LUA SELVAGEM E DOMESTICADA: A FORMAÇÃO DE CONCEITOS EM DIFERENTES CONTEXTOS COM BASE NA TEORIA CULTURAL-HISTÓRICA DA ATIVIDADE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2023v28n2p149

Palavras-chave:

Formação de Conceitos, Vygotsky, Fases da Lua, Teoria da Atividade, Volição e consciência

Resumo

Este trabalho teórico discute o processo de formação de conceitos em relação às atividades que o sustenta; em particular, destacamos as atividades de ensino-aprendizagem no cotidiano e na escola. Seguindo uma perspectiva vygotskiana, esses contextos são descritos por meio das categorias de volição e conscientização dos sujeitos na atividade. Além disso, avançamos na reflexão para além dos processos subjetivos ao propor as categorias de supervisão e institucionalização para tratar dos aspectos coletivos que moldam as atividades de diferentes contextos. A discussão teórica é ilustrada por meio de uma revisão sobre o desenvolvimento do conceito de Lua em algumas atividades humanas ao longo da história (que chamamos de selva), e, depois, sobre como o conceito é apresentado na escola (domesticado). Relacionamos essa dicotomia entre selva e domesticação com o encapsulamento escolar e analisamos uma sequência didática cujo objetivo era o enriquecimento das práticas para superação e articulação entre os contextos cotidiano e escola.

Biografia do Autor

Leonardo Gonçalves Lago, University of Cambridge

Doutorando em Educação (Faculdade de Educação, Universidade de Cambridge) Mestre em Ensino de Ciências (Programa Interunidade em Ensino de Ciências, Universidade de São Paulo) Mestre em Astrofísica (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, Universidade de São Paulo) Bacharel e Licendiado em Física (Instituto de Física, Universidade de São Paulo)

Referências

Aderin-Pocock, M. (2019). The Sky at Night: Book of the Moon – A Guide to Our Closest Neighbour. London, United Kingdom: Penguin Random.

Amaral, P., & Oliveira, C. E. Q. V. (2011). Astronomia nos livros didáticos de ciências: Uma análise do PNLD 2008. Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia, 12, 31-55.

Austin, A. L. (1996). The Rabbit on the Face of the Moon: Mythology in the Mesoamerican Tradition. Utah, United States of America: University of Utah Press.

Bisch, S. (1998). Astronomia no Ensino Fundamental: Natureza e Conteúdo do Conhecimento de Estudantes e Professores (Tese de doutorado). Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Boese, A. (2013). Electrified Sheep and Other Bizarre Experiments. London, United Kingdom: Pan Macmillan.

Callison, P., & Wright, E. (1993). The Effect of Teaching Strategies Using Models on Preservice Elementary. The Annual Meeting of the National Association for Research in Science Teaching, Atlanta. Recuperado de https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED360171.pdf

Camino, N. (1995). Ideas previas y cambio conceptual en astronomía. Un estudio con maestros de primaria sobre el día y la noche, las estaciones y las fases de la luna. Enseñanza de Las Ciencias: Revista de Investigación y Experiencias Didácticas, 13(1), 81-96.

Canalle, J. B. G., Trevisan, R. H., & Lattari, C. J. B. (1997). Análise do conteúdo de astronomis de livros de geografia de 1o grau. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 14(3), 254-263.

Curd, P. (2019). Anaxagoras. In E. N. Zalta (ed.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy. (Winter 2019 Edition). Recuperado de https://plato.stanford.edu/archives/win2019/entries/anaxagoras/

Da Vinci, L. (2004). The Notebooks of Leonardo da Vinci. Proofreaders team. Recuperado de https://www.gutenberg.org/cache/epub/5000/pg5000.html

Davydov, V. V., & Radzikhovskii, L. A. (1985). Vygotsky’s theory and the activity-oriented approach in psychology. In: J. V. Wertsch (Ed.), Culture, Communication and Cognition: Vygotskyan Perspectives (pp. 35-65). Cambridge, United Kingdom: Cambridge University Press.

