empíricos que permitem defender uma educação científica conceptualmente exigente, para todos os alunos e aos vários níveis de escolaridade. Argumenta-se que o nível de conceptualização e de coerência curricular de conhecimentos e de capacidades cognitivas deve ser central em currículos e práticas pedagógicas. Argumenta-se também que a relação intradisciplinar, conjuntamente com a exploração de conhecimentos e de capacidades de nível complexo, eleva o nível de exigência conceptual da aprendizagem científica e promove um ensino que considera a estrutura hierárquica característica do conhecimento científico. A proposta de intervenção pedagógica, centrada na inter-relação fotossíntese-respiração, exemplifica a articulação conceptual que deve existir, em contextos de aprendizagem da ciência, entre os vários níveis de escolaridade. Discute-se a importância da implementação de atividades que propiciem aprendizagens científicas conceptualmente e coerentemente articuladas, o que pode exigir uma recontextualização dos currículos, sempre que tal não seja valorizado nos documentos curriculares oficiais.

Biografía del autor/a

Ana Maria Morais, UIDEF, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa

Doutorada em Educação, na especialidade de Sociologia de Educação (Institute of Education of the University of London), professora jubilada da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e investigadora da UIDEF do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

Isabel Pestana Neves, UIDEF, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa

Doutorada em Educação, na especialidade de Didática das Ciências (Universidade de Lisboa), professora aposentada do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (IEUL) e investigadora da UIDEF do IEUL.

Sílvia Ferreira, Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, Torres Vedras, Portugal; e UIDEF, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa

Doutorada em Educação, na especialidade de Didática das Ciências (Universidade de Lisboa), professora de Biologia e Geologia no Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, Torres Vedras, e investigadora na UIDEF, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa.

Margarida Afonso, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco

Doutorada em Educação, na especialidade de Didática das Ciências (Universidade de Lisboa), professora adjunta na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Preciosa Silva, Agrupamento de Escolas Nuno Gonçalves, Lisboa; e UIDEF, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa

Doutorada em Educação, na especialidade de Didática das Ciências (Universidade de Lisboa), professora de Biologia e Geologia no Agrupamento de Escolas Nuno Gonçalves, Lisboa, e investigadora na UIDEF, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa.

Citas

ACC (2006). Methylene Blue, Part 2: The Chemist's Indicator. American Chemistry Council. Recuperado de http://chlorine.americanchemistry.com/Science-Center/Chlorine-Compound-of-the-Month-Library/Methylene-Blue-Part-2-The-Chemists-Indicator

Afonso, M., Alveirinho, D., Tomás, H., Calado, S., Ferreira, S., Silva, P., & Alves, V. (2013). Que ciência se aprende na escola? Lisboa, Portugal: Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Alves, V., & Morais, A. M. (2013). Currículo e práticas pedagógicas. Uma análise sociológica de textos e contextos da educação em ciências. Revista Portuguesa de Educação, 26(1), 219-251.

Amir, R., & Tamir, P. (1994). In-depth analysis of misconceptions as a basis for developing research-based remedial instruction: The case of photosynthesis. The American Biology Teacher, 56(2), 94-100.

Anderson, L. W., Krathwohl, D. (Eds.), Airasian, P., Cruikshank, K., Mayer, R., Pintrich, P., Raths, J., & Wittrock, M. (2001). A taxonomy for learning, teaching and assessing: A revision of Bloom’s Taxonomy of Educational Objectives. Nova Iorque: Longman.

Bell, L. R., Smetana, L., & Binns, I. (2005). Simplifying inquiry instruction: Assessing the inquiry level of classroom activities. The Science Teacher, 72(7), 30–33.

Bernstein, B. (1990). Class, codes and control: Vol. IV, The structuring of pedagogic discourse. Londres: Routledge.

Bernstein, B. (1999). Vertical and horizontal discourse: An essay. British Journal of Sociology of Education, 20(2), 157-173.

Bernstein, B. (2000). Pedagogy, symbolic control and identity: Theory, research, critique (Revised edition). New York: Rowman & Littlefield.

Brandwein, P., Cooper, E., Blackwood, P., Cottom-Winslow, M., Boeschen, J., Giddings, M., Romero, F., & Carin, A. (1980). Concepts in science – Teacher’s edition. New York: Harcourt Brace Jovanovich.

