QUESTÕES DE GÊNERO E DA NATUREZA DA CIÊNCIA NA FORMAÇÃO DOCENTE
DOI:
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2016v21n2p30Palavras-chave:
Gênero e Ciência, Educação Científica, Formação DocenteResumo
O objetivo desta pesquisa é compreender e explicitar os saberes docentes mobilizados durante um processo de formação explícito-reflexiva da Natureza da Ciência e das relações intrínsecas de gênero nessa dinâmica. Para alcançar esse objetivo foi elaborada a Unidade Didática (UD) intitulada construção do conhecimento científico e a visibilidade de gênero na Ciência. Participaram desse curso de formação 15 docentes das áreas de Humanas e de Ciências Naturais. Esta é uma investigação de natureza qualitativa. Durante o processo de formação as falas dos participantes foram gravadas em vídeo e, após, transcritas e analisadas segundo a análise de conteúdo temática categorial. Os dados empíricos analisados possibilitaram evidenciar, por meio de inferências dedutivas, perspectivas teóricas distintas, em que coexistem discursos tradicionais e lineares e os que percebem Ciência e gênero como um processo de construção humana. Além disso, apontaram o desconhecimento de discussões de cunho epistemológico e de aspectos históricos da Ciência relacionados a questões de gênero. Outro discurso recorrente é o da naturalização e da negação da existência das questões de gênero em que as falas de dominação masculina são mais articuladas, o que mostra uma resistência à perspectiva feminista. Deste modo, reafirmamos a necessidade de formação docente explicita e reflexiva, pois as questões de gênero não são autoevidentes, bem como a continuidade de pesquisas que discutam essas questões.Referências
Abd-El-Khalick, F. (1998). The influence of history of science courses on students’ conceptions of the nature of science. (Doctoral dissertation, Oregon State University, Oregon). Recuperado de https://ir.library.oregonstate.edu/xmlui/handle/1957/9728
______. (2005). Developing deeper understandings of nature of science: The impact of a philosophy of science course on preservice science teachers’ views and instructional planning. International Journal of Science Education, 27(1), 15–42. doi: 10.1080/09500690410001673810
Abd-El-Khalick, F. & Lederman, N.G. (2000). Improving science teachers’ conceptions of nature of science: A critical review of the literature. International Journal of Science Education, 22(7), 665–701. doi: 10.1080/09500690050044044
Acevedo-Díaz, J. A. et al. (2005). Mitos da Didática das Ciências acerca dos motivos para incluir a Natureza da Ciência no Ensino das Ciências. Ciência & Educação, 11(1), 1-15. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v11n1/01.pdf
Akerson, V. L., et al. (2012). Developing a Community of Practice to Support Preservice Elementary Teachers’ Nature of Science Instruction. International Journal of Science Education, 34(9), 1371–1392. doi: 10.1080/09500693.2011.639100
Akerson, V. L. & Volrich, M. L. (2006). Teaching nature of science explicitly in a first-grade internship setting. Journal of Research in Science Teaching, 43(4), 377–394. doi: 10.1002/tea.20132
Alves, R. (1981). Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo, SP: Brasiliense.
Anderson, E. (2011). Feminist Epistemology and Philosophy of Science. In Edward N. (Ed.) Zalta. The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Recuperado de http://plato.stanford.edu/archives/spr2011/entries/feminism-epistemology/
Angós, T. N. (2010). Participación de Mujeres Científicas em la Construcción de Algunas Teorías Científicas Vigentes em la Tecnociencia Actual. In Atas VII Congresso Iberoamericano de Ciência, Tecnologia e Gênero (1-16). Curitiba, PR. Recuperado de http://files.dirppg.ct.utfpr.edu.br/ppgte/eventos/cictg/conteudo_cd/E1_Participaci%C3%B3n_de_Mujeres.pdf
Bardin, L. (2004). Análise de conteúdo. (3a ed). Lisboa: Portugual: Ed. 70.
Bell, R. L.; Matkins, J. J. & Gansneder, B. M. (2011). Impacts of Contextual and Explicit Instruction on Preservice Elementary Teachers’ Understandings of the Nature of Science. Journal of Research in Science Teaching, 48(4), 414–436. doi: 10.1002/tea.20402
Bell, R. L.; Lederman, N. G. & Abd-El-Khalick, F. S. (2000). Developing and acting upon one’s conception of the nature of science: A follow-up study. Journal of Research in Science Teaching, 37(6), 563–581. 10.1002/1098-2736(200008)37:6<563::AID-TEA4>3.0.CO;2-N
Bogdan, R. & Biklen, S. (1994). Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Portugal: Porto Editora.