Dello-Iacovo, M., & Saydam, S. (2022). Humans have big plans for mining in space, but there are many things holding us back. In: University of New South Wales NewsRoom. Recuperado de https://newsroom.unsw.edu.au/news/science-tech/humans-have-big-plans-mining-space-%E2%80%93-there-are-many-things-holding-us-back

Einhorn, B. (2022). China, US Are Racing to Make Billions From Mining the Moon’s Minerals. Bloomberg: Politics. Recuperado de https://www.bloomberg.com/news/features/2022-05-17/china-us-are-in-a-space-race-to-make-billions-from-mining-the-moon-s-minerals

Eliade, M. (2002). Tratado de história das religiões. São Paulo, SP: WMF Martins Fontes.

Engeström, Y. (1987). Learning by expanding: An activity-theoretical approach to developmental research. Helsinki, Finland: Orienta-Konsultit Oy.

Engeström, Y. (1990). Students’ conceptions and textbook presentations of the movement of the moon: A study in the manufacture of misconceptions. In Y. Engeström (Ed.), Learning, working and imagining: Twelve studies in activity theory (pp. 1-24). Helsinki, Finland: Orienta-Konsultit Oy.

Engeström, Y. (1991). Non scolae sed vitae discimus: Toward overcoming the encapsulation of school learning. Learning and Instruction, 1(3), 243-259.

Engeström, Y., Nummijoki, J., & Sannino, A. (2012). Embodied Germ Cell at Work: Building an Expansive Concept of Physical Mobility in Home Care. Mind, Culture, and Activity, 19(3), 287-309.

Filingeri, L. (2000). The most ancient known representation of the moon. Paleolithic Art Magazine. Recuperado de http://www.paleolithicartmagazine.org/pagina16.html

Galilei, G. (2009). O Mensageiro das Estrelas. São Paulo, SP: Duetto Editorial.

Godoi, K. M. (2015). A perspectiva objetivante da ciência e a relação homem-natureza: Algumas repercussões no ensino de ciências. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Holton, G. (1996). On the Art of Scientific Imagination. Daedalus, 125(2), 183-208.

Hosoume, Y., Leite, C., & Del Carlo, S. (2010). Ensino de Astronomia no Brasil-1850 a 1951-Um olhar pelo Colégio Pedro II. Ensaio Pesquisa em Educação Em Ciências, 12(2), 189-204.

Hutchins, E. (1995). Cognition in the Wild. Cambridge, United States of America: MIT Press.

Iachel, G., Langhi, R., & Scalvi, R. M. F. (2008). Concepções alternativas de alunos do ensino médio sobre o fenômeno de formação das fases da Lua. Revista Latino-Americana de Educação Em Astronomia, 5, 25-37.

Jafelice, L. C. (Ed.). (2010). Astronomia, educação e cultura: Abordagens transdisciplinares para os vários níveis de ensino. Natal, RN: Edufrn.

Kalkan, H., & Kiroglu, K. (2007). Science and nonscience students’ ideas about basic astronomy concepts in preservice training for elementary school teachers. Astronomy Education Review, 6(1), 15-24.

Kavanagh, C., Agan, L., & Sneider, C. (2005). Learning about phases of the moon and eclipses: A guide for teachers and curriculum developers. Astronomy Education Review, 4(1)19-52.

Kikas, E. (1998). The impact of teaching on students’ definitions and explanations of astronomical phenomena. Learning and Instruction, 8(5), 439-454.

Kõiva, M., & Kuperjanov, A. (2016). Some aspects of European moon mythology. In M. Rappenglück, B. Rappenglück, N. Campion, & F. Silva (Eds.), Astronomy and Power: How worlds are structured. Oxford, United Kingdom: British Archeological Reposts.

Kriner, A. (2004). Las fases de la luna. Como y cuando ensenalas? Ciência & Educação, 10(1), 111-120.

