USO DE DESENHOS COMO FERRAMENTA PARA INVESTIGAÇÃO DAS CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES AGRICULTORES SOBRE A RELAÇÃO INSETO-PLANTA E DIÁLOGO INTERCULTURAL

Autores

  • Jairo Robles-Piñeros Estudante de doutorado do Programa de Ensino, Filosofia e História das ciências. Universidade Federal da Bahia.
  • Geilsa Costa Santos Baptista Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Educação. http://orcid.org/0000-0002-8403-3066
  • Eraldo Medeiros Costa-Neto Universidade Estadual de Feira de Santana, Laboratório de Etnobiologia e Etnoecologia LETNO

DOI:

https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2018v23n2p159

Palavras-chave:

Desenhos, Didática da ecologia, Educação cientifica intercultural, Ensino da ecologia, Relações ecológicas

Resumo

Este artigo objetiva apresentar a importância do uso de desenhos com textos explicativos feitos por estudantes agricultores (linguagem não verbal associada à linguagem verbal) para o ensino sobre a relação inseto-planta baseado no diálogo intercultural a partir de um estudo que teve por finalidade identificar e analisar as concepções culturais de estudantes agricultores de uma escola pública do Município de Coração de Maria, estado da Bahia, Brasil, sobre as relações ecológicas inseto-planta. Foi direcionado um questionamento aos participantes sobre o que eles conheciam nos seus contextos agrícolas sobre a relação das plantas que cultivam e os insetos e, em seguida, lhes foram entregues folhas de papel tamanho A4 e lápis de cores variadas para que representassem seus conhecimentos acerca desta relação ecológica através de desenhos e textos explicativos, os quais foram posteriormente analisados a partir de categorizações e indução, dialogando com a literatura da área de Ensino de Ciências. Sobre esses desenhos com textos, buscou-se a representatividade cultural e o uso do conhecimento científico. Foram usadas as cinco categorias de entendimento conceitual propostas por Köse, contendo identificação de diferentes relações ecológicas. Os resultados indicam que os estudantes possuem conhecimentos acerca das relações inseto-planta que são culturalmente situados na localidade, sendo que alguns aproximam-se aos conhecimentos científicos. Conclui-se que o uso de desenhos com textos explicativos feitos pelos próprios estudantes serve como ferramenta para identificação das suas concepções prévias e análises sobre como poderão ser inseridas nos processos de ensino e aprendizagem da ecologia de maneira dialógica e intercultural.

Biografia do Autor

Jairo Robles-Piñeros, Estudante de doutorado do Programa de Ensino, Filosofia e História das ciências. Universidade Federal da Bahia.

É Licenciado em Biologia da Universidade Pedagógica Nacional, Com ênfase nas áreas de ecologia e entomologia, reconhecido pela proposta de ferramentas didáticas para o ensino das ciências. Través da inovação didática se propor fornecer e enriquecer o processo do ensino das ciências. Possui graduação em Licenciatura em Biologia - Universidad Pedagogica Nacional (2012), com sua proposta do ensino da ecologia traveis dos quadrinhos e dos insetos como estrategia didatica para o ensino da ciência. É mestre em Ensino, Filosofia e Historia das ciências UFBA-UEFS (2016). É pesquisador e orientador do Grupo de Estudos em Ecología, Etología, Educaçáo e Conservação (GECOS) da Universidad Pedagogica y Tecnologica de Colombia (UPTC), onde dirige y asesora projetos de pesquisa em a linha de Inventario e Caracterização de Flora, Fauna e ecosistemas andinos. Dentro da Sublinha de Entomología. É membro coordinador do grupo de pesquisa Grupo de Investigações em Etnobiologia e Ensino de Ciências UFBA-UEFS (GIEEC), da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). É Membro ativo do International History, Philosophy and Science Teaching Group (IHPST), Membro da Sociedade Colombiana de Etnobiologia (SCE) e da Sociedade Colombiana de Entomologia (SOCOLEN).

