A AUTOSCOPIA BIFÁSICA INTEGRADA AO MICROENSINO: UMA ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO REFLEXIVA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE QUÍMICA
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2017v22n1p01Palavras-chave:
Ensino de Química, Professor Reflexivo, Autoscopia, Formação Inicial de ProfessoresResumo
A presente pesquisa tem como foco de estudo a formação inicial reflexiva de uma estudante de um curso de licenciatura em Química, durante as atividades de microensino, desenvolvidas na disciplina de Estágio Supervisionado. Para a implementação da investigação integramos as fases do microensino às fases da autoscopia, propondo a autoscopia bifásica, desenvolvida em duas fases: a interativa e a pós-ativa, como procedimento realizado para a coleta de dados e intervenção reflexiva com a estudante. Nesse contexto, o objetivo da investigação consistiu em caracterizar como a estudante dá sentidos às suas reflexões e de que modo essas reflexões podem interferir na construção do seu perfil docente. Os resultados obtidos são decorrentes da análise, interpretação e sistematização dos dados, por meio dos “momentos” reflexivos descritos por Schön, a partir dos conteúdos das reflexões da estudante de licenciatura, que denominamos de Liz. Mediante a análise das reflexões, identificamos quatro “momentos” de alerta na prática reflexiva de Liz, porém, constatamos que o alerta 1, referente a dificuldade encontrada na abordagem do conteúdo foi responsável pela ocorrência dos demais alertas ao longo do seu microensino. Deste modo, depreendemos que o alerta 1 pode ser caracterizado como um elemento surpresa que não foi enquadrado nos moldes do que Liz aprendeu a tratar como uma prática “convencional”, e por isso foi necessário estabelecer um diálogo reflexivo com a situação educativa para configurar tal problema por meio de uma resposta que não fosse rotineira e espontânea. Nessa situação, ao reestruturar as suas estratégias de ação, Liz reconheceu os problemas decorrentes da sua prática de ensino, provenientes da dificuldade em como abordar o conteúdo. Mediante as análises realizadas reconhecemos as potencialidades da integração entre o microensino e a autoscopia como uma forma de possibilitar momentos reflexivos relacionados à prática de ensino na formação de futuros professores.Referências
Alarcão, I. (1996). Reflexão crítica sobre o pensamento de D. Schön e os programas de formação de professores. Revista da Faculdade de Educação, 22(2), 11-42. DOI: 10.1590/S0102-25551996000200002
Alarcão, I. (2003). Professores reflexivos em uma escola reflexiva (2a. ed.). São Paulo, SP: Cortez.
Arrigo, V. (2015). Estudo sobre as reflexões dos estudantes em Química nas atividades de microensino: implicações para a formação inicial docente (Dissertação de mestrado) Universidade Estadual de Londrina, Londrina. Recuperado de http://www.uel.br/pos/mecem/arquivos_pdf/Dissert.%20Versao%20final%20(Viviane%20Arrigo).pdf
Bogdan, R. C., & Biklen, S. K. (1994). Investigação qualitativa em educação. Porto, Portugal: Porto Editora.
Brasil. Resolução CNE/CP 2/2002, de 19 de fevereiro de 2002. Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior. Diário Oficial da União, Brasília, 4 mar. 2002.
Brasil. Resolução CNE/CP 2/2015, de 01 de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Diário Oficial da União, Brasília, 2 jul. 2015.
Brasil. Parecer CNE/CP 28/2001, de 02 de outubro de 2001. Dá nova redação ao Parecer CNE/CP 21/2001, que estabelece a duração e a carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Diário Oficial da União, Brasília, 18 jan. 2002.
Candau, V. M. F. (Coord.). (1987). Novos rumos da licenciatura. Brasília, DF: Inep.
Carvalho, A, M, P. (2012). Os Estágios nos Cursos de Licenciatura. São Paulo, SP: Cengage Learning.
Carvalho, A. M. P., & Gil-Pérez, D. (2006). Formação de professores de ciências (8a. ed.). São Paulo, SP: Cortez Editora.
Clarke, A. (1994). Student-teacher reflection: developing and defining a practice that is uniquely one’s own. International Journal Science Education, 16(5), 497-509. DOI: 10.1080/0950069940160502
Dewey, J. (1979). Como pensamos: como se relaciona o pensamento reflexivo com o processo educativo, uma reexposição (4a. ed.). São Paulo, SP: Nacional.
Fernandes, S. D. S. (2004). Vídeo-formação: uma experiência de videoscopia com professores estagiários (Dissertação de mestrado), Universidade do Minho, Braga. Recuperado de http://hdl.handle.net/1822/573
Gasque, K. C. G. D., & Cunha, M. V. (2010). A epistemologia de John Dewey e o letramento informacional. Transinformação, 22(2), 139-146.
Gauche, R., Silva, R. R., Baptista, J. A., Santos, W. L. P., Mól, G. S., & Machado, P. F. L. (2008). Formação de Professores de Química: concepções e Proposições. Química Nova na Escola, (27), 26-29.
Kulcsar, R. (1991). O Estágio Supervisionado como atividade integradora. In Bertholo Piconez, S. C. (Coord.), A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado (pp.57-68). Campinas, SP: Papirus.
