SIGNIFICAÇÕES DE QUALIDADE E CRISE DA EDUCAÇÃO CIENTÍFICA NAS POLÍTICAS CURRICULARES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2019v24n3p147Palavras-chave:
Ensino de Ciências, Política de Currículo, Teoria do Discurso, Pós-estruturalismoResumo
Neste texto, problematizamos o movimento de hegemonização do discurso da qualidade da educação científica e a noção de crise a ele associado em um enfoque discursivo. Focalizamos as demandas reivindicadas por comunidades epistêmicas de Ensino de Ciências mediante os nomes Natureza da Ciência, Qualidade e Crise da educação científica, buscando compreender como o esvaziamento desses significantes participa na disputa pela significação do que seja uma experiência escolar relevante em ciências. Argumentamos que as demandas estão articuladas em torno da tentativa de definição de uma identidade essencial para a educação em ciências, antagonizando-se a políticas não prescritivas de currículo. Defendemos a impossibilidade última de controle da significação do currículo, do ensino de ciências e do espaço social, mantendo a educação em ciências aberta ao risco e a alteridade irredutível, desvinculando-a de fundamentos educacionais universais.Referências
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