ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E ENFOQUE CTS NA VISÃO DE LICENCIANDOS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS: UMA ANÁLISE DE GRUPO FOCAL
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2020v25n2p98Palavras-chave:
Alfabetização Científica, Enfoque CTS, Grupo FocalResumo
Neste trabalho apresentamos uma pesquisa de caráter qualitativo, na qual utilizamos a técnica de grupo focal para investigar as visões de licenciandos em Ciências Biológicas acerca de Ciência, Tecnologia e Sociedade e suas inter-relações a fim de compreender seus posicionamentos sobre o processo de alfabetização científica. A pesquisa foi realizada com um grupo de 12 licenciandos de uma universidade pública do Rio de Janeiro. Foi elaborado um roteiro para a atividade de grupo focal contendo materiais de estímulo como histórias em quadrinhos, questões e um recorte de trabalho acadêmico. A coleta de dados foi realizada através de gravações de áudio posteriormente transcritas para análise. Inicialmente, o grupo apresentou concepções positivas sobre ciência e tecnologia, porém, no decorrer da atividade convergiram para posturas mais críticas a respeito do tema. Os participantes discutiram a desigualdade social na distribuição do conhecimento sobre assuntos de âmbito científico e tecnológico. Concordaram ser antiética uma formação científica para todos que tenha em si um propósito já pré-estabelecido, como o da formação profissional do indivíduo, mas acreditam haver um nível de conhecimento sobre ciência que consideram ser essencial à vida de todas as pessoas.Referências
Abbagnano, N. (2007). Dicionário de Filosofia – Edição revista e ampliada (5a ed.). São Paulo, SP: Martins Fontes.
Araújo, A. B., & Silva, M. A. (2012). Ciência Tecnologia e Sociedade; Trabalho e Educação: possibilidades de integração no currículo da educação profissional tecnológica. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 14(1), 99-112. http://dx.doi.org/10.1590/1983-21172012140107
Auler, D. (2002a). Interações entre ciência, tecnologia e sociedade no contexto da formação de professores de ciências. (Tese de doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. Recuperado de https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/82610
Auler, D. (2002b). Alfabetização científico-tecnológica: um novo “paradigma”? Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 5(1), 01-16. http://dx.doi.org/10.1590/1983-21172003050107
Auler, D., & Delizoicov, D. (2001). Alfabetização científico-tecnológica para quê? Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 3(2), 122-134. https://doi.org/10.1590/1983-21172001030203
Backes, D. S., Colomé, J. S., Erdmann, R. H., & Lunardi, V. L. (2011). Grupo focal como técnica de coleta e análise de dados em pesquisas qualitativas. O Mundo da Saúde, 35(4), 438-442. https://dx.doi.org/10.15343/0104-7809.2011354438442
Baker, E., & Oreskes, N. (2017). It’s No Game: Post-Truth and the Obligations of Science Studies. Social Epistemology Review and Reply Collective, 6(8), 1-10. Recuperado de http://wp.me/p1Bfg0-3FB
Barbour, R. (2009). Grupos Focais. Porto Alegre, RS: Artmed.
Barbosa, R. E. P. L. (2011). Um olhar histórico sobre a tecnologia: inferências na natureza da tríade CTS. In Anais do 8º Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Campinas, SP, Brasil. Recuperado de http://abrapecnet.org.br/atas_enpec/viiienpec/resumos/R0345-1.pdf
Batista, A. M. F. (2009). A Trajetória do Movimento da Alfabetização Científica (A.C.). In Anais do 25º Simpósio Nacional de História. Fortaleza, CE, Brasil. Recuperado de http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/anpuhnacional/S.25/ANPUH.S25.1434.pdf
Bedin, F. C., Fantinelli, M., Santos, M. C. G., Baldaquim, M. J., Kiouranis, N. M. M., & Marani, P. F. (2019). Abordagem CTS como promotora da alfabetização científica: concepções de um grupo de licenciandos em química. Scientia Naturalis, 1(4), 1-12. Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/SciNat/article/view/2607
Beltran, M. H. R., & Saito, F. (2017). Algumas Propostas para Contribuir na Formação do Cidadão Crítico. In M. H. R. Beltran & L. S. P. Trindade (Orgs.). História da Ciência e Ensino: abordagens interdisciplinares (pp. 17-42). São Paulo, SP: Livraria da Física.
Cardoso, C. M. (1998). Ciência e Ética: Alguns Aspectos. Revista Ciência e Educação, 5(1), 1-6. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-73131998000100001
Caruso, F., & Freitas, N. (2009). Física moderna no Ensino Médio: o espaço-tempo de Einstein em tirinhas. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 26(2), 355-366. https://doi.org/10.5007/2175-7941.2009v26n2p355
Carvalho, A. M. P. (2007). Habilidades de professores para promover a enculturação científica. Revista Contexto & Educação, 22(77), 25-49. https://doi.org/10.21527/2179-1309.2007.77.25-49
Chalmers, A. F. (1993). O que é ciência afinal? São Paulo, SP: Brasiliense.