Geilsa Costa Santos Baptista, Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Educação.

Possui graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (1995), Especialização em Saude Aplicada ao Ensino de Biologia pela Universidade Federal da Bahia (2000), Mestrado em Ensino, Filosofia e História das Ciências pela Universidade Federal da Bahia (2007) e Doutorado em Ensino, Filosofia e História das Ciências pela Universidade Federal da Bahia (2012). Participa como membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (ABRAPEC). Diretora, Grupo de Investigações em Etnobiologia e Ensino das Ciências (GIEEC) UFBA/UEFS, Departamento de Educação Universidade Estadual de Feira de Santana

Eraldo Medeiros Costa-Neto, Universidade Estadual de Feira de Santana, Laboratório de Etnobiologia e Etnoecologia LETNO

Licenciatura em Biologia pela Universidade Federal de Alagoas (1994), mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Alagoas (1998) e doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (2003). Pós-doutorado na Universidade Nacional Autônoma do México, Instituto de Biologia (2005), onde trabalhou em etnoentomologia junto à Dra. Julieta Ramos-Elorduy. Professor Pleno lotado no Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Feira de Santana, onde desde 1995 atua na disciplina Etnobiologia. Professor orientador nos seguintes programas de pós-graduação: Zoologia (UEFS), Zoologia (UESC) e Ecologia Humana (UNEB Campus VIII). 

Referências

Astolfi, J. P. (1988). El aprendizaje de conceptos científicos: aspectos epistemológicos, cognitivos y lingüísticos. Enseñanza de las Ciencias, 6(2), 147-155. Recuperado de

https://ddd.uab.cat/pub/edlc/02124521v6n2/02124521v6n2p147.pdf

Baptista, G. C. S, Costa-Neto, E. M, Valverde, M. C. C., & Gonzalez, R. S. (2015). The use of drawings as tools for investigating students´ prior conceptions in science teaching: The Amphisbaenia case in Bahia, Brazil. In Gaia Scientia, 9(1), 53-61. Recuperado de

http://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/gaia/article/view/24068

Baptista, G. C. S. (2010). Importância da demarcação de saberes no ensino de ciências para sociedades tradicionais. Ciência & Educação, 16(3), 679-694. DOI: 10.1590/S1516-73132010000300012.

Baptista, G. C. S. (2007). A Contribuição da etnobiologia para o ensino e a aprendizagem de Ciências: estudo de caso em uma escola pública do Estado da Bahia. (Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências). Universidade Federal da Bahia - Universidade Estadual de Feira de Santana, Salvador.

Brasil. MEC. (2005). Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio. Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Secretaria de Educação Básica e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica,144 p.

Brasil. (2012). Ministério da Saúde. Resolução número 466: Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Brasília: Conselho Nacional de Saúde.

Bruzzo, C. (2004). Biologia: educação e imagens. Educação & sociedade, 25(89), 1359-1378.

Cobern, W. W., & Loving, C. C. (2001). Defining science in a multicultural world: Implications for science education. Science Education, 85(1), 50-67.

DOI: 10.1002/1098-237X(200101)85:1<50::AID-SCE5>3.0.CO;2-G

Cobern, W. W. (2000). Everyday Thoughts about Nature. Science and Technology Education library. Kluwer Academic Publishers.

Cobern, W. W. (1996). Constructivism and non-western science education research. International Journal of Science Education, 80(5), 579-610. DOI: 10.1080/0950069960180303

Costa-Neto, E. M. (2002). Manual de etnoentomología. Manuales & Tesis SEA, vol. 4. Zaragoza.

Costa M. A. F, Costa, M. F. B., Lima M. C. A. B., & Leite S. Q. M. (2006). O desenho como estratégia pedagógica no ensino de ciências: o caso da biossegurança. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias REEC. 5(1), 184-191. Recuperado de

http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen5/ART10_Vol5_N1.pdf

Creswell, J. W. W. (2010). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. (2a ed.) Porto Alegre: Bookman.

