CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS DE LARRY LAUDAN: UMA AMPLA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NOS PRINCIPAIS PERIÓDICOS BRASILEIROS DO ENSINO DE CIÊNCIAS E ENSINO DE FÍSICA

Autores

  • Carlos Alexandre Santos Batista Universidade Federal de Santa Catarina
  • Luiz Orlando Quadro Peduzzi Departamento de Física Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica Universidade Federal de Santa Catarina Campus Universitário Trindade, Florianópolis, SC, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2019v24n2p38

Palavras-chave:

Laudan, Concepções epistemológicas, Ensino de Ciências, Ensino de Física

Resumo

O presente artigo apresenta a sistematização (identificação, enumeração e discriminação) acerca de como são operacionalizadas as concepções epistemológicas de Larry Laudan na literatura brasileira do Ensino de Ciências e Ensino de Física. Para tanto, empreende-se uma ampla revisão bibliográfica em oito importantes periódicos brasileiros, cujo recorte temporal compreende o período de 1979 a 2017. Fundamentada no aporte metodológico da Análise de Conteúdo, a sistematização concentrou-se nos objetivos dos trabalhos, no foco de operacionalização e seus resultados. As constatações evidenciam que o epistemólogo possui relevante visibilidade na literatura brasileira, porém é reduzido o número de pesquisadores (as) que operacionalizam suas concepções. A operacionalização de suas ideias serve para a construção de analogias, fazer contraponto com outros epistemólogos, construção de modelo de referência para a prática docente em nível superior e exploração de episódio histórico. No campo investigativo da aprendizagem, via modelo de mudança conceitual, as analogias construídas servem tanto para estabelecer relações entre as concepções espontâneas dos estudantes e os conceitos epistemológicos de Laudan, quanto para aperfeiçoar o próprio modelo. Destas constatações, observa-se que a visão pragmática de Laudan da Ciência como atividade de solução de problemas contribui de forma substancial para auxiliar na compreensão da natureza da ciência e do processo de ensino-aprendizagem. Portanto, considerando o pequeno número de trabalhos que exploram essa concepção, um caminho promissor pode ser conquistado ao se ampliar suas contribuições, na direção de apontar a proficuidade de suas ideias para a comunidade brasileira da educação científica.

Biografia do Autor

Carlos Alexandre Santos Batista, Universidade Federal de Santa Catarina

Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica

Referências

Bardin, L. (1997). Análise de conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70.

Carvalho, A. M. P., & Vannucchi, A. (1996). O currículo de física: inovações e tendências nos anos noventa. Investigações em Ensino de Ciências, 1(1), 3-19. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/644/435

Cordeiro, M. D., & Peduzzi, L. O. Q. (2016). Valores, métodos e evidências: objetividade e racionalidade na descoberta da fissão nuclear. ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, 9(1), 235-262. https://doi.org/10.5007/1982-5153.2016v9n1p235

Dal Magro, T. (2013). Critério de decisão entre hipóteses científicas Rivais: Kuhn, Lakatos e Laudan. Cognitio-Estudos, 10(2), 174-190. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/cognitio/article/view/12701/13259

Damásio, F., & Peduzzi, L. O. Q. (2017). Para que ensinar ciência no século XXI? – Reflexões a partir da filosofia de Feyerabend e do ensino subversivo para uma aprendizagem significativa crítica. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 20(e2951), 1-17. http://dx.doi.org/10.1590/1983-21172018200114

Greca, I. M., Costa, S. S. C., & Moreira, M. A. (2002). Análise descritiva e crítica dos trabalhos de pesquisa submetidos ao III ENPEC. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte, 2(1), 73-82. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4150

Gurid, V., Salinas, J., & Villani, A. (2006). Contribuciones de la epistemología de Laudan para la comprensión de concepciones epistemologicas sutentadas por estudiantes secundarios de física. Investigações em Ensino de Ciências, 11(1), 97-117. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/506/305

Hessen, B. (1984). As raízes sociais e econômicas dos “Principia” de Newton. Revista de Ensino de Física, 6(1), 37-55. Recuperado de http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/vol06a06.pdf

Hodson, D. (1993). Philosophic stance of secondary school science teachers, curriculum experiences and children’s understanding of science: some preliminary findings. Interchange, 24(1-2), 41-52. https://doi.org/10.1007/BF01447339

Koyré, A. (2012). Estudos de história do pensamento científico. (3a ed.). São Paulo, SP: Forense Universitária.

Kuhn, T. (1971). La estructura de las revoluciones científicas. Tradução de Agustín Contin. Tlalpan, México: Fce.

Kuhn, T. (1990). A revolução copernicana: a astronomia planetária no desenvolvimento do pensamento ocidental. Tradução de Marília Costa Fontes. Lisboa, Portugal: Edições 70.

Lacey, H. (1998). Valores e atividade científica. São Paulo, SP: Discurso Editorial/FAPESP.

Laudan, L. (1977). Progress and its problems: towards a theory of scientific growth. Berkeley, United States of America: University of California Press.

