CIÊNCIA, ARTE E FILOSOFIA: MOBILIZANDO DISCURSOS NO USO EDUCATIVO DO CINEMA NUMA ATIVIDADE NÃO FORMAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2021v26n1p305

Palavras-chave:

Educação em Ciências, Cinema, Teoria da atividade, Educação não formal

Resumo

Este artigo tem como objetivo compreender o uso educativo do cinema na divulgação científica no âmbito de uma atividade não formal de ensino, que incluía o debate com um convidado após a apresentação do filme, do gênero ficção científica, “A Origem” para uma audiência diversificada (estudantes universitários, moradores da cidade e turistas). Analisamos o discurso empreendido pelo convidado considerando interfaces entre ciência, filosofia e arte, sob a perspectiva histórico-cultural, teoria da atividade e do materialismo histórico e dialético. Os resultados apontam para diferentes estratégias enunciativas, dentre elas: a mobilização de saberes de distintas esferas de criação ideológica - ciência, arte e filosofia - enquanto sistemas estruturados de produção e atuação humana; e o estabelecimento de vínculos ontológicos (ciência-realidade; ciência-ficção e filosofia-ficção) com os objetos discursivos da sessão comentada de cinema. O caso analisado mostra, ainda, que atividades educativas podem ser melhor compreendidas como compostas por subordinação de ações estruturadas e conscientes.

Biografia do Autor

Guilherme da Silva Lima, UFOP

Licenciado em Física, mestre e doutor em Educação, atua no Departamento de Física

Referências

Abrantes, A. A., & Martins, L. M. (2007). A produção do conhecimento científico: relação sujeito-objeto e desenvolvimento do pensamento. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 11(22), 313-325. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832007000200010

Almeida, C., Correa, M. F. N., Bento, L., Jardim, G. A., Ramalho, M., & Dahmaouche, M. (2018). Ciência e teatro: um estudo sobre as artes cênicas como estratégia de educação e divulgação da ciência em museus. Ciência & Educação (Bauru),24 (2),375-393. https://doi.org/10.1590/1516-731320180020008

Almeida, J., Silva, C., Suppia, A. L. P. O. & Stalbaum, B. (2017). Passages on Brazilian scientific cinema. Public Understanding of Science, 26(5), 579-595. https://doi.org/10.1177/0963662516683638

Almeida, R. (2017). Cinema e educação: fundamentos e perspectivas. Educação em Revista, 33, 1-27. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698153836

Aniceto, P. D. (2015). El tiempo de la comunicación discursiva. La segunda voz del carnaval y las estrategias de la inversión. Trabalhos em linguística aplicada, 54(3), 435-455. http://dx.doi.org/10.1590/010318134799171841

Asbahr, F. S. F. (2005). A pesquisa sobre a atividade pedagógica: contribuições da teoria da atividade. Revista Brasileira de Educação, 29, 108-118. https://doi.org/10.1590/S1413-24782005000200009

Barros, l. M. (2008). Cântico dos Quânticos: ciência e arte nas canções de Gilberto Gil. Revista Fronteiras – estudos midiáticos, X(1), 14-22.

Braund, M., & Reiss, M. J. (2019). The ‘Great Divide’: How the Arts Contribute to Science and Science Education. Canadian Journal of Science, Mathematics and Technology Education, 19, 219–236. https://doi.org/10.1007/s42330-019-00057-7

Cohen, L., Manion, L., & Morrison, K. (2007). Research Methods in Education. 6th edition. London, England: Routledge.

Duarte, N. (1998), Relações entre ontologia e epistemologia e a reflexão filosófica sobre o trabalho educativo. Perspectiva, 16 (29), 99-116. https://doi.org/10.5007/%25x

Duarte, N. (2004). Formação do indivíduo, consciência e alienação: o ser humano na psicologia de A. N. Leontiev. Caderno CEDES, 24 (62), 44-63. https://doi.org/10.1590/S0101-32622004000100004

Eidt, N. M., & Duarte, N. (2007). Contribuições da teoria da atividade para o debate sobre a natureza da atividade de ensino escolar. Psicologia da Educação, 24, 51-72. Recuperado em 02 de novembro de 2020, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752007000100005&lng=pt&tlng=pt