Chassot, A. (2003). Alfabetização científica: questões e desafios para a educação (3a ed.). Ijuí, RS: Unijuí.
Collins, H., & Pinch, T. (2000). O Golem: o que você deveria saber sobre ciência. São Paulo, SP: Unesp.
Collins, H., & Pinch, T. (2010). O Golem à Solta: o que você deveria saber sobre tecnologia. Belo Horizonte, MG: Fabrefactum.
DeBoer, G. E. (2000). Scientific Literacy: Another look at its historical and contemporary meanings and its relationships to science education reform. Journal of research in science teaching, 37(6), 582-601. https://doi.org/10.1002/1098-2736(200008)37:6<582::AID-TEA5>3.0.CO;2-L
Delizoicov, D., Angotti, J. A., & Pernambuco, M. M. (2011). Ensino de Ciências: fundamentos e métodos (4ª ed.). São Paulo, SP: Cortez.
Dupas, G. (2006). O Mito do Progresso. São Paulo, SP: Unesp.
Dupas, G. (2007). O Mito do Progresso. Novos Estudos Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (77), 73-89. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002007000100005
Francisco Junior, W. E., & Gama, E. J. S. (2017). História em quadrinhos para o ensino de química: contribuições a partir da leitura de licenciandos. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, 16(1), 152-172. Recuperado de http://reec.educacioneditora.net/volumenes/volumen16/REEC_16_1_8_ex1148.pdf
Freire, P. (1967). Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra.
Gatti, B. A. (2005). Grupo Focal da Pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Brasília-DF: Líber Livro.
Gill, R. (2004). Análise de discurso. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.). Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som (3a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.
Gomes, A. A. (2005). Apontamentos sobre a pesquisa em educação: usos e possibilidades do grupo focal. Eccos – Revista Científica, 7(2), 275-290. https://doi.org/10.5585/eccos.v7i2.417
Gómez, R. J. (1997). Progreso, determinismo y pesimismo tecnológico. Redes, 4(10), 59-94. Recuperado de https://www.redalyc.org/pdf/907/90711303002.pdf
Gondim, S. M. G. (2003). Grupos focais como técnica de investigação qualitativa: desafios metodológicos. Paidéia, 12(24), 149-161. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X2002000300004
Granger, G.G. (1994). A ciência e as ciências. São Paulo, SP: Unesp.
Kawamoto, E. M., & Campos, L. M. L. (2014) Histórias em quadrinhos como recurso didático para o ensino do corpo humano em anos iniciais do Ensino Fundamental. Ciência & Educação (Bauru), 20(1), 147-158. http://dx.doi.org/10.1590/1516-731320140010009
Kemp, A. C. (2000). Science Educator's Views on the Goal of Scientific Literacy for All: An Interpretive Review of the Literature. Paper presented at the Annual Meeting of the National Association for Research in Science Teaching. Recuperado de https://eric.ed.gov/?id=ED454099
Kitzinger, J. (1995). Qualitative Research: introducing focus groups. British Medical Journal, 311(7000), 299-302. https://doi.org/10.1136/bmj.311.7000.299
Lemke, J. L. (2006). Investigar para el futuro de la educación científica: nuevas formas de aprender, nuevas formas de vivir. Enseñanza de las ciencias: revista de investigación y experiencias didácticas, 24(1), 5-12. Recuperado de https://www.raco.cat/index.php/Ensenanza/article/view/73528
Lopes, A. R. C. (1999). Conhecimento Escolar: ciência e cotidiano. Rio de Janeiro, RJ: UERJ.
Lopes, W. Z., & Garcia, R. N. (2019). Abordagem dos temas alfabetização científica (AC) e ciência, tecnologia, sociedade (CTS). Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar, 5(14), 283-301. http://dx.doi.org/10.21920/recei72019514283301
Lorenzetti, L. (2000). Alfabetização científica no contexto das séries iniciais. (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. Recuperado de https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/79312
Lorenzetti, L., & Delizoicov, D. (2001). Alfabetização científica no contexto das séries iniciais. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, 3(1). https://doi.org/10.1590/1983-21172001030104
Maciel, A.M. (2013). A importância da imagem no cenário da contemporaneidade: uma necessidade da educação do olhar. Revista Temas em Educação, 22(1), 95-109. Recuperado de: https://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/rteo/article/view/17537/10059
Mc Eneaney, E. H. (2003). The worldwide cachet of scientific literacy. Comparative Education Review, 47(2), 217-237. https://doi.org/10.1086/376539
Morais, J. F. R. (2002). Filosofia da ciência e da tecnologia: Introdução metodológica e crítica (7a ed.). Campinas, SP: Papirus.