Devetak, S.; Glažar, A., & Vogrinc, J. (2010). The Role of Qualitative Research in Science Education. Eurasia Journal of Mathematics, Science & Technology Education, 6(1), 77-84.

DOI: 10.12973/ejmste/75229

El-Hani C. N., & Mortimer E. F. (2007). Multicultural education, pragmatism, and the goals of science teaching. Culture Studies of Science Education, 2(3), 657-702. DOI: 10.1007/s11422-007-9064-y

Gilbert, J. (2010). The role of visual representations in the learning and teaching of science: An Introduction. Asia-Pacific Forum Science Learning and Teaching, 11(1), 1-19. Recuperado de

https://www.eduhk.hk/apfslt/download/v11_issue1_files/foreword.pdf

Gotwals, A. W., & Songer, N. B. (2010). Reasoning up and down a food chain: using an assessment framework to investigate students ‘middle knowledge. Science Education, 94(2), 259-281.

DOI: 10.1002/sce.20368

Halverson, K., Pires, C., & Abell, S. (2011). Exploring the complexity of tree thinking expertise in an undergraduated systematics course. Science Education, 95(5), 794-823. DOI: 10.1002/sce.20436

Hernandez, J. M. F. (2002). Algunas consideraciones para la utilización de las ideas previas en la enseñanza de las ciencias morfológicas veterinarias. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias REEC. 1(3) 141-152. Recuperado de http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen1/REEC_1_3_2.pdf

Kahn, R. (2010). Critical pedagogy, Ecoliteracy and planetary crisis. “The ecopedagogy movement”, Peter Lang Publishing Inc. New York.

Köse, S. (2008). Diagnosis student misconceptions: Using drawings as a Research Method. World Applied Sciences Journal, 3(2), 183-193. Recuperado de http://idosi.org/wasj/wasj3%282%29/20.pdf

Magntorn, O., & Hellden, G. (2005). Student-teachers´s ability to read nature: reflections on their own learning in ecology. International Journal of Science Education, 27(10), 1229-1254.

DOI: 10.1080/09500690500102706

Miras, M. (2003). Um ponto de partida para a aprendizagem de novos conteúdos: os conhecimentos prévios. In Coll, C., & Martin, E. (Eds.) O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática,

Moret, P. (1997). Los insectos en la mitología y la literatura de la Grecia Antigua. Boletín de la Sociedad Entomológica Aragonesa S.E.A, (20) 331-335.

Mortimer, E. F., & Scott, P. H. (2003). Meaning making in secondary science classrooms. Maidenhead: Open University Press.

Munson, B. H. (2007). Ecological Misconceptions. Journal of Environmental Education, Summer, 25(4), 1-12. DOI: 10.1080/00958964.1994.9941962

Neves, R. F., Carneiro-Leão, A. M., & Ferreira, H. S. (2016). A imagem da célula em livros de Biologia: uma abordagem a partir da teoria cognitivista da aprendizagem multimídia. Investigações em Ensino de Ciências, 21(1), 94-105. DOI: 10.22600/1518-8795.ienci2016v21n1p94

Orr, D. (2005). ‘Foreward’ & ‘Place and pedagogy’. In Stone, K., & Barlow, Z. Ecological Literacy: Educating our children for a sustainable world. San Francisco: Sierra Club Books.

Paprotna, G. (1998). On the understanding of ecological concepts by children of pre-school age. International Journal of Early Years Education, 6(2), 155-164.