Camacho, J. P. (2010). Concepciones del profesorado y promoción de la explicacióncientífica en la actividad química escolar: aportes de un modelo de intervención desde la historia de la ciencia para la enseñanza de la electroquímica. (Doctoral dissertation, Facultadde Educación, Pontificia Universidad Católica de Chile, Santiago). Recuperado de http://www7.uc.cl/sw_educ/educacion/grecia/plano/html/pdfs/biblioteca/DOCTOR/TesisDoctJohCa.pdf
Camacho, J. P. (2013). Concepciones sobre Ciencia y Género en el profesorado de química: aproximaciones desde un estúdio colectivo de casos. Revista Ciência e Educação, 19 (2), 323-338. doi: 10.1590/S1516-73132013000200007
Esteves, S. de A. & Moura, D. G. (2009). Percepções acerca da Ciência e da Tecnologia de alunos de licenciatura em Ciências Biológicas tendo em vista os estudos Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS). In Atas do VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC) (1-13). Florianópolis, SC. Recuperado de http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/1249.pdf
Fausto-Sterling, A. (2000). Sexing the Body: Gender Politics and the Construction of Sexuality. New York, New York: Basic Books. Recuperado de https://libcom.org/files/Fausto-Sterling%20-%20Sexing%20the%20Body.pdf
Firme, R. N.; Amaral, E. M. R. (2008). Concepções de Professores de Química sobre Ciência, Tecnologia, Sociedade e suas inter-relações: um estudo preliminar para o desenvolvimento de abordagens CTS em sala de aula. Ciência & Educação, 14(2), 251-169. doi: 10.1590/S1516-73132008000200005
Garcez, A.; Duarte, R. & Eisenberg, Z. (2011). Produção e análise de vídeogravações em pesquisas qualitativas. Educação e Pesquisa, 37(2), 249-262. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/ep/v37n2/v37n2a03.pdf
Gauthier, C., et al. (1998). Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Ijuí, RS: UNIJUÍ.
Gelstein, S. et al. (2011). Human Tears Contain a Chemosignal. Science, 14(331), 226-230. doi: 10.1126/science.1198331
Gil Pérez, D. et al. (2001). Para uma imagem não deformada do trabalho Científico. Ciência e Educação, 7(2), 125-153. doi: 10.1590/S1516-73132001000200001
Haraway, D. (1995). Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, 5, 07 - 41. Recuperado de http://www.clam.org.br/bibliotecadigital/uploads/publicacoes/1065_926_hARAWAY.pdf
Harding, S. (2010). Gender, Democracy, and philosophy of science. The Pantaneto Forum, 38. Recuperado de http://www.pantaneto.co.uk/issue38/harding.htm
Heerdt, B. et al. (2013). Modelos Científicos e suas relações: noções de professores da área de Biociências. In Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC) (1-9). Águas de Lindóia, SP. Recuperado de http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R0155-1.pdf
Heerdt, B. et al. (2014). Saberes docentes: Gênero, Natureza da Ciência e Educação Científica. (Tese de doutorado, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR). Recuperado de http://www.uel.br/pos/mecem/arquivos_pdf/HEERDT%20Bettina.pdf
Keller, E. F. (2006). Qual foi o impacto do feminismo na ciência? Tradução de Maria Luiza Lara. Cadernos Pagu, 27, julho-dezembro, 13-34. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/cpa/n27/32137.pdf
Lacey, H. (2003). Existe uma distinção relevante entre valores cognitivos e sociais? Scientiae Studia, 1 (2), 121–149. doi: 10.1590/S1678-31662003000200002
Lederman, N. G. (1992). Students and teachers conceptions about the nature of science: A review of the research. Journal of Research in Science Teaching, 29, 331–359. doi: 10.1002/tea.3660290404
Lederman, N. G., et al. (2002). Views of Nature of Science Questionnaire: Toward Valid and Meaningful Assessment of Learners’ Conceptions of Nature of Science. Journal of Research in Science Teaching, 39(6), 497–521. doi: 10.1002/tea.10034
Lederman, N. G., & Abd-El-Khalick, F. (1998). Avoiding De-Natured Science: Activities That Promote Understandings of the Nature of Science. In W. F. MCCOMAS (Ed). The nature of science in science education: Rationales and strategies (83–126). Dordrecht, The Netherlands: Kluwer Academic Publishers. Recuperado de http://web.missouri.edu/~hanuscind/8710/AvoidingDeNaturedScience.pdf
Lima, A. de A. & Núñez, I. B. (2011). Reflexões acerca da natureza do conhecimento químico: uma investigação na formação inicial de professores de química. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 11(3), 209 - 229. Recuperado de http://revistas.if.usp.br/rbpec/article/viewFile/419/278
Liu, H.,& Chen, C. (2002). Promoting Preservice Chemistry Teachers’ Understanding about the Nature of Science through History. Journal of Research in Science Teaching, 39(9), 773–792. doi: 10.1002/tea.10045
Liu, S., & Lederman, N. G. (2007). Exploring Prospective Teachers’ Worldviews and Conceptions of Nature of Science. International Journal of Science Education, 29(10), 1281–1307. doi: 10.1080/09500690601140019
Longino, H. & Doell, R. (1983). Body, Bias, and Behavior: A Comparative Analysis of Reasoning in Two Areas of Biological Science. Signs, 9(2), 206-227. doi: 10.1086/494044
Louro, G. L. (2003). Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes.