Laudan, L. (1984). Science and values. Berkeley, United States of America: University of California Press.

Laudan, L. (2011). O progresso e seus problemas: rumo a uma teoria do crescimento científico. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo, SP: Unesp.

Lakatos, I. (1989). La metodología de los programas de investigación científica. Madrid, España: Alianza.

Longino, H. (1990). Science as a social knowledge. Princeton, United States of America: Princeton University Press.

Matthews, M. R. (1995). História e filosofia e ensino de ciências: uma tendência atual de reaproximação. Caderno Catarinense de Ensino de Física, 12(3), 164-214. https://doi.org/10.5007/%25x

Matthews, M. R. (1989). A role for history and philosophy in science teaching. Interchange, 20(2), 3-15. https://doi.org/ 10.1007/BF01807043

Medeiros, A., & Monteiro, M. A. A. (2002). Invisibilidade dos pressupostos e das limitações da teoria copernicana nos livros didáticos de física. Caderno Catarinense de Ensino de Física, 19(1), 28-50. https://doi.org/10.5007/%25x

Mendonça, A. L. O., & Videira, A, A. P. (2007). Progresso científico e incomensurabilidade em Thomas Kuhn. Revista Scientiae Studia, 5(2), 169-83. http://dx.doi.org/10.1590/S1678-31662007000200003

Moreira, M. A., & Massoni, N. T. (2011). Epistemologias do século XX. São Paulo, SP: Pedagógica Universitária Ltda.

Mortimer, E. F. (1996). Construtivismo, Mudança Conceitual e Ensino de Ciências: para onde vamos? Investigações em Ensino de Ciências, 1(1), 20-39, 1996. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/645

Moura, B. A. (2014). O que é natureza da Ciência e qual sua relação com a História e Filosofia da Ciência? Revista Brasileira de História da Ciência, 7(1), 32-46. Recuperado de http://www.sbhc.org.br/arquivo/download?ID_ARQUIVO=1932

Nickles, T. (2017). Historicist Theories of Scientific Rationality. The Stanford Encyclopedia of Philosophy Recuperado de https://plato.stanford.edu/entries/rationality-historicist/#HistConcRatiBattBigSyst

Ostermann, F., Cavalcanti, C. J. H., Ricci, T. F., & Prado, S. D. (2008). Tradição de pesquisa quântica: uma interpretação na perspectiva da epistemologia de Larry Laudan. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, 7(2), 367-386. Recuperado de http://hdl.handle.net/10183/94531

Ovando, M. M., & Cudmani, L. C. (2004). Primeros resultados de una experiencia piloto sobre enseñanza de la física en carreras de ingeniería agronómica. Investigações em Ensino de Ciências, 9(3), 223-242. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/527

Pesa, M., & Ostermann, F. (2002). La ciencia como actividad de resolución de problemas: la epistemología de Larry Laudan y algunos aportes para las investigaciones educativas en ciencias. Caderno Catarinense de Ensino de Física, 19(n. esp.), 84-99. https://doi.org/10.5007/%25x

Posner, G., & Strike, K. (1993). A revisionist theory of conceptual change. In: Duschl, R., & Hamilton, R. (Eds.). Philosophy of Science, cognitive psychology and educational theory and practice (147-176). New York, United States of America: State University of New York Press.

Queirós, W. P., Batisteli, C. B., & Justina, L. A. D. (2009). Tendência das pesquisas em história e filosofia da ciência e ensino de ciências: o que o ENPEC e o EPEF nos velam? In Atas do Encontro Nacional de Educação em Ensino de Ciências – SC (p.1-12). Florianópolis, SC, Brasil.

Schirmer, B. S., & Sauerwein, S. P. I. (2014). Recursos Didáticos e história e filosofia da ciência em sala de aula: uma análise em periódicos de ensino nacionais. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 14(3), 61-77. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4293

Teixeira, E. S., Greca, I. M., & Freire, J. O. (2012). The history and philosophy of science in physics teaching: a research synthesis of didactic interventions. Science & Education, 21(6), 771–796. https://doi.org/10.1007/s11191-009-9217-3

Villani, A., Barolli, E., Cabral, T. C. B., Fagundes, M. B., & Yamazaki, S. C. (1997). Filosofia da ciência, história da ciência e psicanálise: Analogias para o ensino de Física. Caderno Catarinense de Ensino de Física, 14(1), 37-55. https://doi.org/10.5007/%25x

Villani, A. (1992). Conceptual change in science and science education. Science Education, 76(2), 223-237. https://doi.org/10.1007/BF00869953

Downloads

Publicado

2019-08-28

Como Citar

Batista, C. A. S., & Peduzzi, L. O. Q. (2019). CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS DE LARRY LAUDAN: UMA AMPLA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NOS PRINCIPAIS PERIÓDICOS BRASILEIROS DO ENSINO DE CIÊNCIAS E ENSINO DE FÍSICA. Investigações Em Ensino De Ciências, 24(2), 38–55. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2019v24n2p38

Edição

Seção

Artigos