Quillin K., & Thomas, S. (2015). Drawing-to-learn: A framework for using drawings to promote model-based reasoning in biology. CBE - Life Science Education, 14(1), 1-16. DOI: 10.1187/cbe.14-08-0128

Robles-Piñeros, J., Barboza, A. C. M., & Baptista, G. C. S. (2017). Representaciones culturales en la enseñanza de las ciencias. Una respuesta con base en las opiniones de estudiantes de licenciatura en biología. Bio-grafía Escritos sobre la Biología y su enseñanza, 10(18), 53–62. DOI: 10.17227/20271034.vol.10num.18bio-grafia53.62

Robles-Piñeros, J. (2013). Los insectos como estrategia didáctica en la enseñanza de la ecología a través del comic. Revista Bio-grafía Escritos sobre la Biología y su enseñanza, 10(6), 11-21. DOI: 10.17227/20271034.vol.6num.10bio-grafia11.21

Santamartino, M. (2014). Vinchucas y muchos más: indagando en las concepciones sobre los triatominos. In Entomologia Cultural. Ecos do I simpósio Brasileiro de Entomologia cultural. Costa-Neto. E. M. (org.), (p. 293-308). Feira de Santana, Bahia: UEFS Editora.

Santos, J. P. M, e Paixão, M. F. M. (2015). O desenho no ensino de química: Uma análise através das

concepções e perspectivas dos estudantes do ensino médio. In XI Seminário do

Programa de Pós-Graduação em Desenho, Cultura e Interatividade. Traços do Desenho (p. 315-325).

Feira de Santana, BA.

http://www2.uefs.br:8081/msdesenho/xiseminarioppgdci2015/artigos/SD036_o_desenho_no_ensino.pdf

Santos, H. B, Pitanga, A. F e Santos L. D. (2012). A análise se desenhos para o levantamento das concepções alternativas sobre fotossíntese de alunos do 3° ano do ensino fundamental. Em: VI Colóquio Internacional “Educação e contemporaneidade” (p. 1-14). São Cristóvão, Sergipe, Brasil. http://educonse.com.br/2012/eixo_06/PDF/105.pdf

Souza Jr. J. R. e Lima, E. F. B. (2014). Representações locais sobre insetos em hortas comunitárias e mercados públicos da cidade de Teresina, Piauí. In Entomologia Cultural. Ecos do I simpósio Brasileiro de Entomologia cultural Costa-Neto. E. M. (org.) (p. 607-620). Feira de Santana, Bahia: UEFS Editora.

Southerland, S. A. (2000). Epistemic universalism and the shortcomings of curricular multicultural science education. Science & Educatio, 9(3), 289-307. DOI: 10.1023/A:1008676109903

Stein, M., McNair, S., & Butcher, J. (2001). Drawing on student understanding: using illustrations to invoke deeper thinking about animals. Science and Children, 38(4), 18–22.

http://science.nsta.org/enewsletter/2005-09/sc0101_18.pdf

Tunnicliffe, S., Bartyoszeck, A., & Rocha da Silva, B. (2011). Children concept of insect by means of drawings in Brazil. Journal of Emergence Science, 1(2), 17-24. http://discovery.ucl.ac.uk/1541690/

Vavra, K., Janjic-Watrich, V., Loerke, K., Phillips, L., Norris, S. Y., & Macna, J. (2011). Visualization in Science Education. Alberta Science Education Journal, 41(1), 22-30.

Vigotsky, L. S. (1991). Pensamento e linguagem. (3a ed.) São Paulo: Martins Fontes.

Weisz, T., & Sanchez, A. (2002). Como fazer o conhecimento do aluno avançar. In O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. (p. 65-82) São Paulo: Ática.

Downloads

Publicado

2018-08-30

Como Citar

Robles-Piñeros, J., Baptista, G. C. S., & Costa-Neto, E. M. (2018). USO DE DESENHOS COMO FERRAMENTA PARA INVESTIGAÇÃO DAS CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES AGRICULTORES SOBRE A RELAÇÃO INSETO-PLANTA E DIÁLOGO INTERCULTURAL. Investigações Em Ensino De Ciências, 23(2), 159–171. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2018v23n2p159

Edição

Seção

Artigos