Lorencini Jr., Á. (2000). O professor e as perguntas na construção do discurso em sala de aula (Tese de doutorado), Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48133/tde-04042014-145646/pt-br.php
Lorencini Jr., Á. (2009). As demandas formativas do professor de ciências. In Cainelli, M. R., & Silva, I. F. (Orgs.). O estágio na licenciatura: a formação de professores e a experiência interdisciplinar na Universidade Estadual de Londrina (pp. 21-41). Londrina, PR: UEL.
Maldaner, O. A. (1999). A pesquisa como perspectiva de formação continuada do professor de química. Química Nova, 22(2), 289-292.
Maldaner, O. A. (2013). A formação inicial e continuada de professores de química: professores/pesquisadores (4a. ed.). Ijuí, RS: Unijuí.
Pereira, J. E. D. (1999). As licenciaturas e as novas políticas educacionais para a formação docente. Educação & Sociedade, 20(68), 109-125. DOI: 10.1590/S0101-73301999000300006
Piconez, S. C. B. (1991). A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado: a aproximação da realidade escolar e a prática da reflexão. In Bertholo Piconez, S. C. (Coord.), A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado (pp. 13-34). Campinas, SP: Papirus.
Pimenta, S. G. (2006). Professor reflexivo: construindo uma crítica. In Garrido Pimenta, S. & Ghedin, E. (Orgs.), Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito (pp. 17-52) (4a. ed.). São Paulo, SP: Cortez.
Rosa-Silva, P. O., & Lorencini Jr., Á. (2007). Análise das reflexões de uma professora de ciências do ensino fundamental sobre avaliação escolar. Estudos em Avaliação Educacional. 18(38), 111-136. DOI: 10.18222/eae183820072086
Rosa-Silva, P. O. (2008). Estudo das reflexões sobre a ação de uma professora de Ciências: um caso de formação continuada (Dissertação de mestrado), Universidade Estadual de Londrina, Londrina. Recuperado de http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000129042
Rosa-Silva, P. O., & Lorencini Jr., Á. (2009). As reflexões de uma professora de Ciências: análise da dimensão emocional e suas implicações para a relação interpessoal. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, 8(3), 936-951.
Rosa-Silva, P. O., Lorencini Jr., Á., & Laburú, C. E. (2010). Análise das reflexões da professora de ciências sobre a sua relação com os alunos e implicações para a prática educativa. Revista Ensaio, 12(1), 63-82.
Roth, T. F. S. (2014). As autorreflexões de uma professora de Ciências ao adotar a Metodologia de Ensino por Investigação e o Modelo Didático de Formulação de Perguntas: implicações para o desenvolvimento profissional docente (Dissertação de mestrado), Universidade Estadual de Londrina, Londrina. Recuperado de http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000191298
Sadalla, A. M. F. A., & Larocca, P. (2004). Autoscopia: um procedimento de pesquisa e de formação. Educação e Pesquisa, 30(3), 419-433.
Saint-Onge, M. (2001). O Ensino na escola: o que é, como se faz (2a. ed.). São Paulo, SP: Loyola.
Sant’Anna, F. M. (1979). Microensino e habilidades técnicas do professor. São Paulo, SP: McGraw-Hill do Brasil.
Schön, D. A. (1992). Formar professores como profissionais reflexivos. In Nóvoa, A. (Coord.), Os professores e a sua formação (pp. 79-91). Lisboa, Portugal: Dom Quixote.
Schön, D. A. (2000). Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Tradução de Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre, RS: Artmed.
Silva, C. S., & Oliveira, L. A. A. (2009). Formação inicial de professores de química: formação específica e pedagógica. In NARDI, R. (Org.), Ensino de ciências e matemática I: temas sobre a formação de professores (pp. 43-57). São Paulo, SP: Editora Unesp/Cultura Acadêmica.
Silva, R. M. G., & Schnetzler, R. P. (2008). Concepções e ações de formadores de professores de Química sobre o estágio supervisionado: propostas brasileiras e portuguesas. Química Nova, 31(8), 2174-2183.
Silva, R. M. G., & Schnetzler, R. P. (2011). Estágios curriculares supervisionados de ensino: partilhando experiências formativas. EntreVer, 1(1), 116-136.
Tardif, M. (2010). Saberes Docentes e Formação Profissional (11a. ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.
Zeichner, K. M. (1993). A Formação Reflexiva de Professores: Ideias e Práticas. Lisboa, Portugal: Educa.
Zeichner, K. M. (2008). Uma análise crítica sobre a “reflexão” como conceito estruturante na formação docente. Educação & Sociedade, 29(103), 535-554. DOI: 10.1590/S0101-73302008000200012
Zucco, C., Pessini, F. B. T., & Andrade, J. B. (1999). Diretrizes curriculares para os cursos de Química. Química Nova, 22(3), 454-461.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A IENCI é uma revista de acesso aberto (Open Access), sem que haja a necessidade de pagamentos de taxas, seja para submissão ou processamento dos artigos. A revista adota a definição da Budapest Open Access Initiative (BOAI), ou seja, os usuários possuem o direito de ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, buscar e fazer links diretos para os textos completos dos artigos nela publicados.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do trabalho e, ao enviar o artigo para a revista, está garantindo que tem a permissão de todos para fazê-lo. Da mesma forma, assegura que o artigo não viola direitos autorais e que não há plágio no trabalho. A revista não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.
Todos os artigos são publicados com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Os autores mantém os direitos autorais sobre suas produções, devendo ser contatados diretamente se houver interesse em uso comercial dos trabalhos.