Brandwein, P., Watson, F., & Blackwood, P. (1958). Teaching high school science: A book of methods. New York: Harcourt Brace Jovanovich.

Bruner, J. (1963). The process of education. New York: Vintage Books.

BSCS (Biological Sciences Curriculum Studies) (1995). Developing biological literacy. Dubuque, Iowa: Kendall.

BSCS (Biological Sciences Curriculum Studies) (2009). The Biology teacher’s handbook (4.ª ed.). Arlington, VA: NSTA Press.

Bybee, R. W. (2003). The teaching of science: Content, coherence, and congruence. Journal of Science Education and Technology, 12(4), 343-357.

Bybee, R., & Scotter, P. (2007). Reinventing the science curriculum. Educational Leadership, 64(4), 43-47.

Calado, S., & Neves, I. P. (2012). Currículo e manuais escolares em contexto de flexibilidade curricular - Estudo de processos de recontextualização. Revista Portuguesa de Educação, 25(1), 53-93.

Calado, S., Neves, I. P., & Morais, A. M. (2013). Conceptual demand of science curricula: A study at the middle school level. Pedagogies: An International Journal, 8(3), 255-277. https://doi.org/10.1080/1554480X.2013.795698

Campbell, N., & Reece, J. (2008). Biology (8a. ed.). San Francisco: Pearson/ Benjamin Cummings.

Cantu, L. L., & Herron, J. D. (1978). Concrete and formal Piagetian stages and science concept attainment. Journal of Research in Science Teaching, 15(2), 135-143.

Castro, S. (2017). A construção da ciência na educação científica do ensino secundário: Estudo do discurso pedagógico do programa e de manuais escolares de Biologia e Geologia do 10.º ano e das conceções dos professores. (Tese de doutorado). Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

CIBT (2008). Photosynthesis and respiration in Elodea. Cornell Institute for Biology Teachers. Recuperado de http://cpb-us-e1.wpmucdn.com/blogs.cornell.edu/dist/3/1009/files/2015/05/Elodea-CIBT.pdf

DEB (Departamento de Educação Básica) (2002). Orientações curriculares para o 3.º ciclo do ensino básico - Ciências Físicas e Naturais. Lisboa: Ministério da Educação. Recuperado de http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/ficheiros/eb_cfn_orient_curriculares_3c_0.pdf

DGEBS (Direção Geral dos Ensinos Básico e Secundário) (1991). Programa Ciências da Natureza: Plano de organização do ensino-aprendizagem (volume II). Lisboa: Ministério da Educação. Recuperado de https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/ficheiros/eb_cn_programa_cn_2c_ii.pdf

Domingos, A. M. (atualmente Morais) (1989). Influence of the social context of the school on the teacher's pedagogic practice. British Journal of Sociology of Education, 10(3), 351-366.

Domingos (atualmente Morais), A. M., Neves, I. P., & Galhardo, L. (1983). Ciências do Ambiente: Livro do professor. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Duschl, R., Schweingruber, H., & Shouse, A. (Eds.) (2007). Taking science to school: Learning and teaching science in grade K-8. Washington: National Academies Press.

Dzoma, G. (2015). Experiment: Is energy released by germination seeds? Recuperado de http://www.revision.co.zw/experiment-is-energy-released-by-germinating-seeds/#

Eilks, I., & Hofstein, A. (2017). Curriculum Development in Science Education. In K. Taber & B. Apkan (Eds.), Science Education (pp. 169-181). Netherlands: SensePublishers-Rotterdam.

Ferreira, S., & Morais, A. M. (2014). Conceptual demand of practical work in science curricula: A methodological approach. Research in Science Education, 44(1), 53-80. https://doi.org/10.1007/s11165-013-9377-7

Ferreira, S., & Morais, A. (2017). Exigência conceptual do trabalho prático: abordagem multidisciplinar de análise do discurso pedagógico na aula de ciências. Práxis educativa, 12(1), 25-47. Recuperado de http://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa

Ferreira, S., & Morais, A. (2018). Practical work in science education: Study of different contexts of pedagogic practice. Research in Science Education. https://doi.org/10.1007/s11165-018-9743-6

Gall, M., Gall, J., & Borg, W. (2007). Educational research: An introduction (8a. ed.). Boston: Pearson/Allyn and Bacon.