Kröger, F. (1986). The notion of the moon in the calendar and religion of the Bulsa (Ghana). Systèmes de Pensée en Afrique Noire, 7(7), 149-151.

Lafleur, C. (2010). Costs of US piloted programs. The Space Review. Recuperado de https://www.thespacereview.com/article/1579/1

Lago, L. (2013). Lua: fases e facetas de um conceito. (Dissertação de Mestrado). Programa Interunidades em Ensino de Ciências. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Lago, L., & Mattos, C. (2021). Bridging concept and activity: a proposal of a first-step dialectical synthesis. Cultural-Historical Psychology, 17(2), 29-36.

Lago, L., Ortega, J. L. A., & Mattos, C. (2019). A investigação científica-cultural: uma sequência de ensino-aprendizagem para as fases da Lua. Investigações em Ensino de Ciências, 24(1), 239-260.

Lago, L., Ortega, J. L. A., & Mattos, C. (2020). O modelo genético e o movimento dinâmico entre abstrato e concreto como instrumentos para o planejamento de sequências didáticas para o ensino de ciências. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, 13(1), 123-153.

Langhi, R., & Nardi, R. (2007). Ensino de Astronomia: Erros conceituais mais comuns presente em livros didáticos de ciência. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 24(1), 87-111.

Lave, J., & Wenger, E. (1991). Situated learning: Legitimate peripheral participation. Cambrdige, United Kingdom: Cambridge University Press.

Leite, C. (2002). Os professores de ciências e suas formas de pensar a astronomia. (Dissertação de mestrado). Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Leite, C. (2006). Formação do professor de ciências em Astronomia: Uma proposta com enfoque na espacialidade (Tese de doutorado). Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Lelliott, A., & Rollnick, M. (2010). Big Ideas: A review of astronomy education research 1974–2008. International Journal of Science Education, 32(13), 1771-1799.

Leontiev, A. (2009). Activity and consciousness. Marxists Internet Archive. Recuperado de https://www.marxists.org/archive/leontev/works/activity-consciousness.pdf

Lompscher, J. (1999). Motivation and activity. European Journal of Psychology of Education, 14(1), 11-22.

Longhini, M. D. (2021). A LUA E SUAS FASES: ENTRE A DISPONIBILIDADE DE OBSERVAÇÃO E O DESAFIO DA COMPREENSÃO. Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia, 32, 43-69.

López-Gómez, M. (1989). La formación del cielo, del sol y la luna, y la maldición del Anticristo, el maíz. In: E. Gómez (Ed.), Cuentos y relatos indígenas (pp. 93-118). Ciudad de México, México: Unam.

Meyer, X., & Crawford, B.(2011). Teaching science as a cultural way of knowing: merging authentic inquiry, nature of science, and multicultural strategies. Cultural Studies of Science Education, 6(3), 525-547.

Morison, I. (2008). Introduction to Astronomy and Cosmology. New Jersey, United States of America: John Wiley & Sons.

Mulholland, J., & Ginns, I. (2008). College MOON Project Australia: Preservice Teachers Learning about the Moon’s Phases. Research in Science Education, 38(3), 385-399.

Neves, M. D. C., & Silva, J. A. P. (2010). Da Lua pós-copernicana: A relação ciência-arte de Galileo e Cigoli no Renascimento. Londrina: PR: Uel.

Nunes, T., Carraher, D., & Schliemann, A. (1982). Na vida dez, na escola zero: Os contextos culturais da aprendizagem da Matemática. Caderno de Pesqiosa. São Paulo, 42, 79–86.

Oliveira, A. M. S. de. (2002). Relação homem/natureza no modo de produção capitalista. PEGADA - A Revista da Geografia do Trabalho, 3, 1–9.

Parker, J., & Heywood, D. (1998). The earth and beyond: Developing primary teachers’ understanding of basic astronomical events. International Journal of Science Education, 20(5), 503-520.

Pena, B. M., & Quilez, M. J. (2001). The importance of images in astronomy education. International Journal of Science Education, 23(11), 1125-1135.