______. (2008). Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, 19(2), 56. doi: 10.1590/S0103-73072008000200003
Lüdke, M. & André, M. E. D. (1986). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, SP: E.P.U.
Marcuschi, L. A. (2003). Da fala para escrita: atividades de retextualização. (4a. ed). São Paulo, SP: Cortez.
Mayr, E. (2008). Isto é biologia: a ciência do mundo vivo. São Paulo, SP: Companhia das Letras.
Okasha, S. (2002). Philosophy of science: a very short introduction. Oxford University Press, Oxford, UK.
Ortiz, A. et al. (2013). Noções de professores de Física e Química acerca de alguns elementos da Natureza da Ciência. In Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC) (1-8). Águas de Lindóia, SP. Recuperado de http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R0930-1.pdf
Osborne, J. et al. (2003). What “ideas-about-science” should be taught in school science? A Delphi study of the expert community. Journal of Research in Science Teaching, 40(7), 692–720. doi: 10.1002/tea.10105
Pierucci, A. F. (1999). Ciladas da Diferença. São Paulo, SP: 34.
Rocha, M. et al. (2013). Professores da Área de Humanas e Suas Noções acerca de Modelos Científicos. In Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC) (1-9). Águas de Lindóia, SP. Recuperado de http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R0141-1.pdf
Santana, P. N. P. (2008). Eu não sou de Vênus: uma análise do sexismo em livros de auto-ajuda. In Atas do Seminário Internacional Fazendo Gênero 8, Corpo, Violência e Poder (1-7). Florianópolis, SC. Recuperado de http://www.fazendogenero.ufsc.br/8/sts/ST47/Patricia_Nardelli_Santana_47.pdf
Scantlebury, K. & Baker, D. (2006). Gender issues in science education research: Remembering where the difference lies. In S. Abell & N. Lederman (Ed.), Handbook of research on science education, Lawrence Erlbaum Associates, Mahwah, NJ.
Schiebinger, L. (2001). O feminismo mudou a ciência? Bauru, SP: Edusc.
Schwartz, R. S., & Lederman, N. G. (2002). “It's the nature of the beast”: The influence of knowledge and intentions on learning and teaching nature of science. Journal of Research in Science Teaching, 39(3), 205 - 236. doi: 10.1002/tea.10021
Scott, J. (2005). O enigma da igualdade. Estudos Feministas, Florianópolis, 13(1), 11-30. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/ref/v13n1/a02v13n1.pdf
______. (1995). Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, 20(2), 1 – 35. Recuperado de http://www.observem.com/upload/935db796164ce35091c80e10df659a66.pdf
Sinnes, A. (2006). Three Approaches to Gender Equity in Science Education. Nordina – Nortic Studies in Science Education. 2(1),72 – 83. Recuperado de https://www.journals.uio.no/index.php/nordina/article/view/451/503
Zabala, A. (1998). A prática educativa. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: ArtMed.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A IENCI é uma revista de acesso aberto (Open Access), sem que haja a necessidade de pagamentos de taxas, seja para submissão ou processamento dos artigos. A revista adota a definição da Budapest Open Access Initiative (BOAI), ou seja, os usuários possuem o direito de ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, buscar e fazer links diretos para os textos completos dos artigos nela publicados.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do trabalho e, ao enviar o artigo para a revista, está garantindo que tem a permissão de todos para fazê-lo. Da mesma forma, assegura que o artigo não viola direitos autorais e que não há plágio no trabalho. A revista não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.
Todos os artigos são publicados com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Os autores mantém os direitos autorais sobre suas produções, devendo ser contatados diretamente se houver interesse em uso comercial dos trabalhos.