Geake, J. (2009). The brain at school: Educational neuroscience in the classroom. Berkshire, UK: Open University Press.

Griffard, P., & Wandersee, J. (2001). The two-tier instrument on photosynthesis: What does it diagnose? International Journal of Science Education, 23(10), 1039-1052. https://doi.org/10.1080/09500690110038549

Hickman, C. P., Roberts, L. S., & Larson, A. (2002). Animal diversity (3rd ed.). New York: McGraw-Hill.

Laudan, L. (1984). Science and values: The aims of science and their role in scientific debate. London: University of California Press.

Marzano, R. J., & Kendall, J. S. (2007). The new taxonomy of educational objectives (2a. ed.). Thousand Oaks, CA: Corwin Press.

MEC (Ministério da Educação e Ciência) (2013). Metas Curriculares – Ensino Básico – Ciências Naturais – 5.º, 6.º, 7.º e 8.º anos. Lisboa: Autor. Recuperado de http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/ficheiros/eb_cn_metas_curriculares_5_6_7_8_ano_0.pdf

MEC (Ministério da Educação e Ciência). (2014). Metas Curriculares – Ensino Básico – Ciências Naturais – 9.º ano. Lisboa: Autor. Recuperado de http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/ficheiros/metas_curriculares_ciencias_naturais_9_ano_0.pdf

Melillán, M. C., Cañal, P., & Vega, M. R. (2006). Las concepciones de los estudiantes sobre la fotosíntesis y la respiración: Una revisión sobre la investigación didáctica en el campo de la enseñanza y el aprendizaje de la nutrición de las plantas. Enseñanza de las Ciencias, 24(3), 401-410.

Millar, R., & Osborne, J. (1998). Beyond 2000: Science education for the future. London: King’s College London School of Education.

Millar, R., Tiberghien, A., & Maréchal, J. (2002). Varieties of labwork: A way of profiling labwork tasks. In D. Psillos & H. Niedderer (Eds.), Teaching and learning in the science laboratory (pp. 9-20). Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.

Morais, A. M., & Neves, I. P. (2007). Fazer investigação usando uma abordagem metodológica mista. Revista Portuguesa de Educação, 20(2), 75-104.

Morais, A. M., & Neves, I. P. (2012). Estruturas de conhecimento e exigência conceptual na educação em ciências. Revista Educação, Sociedade & Culturas, 37, 63-88.

Morais, A. M., Neves, I. P., Ferreira, S., Alves, V., Calado, S., & Silva, P. (2014). Currículos, manuais escolares e práticas pedagógicas: Estudo de processos de estabilidade e mudança no sistema educativo. Lisboa: Edições Sílabo.

Pella, M., & Voelker, A. (1968). Teaching the concepts of physical and chemical change to elementary school children. Journal of Research in Science Teaching, 5(4), 311-323.

Popper, K. (1959). The logic of scientific discovery. London: Hutchinson.

Silva, P., Morais, A. M., & Neves, I. P. (2013a). O currículo de ciências no 1º Ciclo do Ensino Básico. Estudo de (des)continuidades na mensagem pedagógica. Revista Portuguesa de Educação, 26(1), 179-217.

Silva, P., Morais, A. M., & Neves, I. P. (2013b). Materiais curriculares, práticas e aprendizagens. Estudo no contexto das ciências do 1º Ciclo do Ensino Básico. Revista Práxis Educativa, 8(1), 133-171.

Veerendra (2017). Selina ICSE Solutions for Class 9 Biology – Respiration in plants. Recuperado de https://www.aplustopper.com/selina-icse-solutions-class-9-biology-respiration-plants/

Vygotsky, L. (1978). Mind in society: The development of higher psychological processes. Ed. M. Cole, V. John-Steiner, S. Scribner, & E. Souberman. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Young, M. (2009). Education, globalization and the ‘voice of knowledge’. Journal of Education and Work, 22(3), 193-204.

Publicado

2020-05-01

Cómo citar

Morais, A. M., Neves, I. P., Ferreira, S., Afonso, M., & Silva, P. (2020). CONCEPTUALIZAÇÃO E COERÊNCIA CURRICULAR EM EDUCAÇÃO CIENTÍFICA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA. Investigaciones En Enseñanza De Las Ciencias, 25(1), 99–119. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2020v25n1p99