ABORDAGEM TEMÁTICA E CONHECIMENTO ESCOLAR CIENTÍFICO COMPLEXO: ORGANIZAÇÕES TEMÁTICA E CONCEITUAL PARA PROPOSIÇÃO DE PERCURSOS ABERTOS

Autores

  • Giselle Watanabe Centro de Ciências Humanas e Naturais Universidade Federal do ABC Avenida dos Estados, 5001, Santo André, São Paulo, Brasil
  • Maria Regina Dubeux Kawamura Instituto de Física Universidade de São Paulo Avenida do Matão, 1371, São Paulo/SP, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2017v22n3p145

Palavras-chave:

Ensino de Ciências, Complexidade, Organização Temática, Organização Conceitual, Meio Ambiente

Resumo

O conhecimento escolar das ciências, de forma tradicional, especialmente no ensino médio, consolida-se a partir de um conjunto de conteúdos conceituais que refletem uma dada construção histórica da ciência de referência, seja ela Biologia, Física ou Química.  Nesse formato, os livros didáticos apresentam, em geral, uma visão mais determinista e reducionista. Esse esquema tem consequências que impactam na formação dos alunos, dentre as quais uma aprendizagem mecanizada e com pouco significado.  Em um movimento de contraposição a essas limitações, vêm sendo propostas e discutidas, na área de pesquisa em ensino de ciências, abordagens denominadas temáticas, que propõem o tratamento um dado tema, considerado de relevância para a formação dos jovens. No entanto, a organização por temas dificulta sua inserção na cultura escolar curricular. Diante dessa questão, esse artigo pretende investigar possíveis formas de aproximação entre as duas abordagens mencionadas (tradicional e temática), identificando possibilidades para a construção de um conhecimento com potencial para promover uma formação mais crítica e reflexiva. Com essa perspectiva, metodologicamente, a pesquisa propõe uma reflexão teórica a partir do olhar da complexidade acerca dos trabalhos com temas, mas considerando a realidade escolar nacional. Dessas considerações emergem, por contraposição, a proposta de articulação entre duas formas de organização, uma conceitual e outra temática, que abrem espaço para escolhas diversificadas por parte dos professores, a partir de considerações de seus cotidianos escolares e dos objetivos formativos pretendidos. Essas escolhas são representadas pelo que denominamos de percursos temáticos abertos. Dos resultados, conclui-se que as estratégias propostas podem promover um outro olhar da ciência, o da complexidade, possibilitando tratar questões de natureza aberta e dinâmica e, com isso, abrir espaços para reflexões sobre sentidos, atitudes e valores. Ao mesmo tempo, apontam para formas de atuação dos professores com maior autonomia e protagonismo.

Biografia do Autor

Giselle Watanabe, Centro de Ciências Humanas e Naturais Universidade Federal do ABC Avenida dos Estados, 5001, Santo André, São Paulo, Brasil

Possui doutorado (2012) e mestrado (2008) em Ensino de Ciências, modalidade Física, pelo Programa Interunidades (IFUSP/ FEUSP) da Universidade de São Paulo. Pós doutorado pelo Departamento Didáctica de las Ciencias Experimentales y Sociales da Universidad de Sevilla e graduação em licenciatura em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Atualmente é professora da universidade Federal do ABC.

Maria Regina Dubeux Kawamura, Instituto de Física Universidade de São Paulo Avenida do Matão, 1371, São Paulo/SP, Brasil

Possui Bacharelado em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1972), com Mestrado (1979) e Doutorado (1986) em Física pela Universidade de São Paulo. É docente dessa universidade desde 1986, atuando também junto à Pós Graduação Interunidades de Ensino de Ciências da USP. Desenvolve atividades voltadas para a educação científica, em Ensino de Física em múltiplos níveis, com ênfase em pesquisas sobre diferentes dimensões do conhecimento científico curricular.

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Publicado

2017-12-16

Como Citar

Watanabe, G., & Kawamura, M. R. D. (2017). ABORDAGEM TEMÁTICA E CONHECIMENTO ESCOLAR CIENTÍFICO COMPLEXO: ORGANIZAÇÕES TEMÁTICA E CONCEITUAL PARA PROPOSIÇÃO DE PERCURSOS ABERTOS. Investigações Em Ensino De Ciências, 22(3), 145–161. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2017v22n3p145

Edição

Seção

Artigos