Fernandes, J., Lima, G. S., & Aguiar Jr., O. G. (2021). The Representations of Stephen Hawking in the Biographical Movies. Revista brasileira de pesquisa em educação em Ciências, 21, p. e29624-30. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2021u195224

Ferreira, J. C. D., & Barbosa, R. G. (2018). Os discursos nos filmes de ficção científica: ensino de ciências e a produção de sentidos na perspectiva socioambiental. ACTIO: Docência em Ciências, 3, 80-97. http://dx.doi.org/10.3895/actio.v3n2.7484

Ferreira, J. D., & Raboni, P. A. (2013). A ficção científica de Júlio Verne e o ensino de Física: uma análise de “Vinte Mil Léguas Submarinas”. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 30, 84-103. https://doi.org/10.5007/2175-7941.2013v30n1p84

Galili, i. (2013). On the Power of Fine Arts Pictorial Imagery in Science Education. Science & Education, 22, 911–1938. https://doi.org/10.1007/s11191-013-9593-6

Gomes, T. C., Di Giorgi, C. A. G., & Raboni, P. C. A. (2011). Física e Pintura: dimensões de uma relação e suas potencialidades no ensino de física. Revista Brasileira de Ensino de Física, 33, 1-10. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-11172011000400014

González, N. A. Z., & Albarracín, L. M. M. (2020). La producción discursiva de profesores de química en formación inicial: una experiencia en la enseñanza de ciencias mediada por el cine. Educación Química, 31 (1), 127-137. DOI: http://dx.doi.org/10.22201/fq.18708404e.2020.1.70383

Gouyon, J. (2015). Science and film-making. Public Understanding of Science, 25 (1), 17-30. https://doi.org/10.1177/0963662515593841

Güney, B.G., & ?eker, H. (2017). Discovering Socio-cultural Aspects of Science Through Artworks. Science & Education, 26, 867–887. https://doi.org/10.1007/s11191-017-9924-0

Héraud, J., Lautesse, P., Ferlin, F., & Chabot, H. (2017). Representing the Quantum Object Through Fiction in Teaching. Science & Education, 26, 299–322. https://doi.org/10.1007/s11191-017-9890-6

Leontiev, A. N. (1974). The Problem of Activity in Psychology, Soviet Psychology, 13 (2), 4-33. http://dx.doi.org/10.2753/RPO1061-040513024

______. O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo, SP: Centauro, 2004.

Lima, G. S. (2020). O conceito de compreensão em Bakhtin e o Círculo: reflexões para pensar o processo educativo. Bakhtiniana – revista de estudos do discurso, 15(3), p. 297-317. http://dx.doi.org/10.1590/2176-457348458

Lima, G. S., Giordan, M. (2018). The Teacher’s Movements Toward the Use of Science Communication in the Classroom: A Model from the Activity Theory. Revista brasileira de pesquisa em educação em ciências, 18, 521-547. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2018182521

Lima, G. S., & Giodan, M. (2021 - prelo) Da reformulação discursiva a uma práxis da cultura científica: reflexões sobre a divulgação científica. História, Ciências, Saúde-Manguinhos.

Lukács, G. (2013). Para uma ontologia do ser social, 2; tradução: Nélio Schneider, Ivo Tonet, Ronaldo Vielmi Fortes. 1ª ed. São Paulo, SP: Boitempo.

Maciel, L. V. C. (2018). Considerações sobre heterodiscurso a partir de Dom Quixote. Bakhtiniana, Revista de Estudos do. Discurso, 13(2). http://dx.doi.org/10.1590/2176-457333837

Marcello, F. A., & Ripoll, D. (2016). A educação ambiental pelas lentes do cinema documentário. Ciência & Educação (Bauru), 22(4), 1045-1062. https://doi.org/10.1590/1516-731320160040013

Marx, K. (2013). O capital: crítica da economia política: Livro I: o processo de produção do capital. Trad. Rubens Enderle. São Paulo, SP: Boitempo.