Plummer, J. D., & Zahm, V. M. (2010). Covering the Standards: Astronomy Teachers’ Preparation and Beliefs. Astronomy Education Review, 9(1), 010110.

Plutarco. (2010). Obras morais: sobre a face visível no orbe da Lua. Lisboa, Portugal: Cech.

Popovic, M. (2014). Network transmissions of scholarly knowledge between Babylonians and Jews. In: J. Ben-Dov, & S. Sanders (Eds). Ancient Jewish Sciences and the History of Knowledge. (pp. 153-195). New York, United States of America: New York University Press

Rego, T. C. (1995). Vygotsky: Uma perspectiva histórico-cultural da educação. São Paulo: Vozes.

Rehm, J. (2020). Radar Points to Moon Being More Metallic Than Researchers Thought. Lunar Reconnaissance Orbiter Reports. Recuperado de https://www.nasa.gov/feature/goddard/2020/moon-more-metallic-than-thought

Rosa, C. A. P. (2012). História da ciência: Da antiguidade ao renascimento científico. Brasília, DF: Funag.

Roth, W.-M. (1995). Authentic school science: Knowing and learning in open-inquiry science laboratories. Dordrecht, Netherlands: Kluwer Academic Publishers.

Sadler, P. (1992). The Initial Knowledge State of High School Astronomy Students (PhD thesis). The Faculty of the Graduate School of Education. Harvard University, Cambridge, United States of America.

Sannino, A. (2015). The principle of double stimulation: A path to volitional action. Learning, Culture and Social Interaction, 6, 1-15.

Saviani, D. (2021). Pedagogiaa Histórico-Crítica. Campinas, SP: Autores associados.

Schmitt, H. (2006). Return to the Moon: Exploration, enterprise, and energy in the human settlement of space. New York, United States of America: Copernicus Books & Praxis Publishing.

Stahly, L. L., Krockover, G. H., & Shepardson, D. P. (1999). Third grade students’ ideas about the lunar phases. Journal of Research in Science Teaching, 36(2), 159-177.

Starakis, J., & Halkia, K. (2010). Primary School Students’ Ideas Concerning the Apparent Movement of the Moon. Astronomy Education Review, 9(1), 010109-1.

Trevisan, R. H., & Puzzo, D. (2006). Fases da Lua e eclipses: Concepções alternativas presentes em professores de ciências de 5a série do ensino fundamental. In: X Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, Londrina. Anais... São Paulo, Sociedade Brasileira de Física.

Trundle, K., Atwood, R. K., Christopher, J. E., & Sackes, M. (2010). The Effect of Guided Inquiry-Based Instruction on Middle School Students’ Understanding of Lunar Concepts. Research in Science Education, 40(3), 451-478.

United States. (2004). Lunar science and resources: future options. Committee on Science. Subcommittee on Space and Aeronautics, Congress House. Washington. Recuperado de https://www.govinfo.gov/content/pkg/CHRG-108hhrg92757/html/CHRG-108hhrg92757.htm

Van Oers, B. (2012). Meaningful Cultural Learning by Imitative Participation: The Case of Abstract Thinking in Primary School. Human Development, 55(3), 136-158.

Vojí?, K., & Rusek, M. (2019). Science education textbook research trends: A systematic literature review. International Journal of Science Education, 41(11), 1496-1516.

Vygotsky, L. (1987). The Collected Works of L. S. Vygotsky. Problems of general psychology: Vol. 1. New York, United States of America: Plenum Press.

Downloads

Publicado

2023-09-05

Como Citar

Lago, L. G., Mattos, C., & Camillo, J. (2023). LUA SELVAGEM E DOMESTICADA: A FORMAÇÃO DE CONCEITOS EM DIFERENTES CONTEXTOS COM BASE NA TEORIA CULTURAL-HISTÓRICA DA ATIVIDADE. Investigações Em Ensino De Ciências, 28(2), 149–168. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2023v28n2p149

Edição

Seção

Artigos