Morgan, D. L., & Spanish, M. T. (1984). Focus Groups: A New Tool for Qualitative Research. Qualitative Sociology, 7(3), 253-270. https://doi.org/10.1007/BF00987314
Munhoz, A. V., Hattge, M. D., & Zanotelli, A. (2013). Acerca da alfabetização científica: representações e discursos no cotidiano de uma escola. Imagens da Educação, 3(3), 01-09. http://dx.doi.org/10.4025/imagenseduc.v3i3.20992
Pacey, A. (1983). The culture of technology. Cambridge, Massachusetts: MIT press.
Palacios, E. G., Von Linsingen, I., Galbarte, J. G., Cerezo, J. L., Luján, J. L., Pereira, L. T. V... & Bazzo. W. A. (2003). Introdução aos estudos CTS (Ciência, tecnologia e sociedade). Madrid, ES: Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Recuperado de https://www.oei.es/historico/salactsi/introducaoestudoscts.php
Pereira, M. L. A. A., Olenka, L., & Oliveira, P.E.D.F. (2016). Física em Ação através de Tirinhas e Histórias em Quadrinhos. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 33(3), 896-926. http://dx.doi.org/10.5007/2175-7941.2016v33n3p896
Pinheiro, T. C., Westphal, M., & Pinheiro, T. F. (2005). Abordagem CTS e os PCN-EM: uma nova proposta metodológica ou uma nova visão de mundo? In Anais do 5º Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Bauru, SP, Brasil. Recuperado de http://abrapecnet.org.br/atas_enpec/venpec/conteudo/artigos/3/pdf/p165.pdf
Ramos, F.P., Batista, M.C., Fontes, A.S., & Neves, M.C.D. (2019). Concepções sobre alfabetização científica entre alunos de pós-graduação em ensino de física. Revista Pontes, 6, 13-21. Recuperado de http://revistapontes.com.br/2019/11/10/concepcoes-sobre-alfabetizacao-cientifica-entre-alunos-de-pos-graduacao-em-ensino-de-fisica/
Santos, W. L. P. (2012). Educação CTS e Cidadania: confluências e diferenças. Amazônia Revista de Educação em Ciências e Matemáticas, 9(17), 49-62. http://dx.doi.org/10.18542/amazrecm.v9i17.1647
Sasseron, L. H. (2008). Alfabetização Científica no Ensino Fundamental – estrutura e indicadores deste processo em sala de aula. (Tese de doutorado). Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade de São Paulo, SP. Recuperado de https://www.researchgate.net/publication/321529729_Alfabetizacao_Cientifica_no_Ensino_Fundamental_Estrutura_e_Indicadores_deste_processo_em_sala_de_aula
Sasseron, L. H., & Carvalho, A. M. P. (2011). Alfabetização científica: uma revisão bibliográfica. Investigações em Ensino de Ciências, 16(1), 59-77. Recuperado de https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/246/0
Shen, B. S. P. (1975). Science Literacy and the Public Understanding of Science. In S. B. Day (Ed.), Communication of Scientific Information (pp. 44-52). New York, NY. https://doi.org/10.1159/000398072
Strieder, R. B. (2012). Abordagens CTS na educação científica no Brasil: sentidos e perspectivas. (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, SP. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-13062012-112417/en.php
Vitor, F. C., & Silva, A. P. B. (2017). Alfabetização e educação científicas: consensos e controvérsias. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 98(249), 410-427. http://dx.doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.98i249.2637
Yore, L. D. (2012). Science literacy for all: More than a slogan, logo, or rally flag! In Tan, K.C.D. & Kim, M. (Eds). Issues and challenges in science education research (pp. 5-23). Dordrecht, Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-007-3980-2_2
Zabala, A. (2010). A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre, RS: Artmed.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A IENCI é uma revista de acesso aberto (Open Access), sem que haja a necessidade de pagamentos de taxas, seja para submissão ou processamento dos artigos. A revista adota a definição da Budapest Open Access Initiative (BOAI), ou seja, os usuários possuem o direito de ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, buscar e fazer links diretos para os textos completos dos artigos nela publicados.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do trabalho e, ao enviar o artigo para a revista, está garantindo que tem a permissão de todos para fazê-lo. Da mesma forma, assegura que o artigo não viola direitos autorais e que não há plágio no trabalho. A revista não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.
Todos os artigos são publicados com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Os autores mantém os direitos autorais sobre suas produções, devendo ser contatados diretamente se houver interesse em uso comercial dos trabalhos.