Menezes, V. M., Gomes, E. F., & Piassi, L. P. (2020). Refletindo sobre Ciências e Astronomia através do Rock em um Projeto de Divulgação Científica na Escola. Revista de Ensino de Ciências e Matemática (REnCiMa), 11, 293-308. https://doi.org/10.26843/rencima.v11i1.2260

Moreira, I. C., & Massarani, L. M. (2006). (En)canto científico: temas de ciência em letras da música popular brasileira. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 13(supl.), 159-175. https://doi.org/10.1590/S0104-59702006000500018

Moreira, L. M., & Marandino, M. (2015). Teatro de temática científica: conceituação, conflitos, papel pedagógico e contexto brasileiro. Ciência & Educação (Bauru), 21, 511-523. http://dx.doi.org/10.1590/1516-731320150020015

Moroz, K. V. (2005). O desenvolvimento como passagem das mudanças quantitativas às transformações radicais de qualidade. Trad. Fernando A. S. Araújo. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/materialismo/04.html

Mozzer, N. B., & Justi, R. (2015). “Nem tudo que reluz é ouro”: Uma discussão sobre analogias e outras similaridades e recursos utilizados no ensino de Ciências. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 15(1), 123-147. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4305

Oliveira, E. M., & Almeida, A. C. P. C. (2019). O espaço não formal e o ensino de ciências: um estudo de caso no centro de ciências e planetário do Pará. Investigações em Ensino de Ciências, 24(3), 345-364. http://dx.doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2019v24n3p345

Orlandi, E. P. (1996). Para quem é o discurso pedagógico? In: ______. A linguagem e seu funcionamento – as formas do discurso (pp. 25-36). Campinas, SP: Pontes.

______. (2012). Divulgação científica e efeito leitor: uma política social urbana. In: ______. Discurso e Texto – formulação e circulação dos sentidos (pp. 149-162). Campinas, SP: Pontes.

Pagliarini, C. R. (2016). Leituras de cientistas do início da física quântica no ensino médio: fronteiras com a física clássica. Tese (Doutorado), Instituto de Física “Gleb Wataghin”, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/276900

Pereira, A. A. G. (2020). Documentários de ciências na formação inicial de professores: contribuições para uma leitura crítica sobre o aquecimento global. Investigações em Ensino de Ciências, 25(2), 1-18. http://dx.doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2020v25n2p01

Piassi, L. P. (2013). Clássicos do cinema nas aulas de ciências - A física em 2001: uma odisseia no espaço. Ciência & Educação (Bauru), 19(3), 517-534. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-73132013000300003

______. (2015) A ciência implícita na literatura e suas possibilidades didáticas. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, 15(1), 33-57. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4301

Reis, J. C., Guerra, A. & Braga, M. (2006). Ciência e arte: relações improváveis? História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 13 (supl.), 71-87. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702006000500005

Rezende Filho, L. A. C., Pereira, M. V., & Vairo, A. C. (2011). Recursos Audiovisuais como temática de pesquisa em periódicos brasileiros de Educação em Ciências. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 11(2), 183-204. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4202

Smith, M. K. (2001) ‘What is non-formal education?’, The Encyclopaedia of Informal Education. http://infed.org/mobi/what-is-non-formal-education/

Snyders, G. (1978). Para onde vão as pedagogias não-directivas? Lisboa, Portugal: Moraes Editores.

Turkka, J., Haatainen, O., & Akela, M. (2017). Integrating art into science education: a survey of science teachers’ practices. International Journal of Science Education, 39 (10), 1403-1419. https://doi.org/10.1080/09500693.2017.1333656

Zanetic, J. (1989). Física também é cultura. Tese (Doutorado), Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

_______. (2006) Física e literatura: construindo uma ponte entre as duas culturas. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 13, 71-87.

Downloads

Publicado

2021-04-30

Como Citar

Lima, G. da S., Pagliarini, C. R., & Aguiar Jr., O. G. (2021). CIÊNCIA, ARTE E FILOSOFIA: MOBILIZANDO DISCURSOS NO USO EDUCATIVO DO CINEMA NUMA ATIVIDADE NÃO FORMAL. Investigações Em Ensino De Ciências, 26(1), 305–323. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2021v26n1p305

Edição

Seção

Artigos